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quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Mais uma vez: a esquerda é o paraíso para as demências, delinquências e criminosos.

MÍDIA SEM MÁSCARA

As FARC buscam dotar-se de mecanismos que lhes permitam entrar de novo em contato com governos estrangeiros e com partidos, igrejas e seitas de esquerda e extrema esquerda, com verdes e socialistas e (mais discretamente) com elementos do ETA, Hizbolah e Hamas.
De novo o governo da Colômbia está recebendo fortes pressões internacionais para que ceda ante o terrorismo. Durante sua viagem ao Brasil, o presidente Juan Manuel Santos deve ter captado a mensagem de que precisa discutir com as FARC. "Se não se fala, não se conseguirá a paz", advertiu Dilma Rousseff, a candidata presidencial do partido do governo, quando lhe perguntaram por que Lula não aceita qualificar as FARC de "narco-guerrilha".
Na véspera da chegada de Santos a esse país, a candidata e ex-ministra de 66 anos de idade admitiu, por fim, que as FARC são uma organização "ligada ao crime, ao crime organizado e ao crime de tráfico de drogas" porém, acrescentou, sem empalidecer de vergonha, que Brasília defende de todas as formas a tese de que se deve dialogar com essa organização para"restabelecer a paz na Colômbia".
As sondagens indicam que Rousseff, que durante sua juventude militou em organizações terroristas, tem muitas possibilidades de ser eleita no próximo 3 de outubro.
Ao mesmo tempo, estão montando outros palanques na região para fabricar a imagem de umas FARC dialogantes. A senadora Piedad Córdoba, os chefes do Partido Comunista argentino e alguns ativistas da mesma corrente do México, Honduras e El Salvador, criaram em Buenos Aires um novo "coletivo" com esse objetivo. "O grupo valoriza a disponibilidade das forças insurgentes, como as FARC, de construir uma abertura para o diálogo político. A idéia é poder estabelecer um diálogo entre estas forças e o governo colombiano", disseram.
Tudo isso sob o patrocínio da presidente Cristina Fernández de Kirchner e seu esposo. Piedad Córdoba voltará em setembro a Buenos Aires, para discutir com o ex-mandatário Néstor Kirchner, secretário-geral da União de Nações Sul-Americanas (UNASUL).
Otimista, Piedad Córdoba dá como certo que o presidente Santos entrará no jogo da "abertura". Ao anunciar que se reunirá com ele proximamente, Córdoba agradeceu a abertura de "uma porta" para construir "cenários de paz". O que justifica tal agradecimento? Não se sabe. Santos fez saber, pelo contrário, que não haverá aproximações com as guerrilhas enquanto estas não liberem todos os seqüestrados e cessem suas ações terroristas, abandonem a colocação de minas terrestres e o recrutamento de menores de idade. Dialogar por dialogar não está, aparentemente, na agenda de Bogotá.
Porém, a agitação descrita deve-se a que as FARC estão tratando de reorganizar seu arcabouço internacional. Elas buscam dotar-se de mecanismos transversais que lhes permitam entrar de novo em contato com governos estrangeiros e com partidos, igrejas e seitas de esquerda e extrema esquerda, com verdes e socialistas e (mais discretamente) com elementos do ETA, Hizbolah e Hamas. Uma prioridade é reforçar suas células, visíveis e menos visíveis, nas capitais latino-americanas, européias e do Oriente Médio. Pois esse movimento, relativamente isolado e decapitado, tem muitos de seus quadros mortos, no cárcere e no exílio, embora controle ainda frentes armadas que continuam traficando droga e assassinando onde e quando podem, e preparando novas matanças.
Essa perigosa reorganização depende de um cenário de "abertura". Para lançar à "ação" o que lhes resta, para retomar a iniciativa perdida durante os oito anos passados, querem pôr fim ao esquema utilizado pelo presidente Álvaro Uribe.
Obviamente, tal objetivo é irrealizável se as Forças Armadas da Colômbia prosseguirem com o seu trabalho e o Estado se mantiver alerta sobre as atividades narco-guerrilheiras no exterior. E, sobretudo, se o governo de Juan Manuel Santos rechaçar a noção de "diálogo em meio do combate". Se, pelo contrário, Bogotá cede e retorna a uma política de gestos de "exploração" e de "boa-vontade", como querem os amigos de Piedad Córdoba, as FARC mostrarão esse giro, por mínimo que seja, como a prova de que a Segurança Democrática não tem nada a ver com o governo Santos e como a confirmação de que as FARC não são, nem nunca foram, uma organização terrorista.
Toda aceitação de diálogo, aberto ou secreto, com o governo, ou através de grupos ou agentes "mediadores", ou com organismos de faz-de-conta tipo UNASUL, será exibido como um ato tácito de perdão e esquecimento das atrocidades cometidas pelo bando terrorista. E o obstáculo para reabrir escritórios no estrangeiro terá caído.
As FARC esgrimiram este argumento, com êxito, quando conseguiram a farsa dos diálogos do Caguán. "Se o presidente Andrés Pastrana negocia conosco é porque não somos terroristas", diziam em 2001 à imprensa estrangeira. O périplo do Comissionado para a Paz, Víctor Ricardo, pela Europa com seis altos chefes das FARC, incluindo Raúl Reyes, em fevereiro de 2000, pago com os impostos dos colombianos, foi a expressão mais escandalosa de até onde pode chegar um governo colombiano que cai na onda hipnótica da "abertura" e do "diálogo" com essa gente.
Porém, não pensem que as intrigas descritas mais acima foram em vão. Elas já permitiram às FARC marcar gols contra o governo de Santos: agora não se pode falar do apoio que as FARC recebem na Venezuela e no Equador, os computadores de Raúl Reyes já estão em Quito, o acordo com os Estados Unidos sobre as sete bases militares foi declarado "inexistente", o falso escândalo da "fossa comum" em La Macarena abriu passagem, altos militares continuam sendo vítimas de processo iníquos, a insegurança nas grandes cidades está aumentando e os atentados recentes em Bogotá, Medellín, Neiva e no sul do país, continuam na obscuridade.
Quem sabe em que pé estão as investigações acerca da bomba em Bogotá, atribuída desde"Telesur" por Armando Benedetti, presidente do Senado, e pela senadora Piedad Córdoba a uma misteriosa "extrema direita"? O que se passou com o assassinato em Medellín do dirigente sindical Luis Germán Restrepo Maldonado? Por que esse silêncio covarde ante o atentado perpetrado perto de Currulao, em 31 de agosto passado, do qual saiu ileso Germán Marmolejo, representante legal do Conselho Maior de Curbaradó? Marmolejo faz parte do grupo de Manuel Moya e Graciano Blandón, líderes afro-descendentes assassinados em 17 de dezembro de 2009. Eles haviam denunciado as FARC e duas ONGs por conchavo e concerto criminoso para submeter as comunidades negras.
O silêncio das autoridades e da imprensa frente a estes crimes é similar ao que existe a respeito do frustrado massacre que as FARC e o ETA preparavam contra o presidente Santos e contra a cerimônia de 7 de agosto na Praça de Bolívar.
Este fato gravíssimo não gerou comentário algum do governo. Por que? O momento que a Colômbia vive é particular: grande entusiasmo da população ante os primeiros passos do novo governo e, ao mesmo tempo, uma série de ameaças contra a segurança do país, que poucos parecem advertir. O papel de verdugo que Hugo Chávez tinha, foi assumido esses dias (provisoriamente?) pelo próprio Fidel Castro que, em uniforme verde oliva e mais agressivo do que nunca, disse que a Colômbia é uma "base militar do imperialismo". Essa frase do ditador cubano é uma ordem: todos os ataques contra a Colômbia são indispensáveis e legítimos.
Diante disso, muitos continuam sorrindo, pois a única coisa que vêem é que Fidel Castro está pronto para brincar, com a inevitável Piedad Córdoba, sobre a farsa dos diálogos "pela paz" na Colômbia.
Pela complexidade de sua democracia e de sua vida econômica e social, a Colômbia é um poder de porcelana. Oxalá que nenhum desses energúmenos consiga tocá-la.

Tradução: Graça Salgueiro

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