06.05.2010
Mundo da lua
Marco Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais, e Nelson Jobim, ministro da Defesa, não se entendem quando o assunto é guerrilha e narcotráfico. Questionado pelo ucho.info sobre a participação de criminosos brasileiros no atentado contra um senador paraguaio, dias atrás, Garcia disse que associar os movimentos guerrilheiros aos narcotraficantes é um factóide. “Até aí morreu Neves”, disse o assessor presidencial diante da informação de que a polícia paraguaia prendeu três integrantes do PCC na operação criminosa. Marco Aurélio Garcia alegou que a Polícia Federal há muito colabora com a polícia do Paraguai. Ora, se isso de fato acontece de maneira contínua, alguém errou de maneira vergonhosa no caso do senador.
No contraponto, o ministro Nelson Jobim diverge do assessor especial do presidente Lula da Silva. No intervalo do seminário “Segurança Internacional: Perspectivas Brasileiras”, realizado pela Fiesp na capital paulista, Nelson Jobim conversou com ucho.info. O ministro da Defesa entende que o narcotráfico e a guerrilha têm uma estreita convivência, pois o tráfico de drogas financia as organizações guerrilheiras. Sobre a participação de criminosos brasileiros no atentado contra o senador do Paraguai, Jobim afirmou que é preciso encarar o episódio como um crime transnacional.
No dia 11 de abril, o jornal boliviano “La Prensa” publicou entrevista com Marco Aurélio Garcia, que não descartou a possibilidade de o PCC estar atuando na Bolívia. Sobre a presença do PCC em território boliviano, é preciso recuar no tempo e resgatar alguns fatos. Em 2006, antes dos ataques da onda de terror patrocinada pelo PCC na cidade de São Paulo, o deputado cassado José Dirceu viajou sigilosamente à capital boliviana. Em La Paz, Dirceu se reuniu com o deputado Gabriel Herbas Camacho. Ligado ao presidente Evo Morales, Gabriel é irmão de Marcos William Herbas Camacho, o “Marcola”, considerado no mundo do crime como o número 1 na hierarquia do Primeiro Comando da Capital.
Na tentativa de evitar a convergência dos fatos, o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), relator da CPI do Tráfico de Armas, cumpriu ordens palacianas e não poupou “Marcola” em seu relatório. Mas a farsa montada por Pimenta cairia logo em seguida. Em 2006, integrantes do PPC foram flagrados pela polícia paulista, durante grampos telefônicos, trabalhando para o “mensaleiro” José Genoíno, atualmente deputado federal pelo PT de São Paulo.
Confira abaixo a transcrição de trecho das escutas telefônicas
“É PRA ELEGER O GENOÍNO”
Maria de Carvalho Felício, a “Petronília”, então mulher de José Márcio Felício, ex-líder do PCC, transmite ao preso José Sérgio dos Santos, a quem chama de “Shel”, orientação repassada por um líder da organização sobre as eleições de 2002.
Maria de Carvalho Felício: Ele mandou uma missão pro Zildo (piloto-geral de Ribeirão Preto). Vamos ver se o Zildo é capaz de cumprir.
José Sérgio dos Santos: Tá bom. Você quer passar pra mim ou dou particularmente pra ele?
Maria: Não, não. Ele quer festa (ataques) até a eleição. E é pra eleger o Genoíno. E, ser for o caso, ele vai pedir pro pessoal mandar as famílias não irem nas visitas pra votar, entendeu? Ele falou que um dia sem visita não mata ninguém. Ele falou: “Fica todo mundo sem visita no dia da eleição pra todo mundo votar pro Genoíno”.
Santos: Não, mas isso… Acho que todo mundo… A maioria das mulher de preso… Vai votar no Al? Nunca.
Maria: Então, é pra pedir isso. Se, por exemplo, a mulher vai, daí a mãe, a irmã tudo vota pro Genoíno. Se só a mulher que vota, então essa mulher não vai na visita e vota no Genoíno. É pra todo mundo ficar nessa sintonia: Genoíno.
Santos: E é dali que vem, né?
Maria: Isso. É o (incompreensível)
Santos: Tá bom.
Maria: Tá bom, então?
Santos: Tô deixando assim um boa-tarde aí. Se cuida agora. Vai descansar
(Imagem: Reprodução de tela do pintor colombiano Fernando Botero)
Conhecia esse assunto, mas ele nunca aprecerá na grande mídia chapa-branca. Quem não sabe que o PCC é o braço armado nas prisões do PT não sabe de nada...
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