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terça-feira, 22 de junho de 2010

Democracia colombiana e derrota das FARC

MÍDIA SEM MÁSCARA

A Colômbia se destaca do resto do continente porque lá vige, de direito e de fato, uma democracia plena, onde as campanhas políticas se dão entre partidos de todos os matizes.
O mês de junho vai ficar marcado na história republicana da Colômbia por dois fatos espetaculares: a continuidade de democracia, com a consagração de Juan Manuel Santos para presidente da República, e mais um golpe contundente às FARC com o resgate de quatro oficiais da Polícia e do Exército pelas mãos de competentes militares na Operação Camaleão.
Como nas outras operações que resgataram 15 seqüestrados considerados "valiosas moedas de troca" (Operação Xeque), e com o ataque ao acampamento de Raúl Reyes, um dos mais importantes membros do Secretariado das FARC, na Operação Fênix, começou o declínio do bando narco-terrorista mais antigo de todas as Américas.
A Colômbia se destaca do resto do continente porque lá vige, de direito e de fato, uma democracia plena, onde as campanhas políticas se dão entre partidos de todos os matizes, como pôde-se ver no segundo turno ocorrido no domingo 20, onde disputavam um conservador, Santos, e um destrambelhado ecológico do partido Verde, Mockus. No primeiro turno havia uma diversidade ainda maior, pois concorreram "ex" terroristas, como Gustavo Petro, e Vargas Lleras, de centro-esquerda.
A mídia nacional, como sempre, traz notícias tergiversadas e tendenciosas, como se houvera uma ordem superior para sempre se postular contra a direita conservadora. Numa reportagem feita pela BBC Brasil, dois analistas políticos fazem uma análise dos resultados de ontem e não escondem sua aversão pela continuidade do programa de Segurança Democrática implantado pelo presidente Álvaro Uribe, salientando que "os que votaram em Santos o fizeram como a terceira eleição de Uribe", como se fosse um crime querer a continuidade de um programa exitoso e que devolveu aos colombianos a tranqüilidade de andar nas ruas, viajar, passear, sem o medo de não saber se voltariam para casa. Ora, não é nada disso!
Os que votaram em Juan Manuel Santos o fizeram por ele mesmo, pois sabem que ele foi um dos artífices das exitosas operações já citadas, além de ter-se beneficiado com a Operação Camaleão ocorrida oito dias antes do segundo turno. É como se os colombianos pudessem vislumbrar que a cada dia mais e mais seqüestrados estão sendo resgatados por suas Forças Militares, e isto deve-se ao Plano de Segurança Democrática que Santos prometeu - e tenho certeza de que irá cumprir - dar continuidade, pois sabe que este é um projeto de Estado e que deve ter continuidade até acabar de vez com os bandos terroristas.
Santos herda de Uribe um patrimônio valiosíssimo, que é a confiança reconquistada pelos investidores estrangeiros, uma vez que - ao contrário da Venezuela que expropria empresas privadas todo dia -, com os contundentes ataques às FARC esses empresários já não temem ser seqüestrados como antes, pois os seqüestros foram reduzidos drasticamente e as próprias guerrilhas não atuam como antes nos grandes centros urbanos. A Segurança Democrática "empurrou" as guerrilhas (FARC e ELN) para as montanhas e matas fechadas de difícil acesso e ainda assim, nas cidades fronteiriças aos países onde eles sabem que contam com o apoio e a conivência de seus governantes.
Para se ter uma idéia do legado de Uribe, o Ministério da Defesa apresenta em seu anuário estatístico os números relativos aos delitos mais comuns no país, e é notável perceber o decréscimo da criminalidade. Cito apenas os mais expressivos, mas os dados completos podem ser vistos no próprio site do Ministério da Defesa [1]. Os dados apresentados referem-se ao período de 2002 a 2009: Homicídios: queda de 45%; Seqüestro extorsivo: queda de 87%; Seqüestro simples: queda de 95% (de 749 em 2003, caiu para 53 em 2009); Terrorismo: queda de 61% (de 1.258 em 2003, caiu para 486 em 2009 o número de atentados); Cocaína apreendida: de 47.630 kg de cocaína pura em 1999, a 204.760 kg em 2008, um avanço de 46,7%; Desmobilizados de todos os bandos subversivos: 1.848 em 2003, 3.461 em 2008 e 2.638 em 2009.
E foi nisso que pensou o colombiano quando foi escolher quem iria substituir, como disse Juan Manuel Santos, o maior presidente nestes duzentos anos de independência. O histórico de Santos o credencia a isto pois ele foi parte do governo de Uribe e teve participação nesses resultados. Nem a chuva torrencial, nem os apelos das FARC para que o povo se abstivesse de votar, nem tampouco os jogos da Copa impediram que os colombianos fossem às urnas escolher seu presidente, apesar dos 50% de abstenção.
Santos e Uribe são diferentes embora tenham o mesmo amor por sua pátria e desejem sinceramente o melhor para seus compatriotas. Por isso creio, sinceramente, que a Colômbia não terá um "segundo Uribe" mas um presidente que imprimirá sua marca trilhando o mesmo caminho aplainado pelo maior estadista latino-americano de todos os tempos, Álvaro Uribe Vélez.

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