26/05/2010
A tentação fascista
David Borensztajn“As massas amam um comandante mais do que um peticionário, e se sentem internamente mais satisfeitas com uma doutrina, sem tolerar qualquer outra além dela, do que usufruindo uma liberdade com a qual, em geral, elas podem fazer pouco, tendendo a achar que foram abandonadas.” (Adolf Hitler)
A maioria dos analistas políticos tenta dar um nome ao que ocorre no Brasil, chegando a cunhar o significante “lulismo” para justificar e exemplificar o carisma do Presidente e dar um sentido ao grau de aprovação que teria junto à população.
Mas poucas vezes vi alguém dizer ou mostrar que podemos estar perigosamente pendendo para uma guinada rumo a um regime fascista, eis que praticamente todas as condições apontadas por Jonah Goldberg e Robert Paxton, especialistas no tema, estariam presentes, faltando apenas uma.
O líder já está aí, obviamente o próprio Luiz Inácio Lula da Silva, o Lula, que fala a linguagem do povo, que comete os mesmos erros de gramática, que ignora as mesmas coisas, que fala palavrões, que transpira em profusão nas solenidades, que se mistura ao povo, enfim, que é do povo, tal qual Hitler, que tinha “a escrita cheia de erros ortográficos e gramaticais pueris”, como citado por Mark Edmundson.
O símbolo, ou símbolos, tal qual tivemos no início do século passado em regimes que deram certo e em outros que não deram, igualmente estão presentes com as bandeiras e camisas vermelhas do PT, aliadas à estrela dourada que, recordemo-nos, ele faz questão de ostentar na lapela dos paletós Armani e nos jardins do Palácio do Governo.
Muito embora ele procure se distanciar, quando lhe convém, do Partido dos Trabalhadores, ele foi o fundador do mesmo e não há como não ligar a imagem dele ao partido, tal qual Mussolini e Hitler. Não se pode esquecer, tampouco, a violência do MST no campo, em qualquer época, e do próprio PT e de seus militantes na cidade, em tempo de campanha política.
O Estado Totalitário aos poucos vai sendo desenhado no Brasil, especialmente agora no ano das eleições, e em que foi levado ao Presidente o famigerado PNHD-3 que ele confessou “ter assinado sem ler”, onde liberdades fundamentais serão cerceadas, e entidades parecidas com os extintos sovietes serão criados, dando-se ao Poder Judiciário, e por tabela ao Ministério Público, um poder apenas de homologador de decisões já tomadas, inclusive por ONGs que participam de “audiências públicas” no Supremo Tribunal Federal, como se de fato representassem a população brasileira, e não interesses ligados ao governo.
A união do grande empresariado ao líder já começou a tomar forma, e há pouco vimos um conglomerado declarar abertamente pela imprensa seu apoio à candidata oficial, seguindo, assim, o caminho traçado por outro grande empresário que paradoxalmente representa uma associação de capitalistas paulistas, mas ingressou num partido dito de esquerda, ou seja, um partido que quer justamente acabar com o capitalismo! Não lembra o que aconteceu na Alemanha pré-guerra onde apesar do discurso anticapitalista de Hitler enormes grupos industriais acabaram por apoiá-lo?
Outros partidos foram cooptados pelo líder já no início do seu governo, pois sabia que precisaria deles, mas serão os primeiros a serem descartados, como os freqüentes expurgos realizados através dos seguidos escândalos que a mídia calada e obediente vai seguindo como novela. Expurgo no PT é coisa de aloprado, nos outros é coisa policial, merecedora do mais alto grau de reprovação.
A “discussão” sobre a política de raça no país, quando se sabe que mais de 50% não é de brancos, também já se enquadra no conceito de fascismo, pois o próprio presidente não veio da elite (que ele cita e critica tanto) e basta comparar fotos mais antigas dele com as atuais para se ver. O termo se enquadra na concepção mais abrangente de multiculturalismo, com as novas palavras “afrodescendente”, e a História sendo recontada para evitar a “humilhação” de populações, bem como o pagamento de indenizações para supostos bisnetos familiares de escravos (não seríamos todos?).
Falta, apenas, para completar o quadro traçado por Jonah Goldberg, o inimigo externo. Lula tentou, com a crise econômico-financeira, depositar o ônus sobre os ombros dos “banqueiros brancos de olhos azuis”, mas deu-se conta de que havia banqueiros negros e asiáticos. Não funcionou.
Na América do Sul não há inimigos. Ou há?
A recentíssima viagem do Presidente ao Oriente Médio mostrou que além do projeto pessoal (mais um) de ser Secretário Geral da ONU, ele tirou da cartola o papel de mágico, termo usado por ele, que vai resolver um problema que se arrasta há alguns séculos, envolve uma disputa política, uma diferença religiosa que beira ao fanatismo por alguns, um jogo geopolítico não à toa denominado desde o século XIX de “Great Game” e mais algumas questões regionais. E tudo isso assessorado por gente que de longe já se vê como antissemita e anti-Israel, o que hoje dá no mesmo, já que um serve como disfarce e eufemismo para o outro.
A recusa dele em ir ao Monte Herzl e ao túmulo de Theodor Herzl, o inspirador da ideia da volta dos judeus para o que hoje é o moderno Estado de Israel, e dois dias depois ir visitar todo compungido, quase às lágrimas, o lugar onde está enterrado Yasser Arafat, terrorista, falso “palestino” (que nasceu em Cairo), que foi joguete da KGB até que se inventasse uma bandeira, um povo e agora tenta-se inventar uma História, foi uma demonstração do que poderá ser o inimigo que falta para a tentação fascista: Israel e os judeus.
Se - ou quando, já que é questão de sobrevivência - Israel atacar o Irã, os poucos judeus da diáspora estarão em segurança? A questão da fidelidade dos judeus ao país em que residem será posta em dúvida ou teremos campanhas para internar todos em campos como já vimos com alemães e japoneses durante a II Guerra Mundial?
No início do ano passado, numa revista de grande circulação, o coordenador da política externa do governo já chamava Israel de “Estado Terrorista” e ainda fazia piadas de mau gosto com judeus. O que espera a comunidade judaica no Brasil no caso de uma nova conflagração no Oriente Médio? Continuarão chamando Lula de “amigo do povo judeu” como até agora?
Mussolini também era amigo dos judeus. Foi até apoiado por judeus no seu início.
Deu no que deu. Vejam Primo Levi na sua magnífica e imortal obra.
A tentação fascista está aí. Os elementos presentes. O Brasil já teve um período em sua História que, se não pode ser chamado de fascista, pode ao menos ser chamado de “governo forte”, o que no entender dos especialistas é parecido, mas não é igual. Nesse período, gente que tentava escapar das garras da Gestapo não teve permissão para ingressar no nosso país.
Não basta agora dizer que o PT é “de esquerda” e o fascismo é “de direita”, pois nazismo é justamente a abreviação de Partido Nacional dos Trabalhadores Alemães, o PT alemão da época, e seu discurso e programa são em muitas coisas idênticos ao do PT brasileiro. Basta ler os dois. O discurso anticapitalista mudou pouco. A figura do líder está presente. O Estado que quer controlar desde onde podemos fumar (outra obsessão hitlerista) até se o aborto é possível, está a cada dia mais invasivo. Os grandes empresários já estão unidos com a figura do grande líder e fazem questão de aparecer com ele. Os outros partidos estão com o governo. Não há oposição de verdade.
O jogo não acabou com o lançamento da pré-candidatura do PT. O Brasil é um país onde se mudam as regras o tempo todo. A questão é se o PT vai ou não aceitar o fato de que sua candidata não subir nas pesquisas. O que acontecerá?
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