September 16, 2010
Meu artigo publicado no jornal O Estado
Em 1968, Richard Nixon foi eleito presidente dos Estados Unidos pelo Partido Republicano. Em 1972, desfrutando de enorme popularidade, foi reeleito. No mesmo ano, o jornal Washington Post noticiou um crime cometido por correligionários do então presidente durante a campanha.
Perseguição a adversáriosSeus companheiros invadiram e espionaram a sede do Comitê Nacional do Partido Democrata, de oposição. Algo tão grave como um governo quebrar o sigilo fiscal de adversários para produzir dossiês eleitoreiros. O caso foi batizado de Watergate, nome do edifício onde ficava o escritório democrata.
Em seguida, Bob Woodward e Carl Bernstein, repórteres do mesmo Washington Post, revelaram digitais da Casa Branca no escândalo, com base nas informações de uma fonte apelidada de Garganta Profunda, cuja identidade foi revelada apenas em 2005. Era Mark Felt, ex-vice-presidente do FBI.
Enredado numa trama de mentiras, desmentidos, provas e contraprovas; pressionado pela oposição, pela imprensa vigilante e pela opinião pública, Nixon renunciou em 1974, em troca de anistia para não ser preso.
Os aloprados do PT e a impunidade
Retomo o caso Watergate para fazer um paralelo com o Brasil. Em setembro de 2006, como lembrou o jornal O Estado de São Paulo, na quarta-feira (15), um grupo de petistas foi flagrado tentando comprar um dossiê fajuto contra políticos do PSDB. Com a patota foi apreendido R$ 1,75 milhão. Até hoje ninguém foi indiciado na Justiça e a Polícia Federal, de eficiência cantada em prosa e verso, nunca descobriu a origem dinheiro.
Retomo o caso Watergate para fazer um paralelo com o Brasil. Em setembro de 2006, como lembrou o jornal O Estado de São Paulo, na quarta-feira (15), um grupo de petistas foi flagrado tentando comprar um dossiê fajuto contra políticos do PSDB. Com a patota foi apreendido R$ 1,75 milhão. Até hoje ninguém foi indiciado na Justiça e a Polícia Federal, de eficiência cantada em prosa e verso, nunca descobriu a origem dinheiro.
Os autores da ação ficaram conhecidos como “aloprados”, expressão utilizada pelo presidente Lula para se eximir de qualquer ligação com o episódio. Nixon alegou não saber de nada, mas a imprensa descobriu que dois invasores trabalhavam em seu comitê, igual a Freud Godoy, apontado como chefe dos aloprados, que trabalhava para Lula.
No Brasil…
Pela diferença no desfecho dos casos, não é difícil imaginar como seria se o escândalo Watergate tivesse acontecido no Brasil de hoje. Bob Woodward, Carl Bernstein e o Washington Post seriam classificados de “imprensa golpista”; Mark Felt ficaria marcado como traidor da pátria; a oposição seria acusada de oportunista e desesperada; e os eleitores pouco se importariam, maravilhados com o programa Bolsa Família e o pré-sal. E Nixon? Entraria pra história como um bom presidente e, confiante na impunidade e orgulhoso de sua astúcia, lançaria candidato para tentar sucedê-lo.
Pela diferença no desfecho dos casos, não é difícil imaginar como seria se o escândalo Watergate tivesse acontecido no Brasil de hoje. Bob Woodward, Carl Bernstein e o Washington Post seriam classificados de “imprensa golpista”; Mark Felt ficaria marcado como traidor da pátria; a oposição seria acusada de oportunista e desesperada; e os eleitores pouco se importariam, maravilhados com o programa Bolsa Família e o pré-sal. E Nixon? Entraria pra história como um bom presidente e, confiante na impunidade e orgulhoso de sua astúcia, lançaria candidato para tentar sucedê-lo.
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