SÁBADO, 22 DE MAIO DE 2010
O filósofo critica aqueles que “estão acostumados a pensar na linguagem como exteriorização de pensamentos ou idéias”, respondendo que “a linguagem é antes de tudo dar ordens”. Esse senso de direção que a linguagem produz, ao gerar ordens, é a força que o autor nos faz pensar como a conservadora da história humana.
Em seu livro A origem da linguagem, o filósofo Eugen Rosenstock-Huessy (1888-1973) desenvolve uma linha de pensamento baseada na linguagem humana tomada por seu caráter sacramental. E essa idéia poderosa eleva a linguagem mais do que um “produto social”, fazendo-a uma força operante na manutenção da história humana.
Rosenstock-Huessy diz que a linguagem possui “quatro doenças” que se manifestam em quatro formas de vida onde há a ausência de diálogo entre as pessoas. Essas formas de vida são vistas sob o ponto de vista dos fenômenos político-sociais contemporâneos, que são: a Guerra, a Crise, a Revolução e a Decadência.
Quando indivíduos e/ou países estão em guerra, enfrentam uma crise, sofrem uma revolução ou passam por uma decadência, é porque, de alguma forma, diz o filósofo, faltou diálogo e entendimento na sociedade para que esses fatores não ocorressem. Por isso, para que as pessoas não sofram pela falta de comunicação, o filósofo apresenta quatro “remédios” para esses problemas. A Paz, o Crédito, a Ordem e o Rejuvenescimento. A linguagem viva opera nesses caminhos da saúde.
O filósofo critica aqueles que “estão acostumados a pensar na linguagem como exteriorização de pensamentos ou idéias”, respondendo que “a linguagem é antes de tudo dar ordens”. Esse senso de direção que a linguagem produz, ao gerar ordens, é a força que o autor nos faz pensar como a conservadora da história humana.
Através da reflexão do significado dos rituais, cerimônias e vestimentas, ao longo dos milênios, Rosenstock-Huessy apresenta a importância da autoridade e da figura do chefe na hierarquia montada pela língua. Pois é falando que nos fazemos ouvir, mas sem um princípio que estabeleça a ordem na sociedade permitindo a divisão entre alto e baixo, tornamo-nos indivíduos inarticulados em nossa “gritaria”.
Publicado na coleção Biblioteca de Filosofia da editora Record em 2002, o livro A origem da linguagem conta com notas críticas e comentadas pelo editor Olavo de Carvalho.
Fonte da foto: Argo Books
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