MARIA LUCIA VICTOR BARBOSA
Maria Lucia Victor Barbosa
23/05/2010
O presidente Lula da Silva possui como componentes de sua felicidade, primeiro, a fruição das delícias do poder nas quais ele imerge com aquele enorme prazer dos boas-vidas e, segundo, o contentamento que nunca cessa quando se tem uma paixão, sentimento que, aliás, se confunde com obsessão.
A paixão do presidente se concentra em uma meta, o poder, que uma vez conquistado deve ser mantido a qualquer custo. E ele está certo que conservará o domínio através de sua criação política, ou seja, a ex-ministra da casa Civil, Dilma Rousseff, sombra ainda desajeitada do chefe que o marketing, auxiliado por retoques físicos, tenta corrigir e aprimorar
Porém, Rousseff tem algo que nenhum candidato possui: a máquina estatal que fartamente distribui bondades e o padrinho Lula que está todo tempo ao seu lado e estará nos programas eleitorais gratuitos, quer dizer, no palanque eletrônico a partir do qual se consegue influenciar emoções e conquistar corações.
A proteção dada à afilhada é tão grande que é de se perguntar: se ela ganhar, quem governará de fato? A autoritária e dura senhora Rousseff ou o esperto Lula da Silva que concebeu um jeitinho bem brasileiro de obter o terceiro mandato sem se parecer demais com seu querido companheiro e ditador de fato da Venezuela, Hugo Chávez?
Mas o ambicioso Lula quer muito mais. Além de manter os cordéis internos do poder quer ser um dos senhores da “nova desordem mundial”. Para satisfazer sua flamejante paixão trabalham incessantemente assessores também interessados em conservar aqueles privilégios só permitidos aos que alcançam o cume iluminado da montanha dos poderosos.
Com relação à política externa, além da obsessão da diplomacia brasileira pelo assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, entraram em cena outras ambições: a chefia do Banco Mundial ou, principalmente, a secretaria-geral da ONU. Afinal, com bons tradutores o presidente que mal fala português poderia continuar na ONU a contar piadas, fazer gracejos, dar mancadas, viajar bastante e, especialmente, abrir caminho para a “nova desordem mundial” ao lado de companheiros ditadores da pior espécie e ditos de esquerda, os mesmos com os quais ele tem se confraternizado.
A política externa brasileira tem sido uma sucessão de erros e fracassos, pois até agora o Brasil perdeu todos os cargos internacionais que pleiteou. Dirão alguns, que não é bem assim, pois pelo menos Lula da Silva tem sido bastante premiado. Contudo, dizem as más línguas, que tal sucesso é obtido por meios bastante custosos. Além do mais, não está muito claro se o encanto que países importantes sentiram inicialmente pelo folclórico Lula da Silva ainda se mantém.
Um dos fiascos que ensejou o começo do desencanto aconteceu no episódio da intromissão em Honduras, quando em conluio com Hugo Chávez o governo brasileiro apoiou Zelaya e o hospedou por meses na embaixada brasileira. Mas essa aventura em vez de desanimar levou o mentor de nossa política externa, Marco Aurélio Garcia, a sonhar com vôos mais altos. Na sua utopia Lula da Silva deve ser o grandioso mediador de conflitos mundiais, o luminoso líder capaz de resolver todos os graves problemas que anos de esforços diplomáticos de outros experientes governos não conseguiram. Assim, Lula promete que vai dar solução aos complexos conflitos entre israelenses e palestinos.
Mas essa chibantice não basta. Ele tem que provar que é melhor do que os governantes das grandes potenciais mundiais, notadamente, dos Estados Unidos. E, por isso, vai ao Irã, assim como o premiê turco, Recep Tayyip Ergodan, que atropelou o presidente brasileiro ao anunciar em primeira mão que um acordo sobre o programa nuclear iraniano fora alcançado em negociações nas quais o Brasil participara.
Já Ahmadinejad bajulou Lula ao dizer que este é seu “bom amigo” e “irmão”, que “Brasil e Irã compartilham valores morais”. “Somos contra a discriminação, o preconceito, a agressão a tirania” disse o astucioso iraniano. Mas, enquanto ele destilava sua hipocrisia, dissidentes eram presos, torturados, enforcados, minorias religiosas perseguidas, como os bahais, assim como outras minorias sociais, sem falar na situação das mulheres que regrediu ao século treze.
Depois de muito foguetório, porém, o tal acordo sobre o programa nuclear iraniano se mostrou uma farsa, pois logo depois de assinado disse um porta-voz da Chancelaria iraniana que o país continuará a enriquecer urânio. Quanto as sanções em estudo a serem impostas por outros países levaram Ahmadinejad ao riso e ao deboche, pois ele conhece bem as artes e manhas de como burlá-las conforme seu hábito. E assim, lá para 2013, calcula-se que o iraniano poderá ter sua sonhada bomba atômica cujo primeiro alvo, conforme sua idéia fixa deverá ser Israel.
Tudo isso significa que Lula da Silva deve estar muito orgulhoso de sua valiosa colaboração a tão importante projeto de destruição em massa, assim como de poder participar da “nova desordem mundial” pretendida pelo “irmão” Ahmadinejad. Isso se sobrar alguma coisa.
Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.
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