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segunda-feira, 12 de julho de 2010

A base moral do capitalismo

BALNEÁRIOS OU GULAGS

O capitalismo é o único sistema social e moral, pois é o único que respeita a liberdade de pensar dos produtores e o direito dos indivíduos de definirem seus próprios objetivos e buscar sua própria felicidade. 

Por Robert W. Tracinski



Tradução de Arthur Mc - 09.07.2010


Com a queda do comunismo e o suposto fim da "era do governo grande", muitos comentaristas e políticos reconhecem de má vontade o valor prático do capitalismo. O livre mercado, eles admitem, é o melhor sistema para produzir riqueza e promover a prosperidade. A economia privada é o motor principal de crescimento.

Mas isso não tem levado o capitalismo ao triunfo. Muito pelo contrário: os impostos federais, na percentagem do produto interno bruto estão cada vez maiores desde a 2ª. Guerra; os ataques à competência dos vencedores do livre mercado estão crescendo e a regulamentação federal continua se expandindo. Praticamente em todas as medidas, a interferência do governo no livre mercado cresce cada vez mais.

Se o capitalismo é reconhecido como o único sistema prático e econômico, então por que está perdendo para o controle estatal? A razão é que ninguém, nem da esquerda nem da direita, está disposto a defender o capitalismo como moral. Assim, ambos os lados concordam, qualquer que seja o valor prático do capitalismo, que a moral deve ser regida pela regulamentação do Estado. A única discordância entre as duas partes é sobre o número de regulamentações e sobre a taxa de crescimento.

O que ninguém compreendeu ainda é que o capitalismo não é somente uma prática, mas é também moral. O capitalismo é o único sistema que permite e incentiva plenamente as virtudes necessárias para a vida humana. É o único sistema que garante a liberdade da mente independente e reconhece a inviolabilidade do indivíduo.

Cada produto que mantém e melhora a vida humana é possível graças à forma de pensar dos criadores e dos produtores. Desfrutamos de uma abundância de alimentos, porque os cientistas descobriram métodos mais eficientes de agricultura, tais como adubação e rotação de culturas. Gozamos de uma vida mais longa, o dobro da era pré- industrial, graças aos avanços na tecnologia médica, aos antibióticos, ao raio-X e à biotecnologia, descoberta por médicos e pesquisadores. Nós desfrutamos do conforto do ar condicionado, da velocidade do transporte aéreo, do acesso fácil à informação da Web, porque cientistas e inventores fizeram as conexões mentais cruciais e necessárias para criar estes produtos.

A maioria das pessoas reconhece o direito dos cientistas e engenheiros de serem livres para fazer perguntas, destinadas a buscar novas idéias e criar inovações. Mas, ao mesmo tempo, a maioria ignora o terceiro homem que é essencial para o progresso humano: o empresário. O homem de negócios é aquele que leva as realizações dos cientistas e engenheiros da esfera da teoria e as transforma em realidade, ele tem suas idéias frente às piçarras e fora dos laboratórios, e as coloca nas prateleiras da loja.

Por trás das atividades do empresário existe um processo de investigação racional tão importante como a do cientista ou do inventor. O empresário tem que encontrar a maneira de formar os trabalhadores que irão produzir um produto de qualidade, ele tem que descobrir como reduzir custos para tornar o produto acessível, tem que determinar a melhor forma de comercializar e distribuir seu produto para que ele chegue ao seu comprador potencial, e tem de descobrir como financiar sua empresa de forma que melhor alimente o crescimento futuro. Todas estas questões e muitas outras dependem da mente do homem de negócios. Se ele não for deixado livre para pensar, a empresa perde dinheiro e o produto deixa de existir.

O empresário tem que ter uma dedicação inabalável para com o pensamento, não apenas na solução destes problemas, mas também em como lidar com os outros. Ele tem que usar a razão para convencer os investidores, empregados e fornecedores que seu empreendimento é rentável. Se não conseguir, os investidores levam seu dinheiro a outros lugares, os melhores funcionários o deixam por melhores oportunidades, e os fornecedores darão preferência aos clientes mais dignos de crédito.



A dedicação do empresário à reflexão, à persuasão, e à razão é uma virtude – uma virtude da qual nossa vida e prosperidade depende. A única maneira de respeitar essa virtude é deixar o empresário livre para atuar ao seu próprio juízo. É precisamente isso que o capitalismo faz. A essência do capitalismo é que se proíbe o uso da força física e da fraude nas relações econômicas dos homens. Todas as decisões devem ser deixadas para o "livre mercado". A primeira regra do capitalismo é que todos têm o direito de dispor de sua própria vida e de sua propriedade de acordo com seu próprio julgamento.

A regulamentação governamental, pelo contrário, opera impedindo o pensamento do homem de negócios, subordinando seu juízo aos decretos do governo. Estes funcionários não têm de considerar os resultados em longo prazo -, mas apenas aquilo que é politicamente conveniente. Eles não têm que tomar suas decisões com seu próprio dinheiro ou esforço.  
 
O governo regulador não se limita a mostrar o desprezo pelas mentes de suas vítimas, ele também mostra desprezo por suas metas e valores pessoais.

Em uma economia de livre mercado, todo mundo se rege por suas próprias ambições de riqueza e sucesso. Isso é o que "livre comércio" significa: que ninguém pode exigir o trabalho, esforço ou dinheiro de outro, sem oferecer ao comércio algo de valor em troca. Se ambas as partes do comércio não esperam ganhar, eles são livres para ir para outro lugar. Na famosa formulação de Adam Smith, a regra do capitalismo é que todas as trocas ocorrem “por acordo e benefício mútuo”.

É comum condenar este enfoque como egoísta. Dizer que as pessoas estão agindo egoisticamente, equivale a dizer que elas levam a sério suas próprias vidas, que exercem seu direito de buscar sua própria felicidade. Bem ao contrário do projeto que significa exterminar com o próprio interesse e forçar a todos a trabalhar por objetivos mandados pelo Estado. Isso significaria, por exemplo, que o objetivo de um jovem estudante de ter uma carreira como neurocirurgião deve ser sacrificado porque algum burocrata decretou que há "muitos" especialistas nesse campo. Tal sistema é baseado na premissa de que ninguém é dono de sua própria vida, que o indivíduo é apenas uma ferramenta a ser explorada para os fins da "sociedade". E posto que a "sociedade" consiste em nada mais do que um grupo de indivíduos, isto significa que alguns homens devem ser sacrificados pelo bem dos demais - daqueles que afirmam ser os representantes "da sociedade”. Por exemplo, veja a história da União Soviética.

Um sistema que sacrifica a "sociedade" é um sistema de escravidão de pensamento; sacrifícios e coerção são partes de um sistema de brutalidade. Esta é a essência de qualquer sistema anti-capitalista, quer seja comunista ou fascista. E o "misto" de sistemas - Estado regulador e o bem-estar -, de hoje, se limita a liberar os mesmos males em uma escala menor.

Só o capitalismo renuncia a esses males inteiramente. Só o capitalismo é totalmente fiel aos ideais morais enunciados na Declaração de Independência: o direito do indivíduo à "vida, à liberdade e à busca da felicidade”. Só o capitalismo protege a liberdade individual de pensamento e seu direito à sua própria vida.

Somente quando esses ideais forem mais uma vez levados a sério, seremos capazes de reconhecer o capitalismo, não como um "mal necessário”, mas como um ideal moral.

- Robert W. Tracinski é editor e ativista intelectual - CapitalismCenter

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