IGREJA COMPANHEIRA
Quem te viu e quem te vê? A Igreja no Rio de Janeiro e o Partido Comunista do Brasil poderão ser companheiros de governo. Não, isto não é roteiro de filme de terror ou alguma piada de mau gosto, é o que pode resultar do encontro promovido pela Pastoral dos Católicos na Política, dirigida por Dom Fillipo Santoro, Bispo de Petrópolis, e o Sr. Sérgio Cabral, Governador do Estado do Rio de Janeiro. Salienta-se que a referida pastoral é vinculada à Arquidiocese da Cidade do Rio de Janeiro, e, portanto, é da responsabilidade última do Arcebispo do Rio, Dom Orani Tempesta, daí a importância do encontro.
Na referida reunião, segundo publicado na imprensa, o Sr. Carlos Dias, líder leigo católico, pré-candidato do PT do B ao governo do Estado do Rio de Janeiro, deixaria de concorrer ao pleito, em apoio a Cabral, e, em troca, seria ofertada à Igreja no Rio a indicação do Secretário de Assistência Social. Parece-nos que a referida Pastoral já assimilou bem como é que se faz política no Brasil.
Mas onde entra o PCdoB nesta história? É que os comunistas brasileiros também apóiam a candidatura do Cabral ao governo do Estado. Assim, se o atual governador for reeleito, a Igreja Católica poderá ser companheira dos comunistas. O que lhe parece?
Em que pese o tom jocoso que se possa atribuir aos fatos acima, a atuação da Igreja no Rio neste episódio é coisa séria, e merece reflexão da parte de todos, particularmente, dos católicos fiéis a Roma. Ora, é cediço que acordos políticos devem ser selados com base em princípios e que apoio e participação em governos podem ocorrer desde que haja “identidade de valores” entre as partes envolvidas, e não na base da troca de cargos e interesses menores. É assim que se faz política com qualidade, é assim que dita a norma da boa ética. Desta sorte, a intermediação de Dom Fillipo Santoro, lamentavelmente, acaba difundindo a idéia de que a Igreja Católica, no trato com os agentes do poder público, atua de forma equivalente aos maus políticos, isto é, não para servir a sociedade, mas para dela se servir.
Ademais, a negociação veiculada na imprensa deixa-nos perplexo porque, se concretizada, implicará em apoio da Arquidiocese da cidade do Rio a governo quedefende o aborto, a liberação das drogas (*) e que conta, inclusive, com o suporte do Partido Comunista do Brasil (PC do B). Cabe-nos, então, a pergunta: se não há identidade de valores morais – bem, ao menos aparentemente não há – entre as partes envolvidas em questões cruciais como a da defesa da vida e da repressão às drogas, o que motivaria Dom Fillipo Santoro a negociar a participação da Arquidiocese da cidade do Rio em um governo assim? Qual seria, então, o interesse de Dom Orani Tempesta neste acordo, a quem, em última instância, deve responder a Pastoral dos Católicos na Política? Exceto os negociantes, só Deus sabe.
Outro ponto intrigante é o fato de a Igreja Católica no Rio e o PC do B apoiarem o mesmo governo e poderem vir a ter participação, direta ou indireta, nele. Gramsci deve estar soltando gargalhadas no além e o Papa João Paulo II, quem sofreu e vivenciou o comunismo real, deve estar intercedendo pelos senhores Bispos: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (LC 23, 34).
Esta negociação gera uma profunda tristeza em todos os católicos fiéis a Roma, pois os companheiros alhures dos comunistas, onde tiveram a oportunidade, profanaram os templos, as imagens sacras, assassinaram leigos, religiosos, bispos, tudo sem o menor pudor, e, inclusive, até chegaram a exibir os cadáveres de suas vítimas como troféus. Vale lembrar à Pastoral dos Católicos na Política que milhares são as vítimas dos comunistas. Aliás, aqui ao lado, na Venezuela, por exemplo, a Igreja está sofrendo perseguições, e com o apoio do governo do mencionado país, Nosso Senhor Jesus Cristo é pintado na última ceia repartindo o pão com os maiores sanguinários da história recente e contemporânea (Mao, Che, Marulanda das Farcs, Lênin, Fidel etc.), e Nossa Senhora é retratada empunhando um fuzil russo – é o “Socialismo do Século XXI” batendo à nossa porta.
Assim, enquanto nossos irmãos são perseguidos em outros países, a fé católica é tripudiada e a nossa liberdade é posta em cheque pelos comunistas brasileiros através do malfadado PNDH-03, Dom Fillipo Santoro parece estar disposto a sacramentar acordo que na prática pode colocar a nossa Igreja sentada à mesa com os que professam e planejam a sua própria destruição, e até mesmo a banquetear-se com eles. Agora, para que o apoio surta efeito em votos, será preciso que os católicos desavisados sejam induzidos em erro ou que os atentos sejam convencidos a renunciarem aos valores da vida, da família e a abraçarem a causa da liberação das drogas. Que Deus nos livre e guarde. Amém!
(*) NOTA DO EDITOR: como psiquiatra e psicanalista recomendo especial atenção para este link.
O autor é advogado, membro do IAB (Instituto dos Advogados Brasileiros), Professor de Direito Constitucional e Administrativo, Pós-graduado em Comércio e Finanças Internacionais pela FGV
O autor é advogado, membro do IAB (Instituto dos Advogados Brasileiros), Professor de Direito Constitucional e Administrativo, Pós-graduado em Comércio e Finanças Internacionais pela FGV
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