Material essencial

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

A Petrobras e o Pré-Sal

DIRETO DA REDAÇÃO
Publicado em 22/08/2010


Acabo de ler uma das manchetes que falam da irritação do ministro Mantega em relação a vazamentos relacionados com a Petrobras. Não, leitor(a), nada que tenha paralelo com a tragédia ambiental da BP. Pelo visto, e se entendi bem a situação, a catástrofe é muito, muito pior.

O atual desgoverno, não satisfeito com o elevado teor de embuste em praticamente tudo o que faz e – principalmente – anuncia, quer dar o coup de grâce no finalzinho da era Lulla. É, sem dúvida, mais uma tentativa de demonstrar que faz tudo o que quer e esfrega o que quer no focinho do povo dando gargalhadas. Afinal, no proverbial país do “é assim mesmo” composto de 80% de analfabetos funcionais (índice curiosamente coincidente com o índice de popularidade do atual presidente), who cares?

Enfim… a Petrobras, controlada pelo desgoverno com um terço das ações, propala uma pie in the sky – que, nesse caso precisaria de uma tradução adaptada para o fundo do mar – conhecida como Pré-Sal. Há indícios de que esse óleo exista, mas há muita gente que entende muito mais do assunto do que eu que duvida igualmente, e com a mesma veemência. Não é o caso de entrar nessa discussão, aqui e agora.

O que acontece é que, para prospectar essa torta de óleo nos cafundós das profundezas do mar, a Petrobras não tem dinheiro. Nem ela, nem o desgoverno que a aparelhou, nem ninguém – nem aqui, nem no exterior. Os investimentos necessários, segundo se informa, são de quase 240 bilhões de dólares. (Como paralelo de mensuração, e entre parênteses, a gigante ferida GM anunciou há pouco que pretende lançar ações para captar 15 bilhões de dólares no mercado, o que já é um caminhão de dinheiro, de qualquer ângulo que se olhe para isso; o Bolsa Esmola, outro parâmetro comparativo, custa cerca de 7 bilhões de dólares por ano).

Como sair da sinuca de bico? No caso de uma turma acostumada a dar um nó em pingo d’água depois do outro – e, o que é melhor, impunemente, nada mais fácil. Não há dinheiro? Quanta bobagem! Pode-se pagar perfeitamente com o óleo que ainda está (ou, lembre-se bem, pode não estar) lá embaixo, a milhares de metros de profundidade.

Numa operação dessas, segundo as regras do mercado financeiro, se a Petrobras fizer o que se denomina uma “chamada de capital”, os outros dois terços dos acionistas, pulverizados entre milhares de investidores minoritários brasileiros e estrangeiros, receberão prioritariamente a oferta de comprar o novo lote de ações. E aí surge o pulo do gato potencialmente fatal para o atual equilíbrio das cotas: o desgoverno paga sua fatia (atualmente calculada entre 50 e 100 bilhões de dólares) com um vale-óleo escrito (figurativamente) a lápis. Os acionistas minoritários, para comprar as novas ações, terão que pagar à vista, cash.

O irritante vazamento de que falei acima referia-se exatamente às divergências entre os cálculos do que poderia valer o óleo que está (ou estaria) escondido lá em baixo do oceano, em águas (lembre-se) internacionais. Uma consultoria estabelece de 5 a 6 dólares por barril, enquanto outra acredita em 10 a 12 dólares. De uma forma ou de outra, vai ser complicado para os pequenos manterem sua posição.

Não é à toa que os preços das ações da Petrobras estão despencando, e que a Vale passou a Petrobras em valor de mercado. É como diz o velho ditado: quanto mais alto, maior o tombo. Por isso, é de se perguntar: com esse truque financeiro (que pode ter repercussões nos tribunais), o desgoverno resolveu quebrar a Petrobras? Seria a negra cerejinha do sundae para uma “esquerda” burra (mas metida a esperta como ela só) como a do fazendão. Afinal, é nessa terra que 80% dos habitantes, cegos, aplaudem freneticamente uma certa senhorinha que até há pouco tempo era presidente do conselho de administração da… Petrobras!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Olá internauta

O blog Cavaleiro do Templo não é de forma algum um espaço democrático no sentido que se entende hoje em dia, qual seja, cada um faz o que quiser. É antes de tudo meu "diário aberto", que todos podem ler e os de bem podem participar.

Espero contribuições, perguntas, críticas e colocações sinceras e de boa fé. Do contrário, excluo.

Grande abraço
Cavaleiro do Templo