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segunda-feira, 17 de maio de 2010

FARC NO BRASIL - pelo Estadão (para quem confia SÓ na grande míRdia nacional)

Finalmente a míRdia afirma o que a Graça Salgueiro, Olavo de Carvalho, Heitor de Paola, Arlindo Montenegro, Percival Puggina e tantos outros sabem há 20 anos:

AS FARC ATUAM LIVREMENTE NO BRASIL.

Claro, estão "associadas" ao PT no FORO DE SÃO PAULO.

Leiam abaixo, dica da Graça Salgueiro:


http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,captura-de-guerrilheiro-pela-pf-em-manaus-revela-base-das-farc-no-brasil,552330,0.htm

Captura de guerrilheiro pela PF em Manaus revela base das Farc no Brasil

Segundo investigação, grupo rebelde colombiano tem invadido sistematicamente o território brasileiro


15 de maio de 2010 | 22h 35
Rodrigo Rangel, de O Estado de S.Paulo
MANAUS - Um relatório sigiloso produzido pela inteligência da Polícia Federal joga por terra o discurso do governo brasileiro de que as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) não agem do lado de cá da fronteira.
De acordo com o documento, datado de 28 de abril deste ano, a guerrilha colombiana não só tem violado sistematicamente a fronteira Colômbia-Brasil como tem utilizado o território brasileiro para seus negócios, especialmente o narcotráfico.
A conclusão faz parte do relatório final da investigação que levou à prisão, no último dia 6 de maio, de José Samuel Sanchez, o "Tatareto", apontado pela PF como integrante da Comissão de Logística e Finanças da 1.ª Frente das Farc, um dos mais importantes destacamentos da guerrilha colombiana.
Rádio enterrado
O grupo que trabalhava na base brasileira utilizava conhecidas técnicas das Farc. O sistema de comunicação que Tatareto mantinha em seu sítio, perto de Manaus, era acionado em horáriospré-determinados para contatos com a guerrilha na Colômbia: 7h, 12h e 17h. Na maioria das vezes, os diálogos eram codificados.
A exemplo do que as Farc fazem na selva colombiana para esconder armas e drogas, os dois aparelhos de rádio-comunicação ficavam enterrados, dentro de um tonel. A antena, que não costuma ser nada discreta, repousava, cuidadosamente camuflada, entre as copas de duas árvores.
Tatareto - "gago", em espanhol - foi preso com mais sete pessoas. Ele é acusado de comandar uma importante rota do tráfico que usava rios da Amazônia para fazer chegar a Manaus carregamentos de cocaína produzida na selva colombiana pelas Farc. Da capital do Amazonas, a droga era distribuída para outros Estados brasileiros e para a Europa.
A PF afirma que a guerrilha, cada vez mais encurralada na Colômbia pelas operações militares do governo de Alvaro Uribe, chegou a estabelecer bases em plena Amazônia brasileira. Diante da responsabilidade pela arrecadação de recursos para as Farc, diz o relatório, Tatareto "transferiu sua base operacional para o território brasileiro, de onde poderia coordenar (as atividades) com mais tranquilidade, sem o perigo do confronto armado frequente com as forças oficiais da Colômbia".
Os investigadores mapearam as duas mãos do esquema: as Farc enviam coca da Colômbia para o Brasil e, no sentido inverso, os recursos obtidos com a venda da droga são remetidos para acampamentos da guerrilha na Colômbia, seja em dinheiro vivo, seja na forma de mantimentos e insumos para refino da coca comprados em território brasileiro. "Tatareto disponibiliza parte dos recursos para a aquisição de mantimentos e logística em geral (combustível, produtos químicos, etc) que são comprados em Letícia (do lado colombiano) e destinados ao seu pessoal na selva", afirma a PF.
As cargas, aponta o relatório, são transportadas por balsas colombianas que fazem o trajeto regular entre as cidades colombianas de Letícia e La Pedrera, passando pelo território brasileiro. Uma das embarcações, a "RR Camila", pertence ao colombiano Carlos Emilio Ruiz, preso em Bogotá por ligação com as Farc.
"Investimentos"
A mesma investigação descobriu investimentos consideráveis do grupo de Tatareto no Brasil. Também com o dinheiro amealhado com o comércio da coca, os colombianos compravam terrenos e barcos de pesca. Até empresas chegaram a ser abertas para "gerenciar" o patrimônio e acobertar as atividades ilegais. Nada era registrado em nome de Tatareto.
"Como membro da Comissão de Logística e Finanças da 1.º Frente das Farc, José Samuel Sanchez investe grande parte dos lucros provenientes das drogas na compra de barcos pesqueiros, os quais são colocados em nome de Carlos Rodrigues Orosco", diz o relatório da PF.
Para os investigadores, Carlos Orosco, ou "Carlos Colombiano", era uma espécie de testa-de-ferro de Tatareto. É em nome dele que estão tanto as empresas quanto os terrenos de propriedade do grupo. Uma das empresas é o Frigorífico Tefé Comércio e Navegação Ltda.
Registrado formalmente em 1998 - indicação de que o esquema da guerrilha em solo brasileiro pode estar em operação há mais de uma década -, o frigorífico servia para maquiar os carregamentos da droga, que navegava da região da fronteira com a Colômbia até Manaus escondida debaixo de camadas de peixe.
Na Junta Comercial do Amazonas, o frigorífico, cuja sede é um flutuante ancorado na orla de Tefé, no interior amazonense, aparece com um capital social de R$ 80 mil.
A fachada montada para dar ares de legalidade ao esquema vai além. O Estado levantou outras duas firmas relacionadas ao grupo. Carlos Colombiano, que também foi preso, figura ainda como proprietário dos barcos pesqueiros adquiridos pelo grupo. Ele chegou a ter cinco embarcações em seu nome - algumas delas, de grande porte, podem custar até R$ 250 mil.
Em nome do "testa-de-ferro" de Tatareto estão também pelo menos dois sítios. Um deles, à margem de um igarapé nos arredores de Manaus, tem área equivalente a 92 campos de futebol e era usado como base de comunicação com as Farc na Colômbia.
O documento de posse do terreno, em nome de Carlos Colombiano, foi apreendido pela PF no carro de Tatareto, que nas conversas gravadas pela polícia diz que a propriedade é sua. Outro imóvel, foi comprado e revendido recentemente. À PF, Carlos Colombiano disse tratar-se de "investimento".

Status da guerrilha junto ao governo cria dilema para agentes

Leia a análise de Rodrigo Rangel

15 de maio de 2010 | 22h 54

Rodrigo Rangel, de O Estado de S.Paulo
Ninguém fala abertamente, mas a posição hesitante do governo brasileiro em relação às Farc coloca em situação difícil os órgãos de segurança que, de alguma maneira, esbarram nas ações da guerrilha por aqui. Os investigadores se veem diante de um incômodo dilema. Avançar ou não? E se o governo não gostar?
No caso da operação que resultou na prisão de José "Tatareto" Sanchez, a justificativa já estava pronta com antecedência: se superiores pedissem satisfações, era só dizer que o colombiano fora flagrado traficando em território brasileiro. "Ele não foi preso porque é das Farc, foi preso porque é traficante e eu estava no cumprimento de meu dever", afirmou ao Estado, sob a condição do anonimato, um investigador que atuou no caso.
A razão da preocupação é simples. Desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu o Palácio do Planalto, o tema Farc é tabu. Brasília resiste firmemente às pressões de Bogotá e de Washington e não admite a possibilidade de classificar a guerrilha colombiana como organização terrorista. Em troca, as Farc dão mostras de que confiam no governo brasileiro: em duas oportunidades, a guerrilha aceitou que aeronaves militares do Brasil acompanhassem a Cruz Vermelha em delicadas missões de resgate de reféns na selva.
Para não entrar na briga, o governo argumenta que a guerrilha é um problema interno da Colômbia e que, por essa razão, não deve se intrometer.
O PT e a guerrilha já estiveram juntos no célebre Foro de São Paulo, conclave que reúne organizações de esquerda de toda a América Latina. É de lá a amizade que levou Raúl Reyes, número dois da guerrilha morto há dois anos num ataque militar da Colômbia, a escrever em 2003 ao recém-empossado Lula em busca de apoio para a causa das Farc. A mesma amizade permitia a Reyes manter contatos regulares via e-mail com alguns petistas, de dentro e de fora do governo.
É bem verdade que a guerrilha esperava mais de Lula. Talvez o mesmo apoio explícito que recebe de Hugo Chávez. Mas ela também não pode reclamar. Que o diga Olivério Medina, o padre das Farc a quem o Brasil concedeu refúgio político a despeito de sucessivos pedidos de extradição formulados pela Colômbia, onde ele é acusado de homicídio e sequestro.
Nessa simpatia envergonhada do governo pode estar a explicação para o fato de, mesmo diante de tantas evidências, ter demorado tanto tempo para que se mapeasse, para valer, a ação das Farc em território brasileiro.

Serviço antiterror mapeou Rota Solimões

Depois de quatro anos de investigação da Superintendência de Manaus, comando de Brasília ajudou na fase final da operação contra as Farc

15 de maio de 2010 | 22h 57

Rodrigo Rangel/AE
Rodrigo Rangel, de O Estado de S. Paulo
MANAUS - O governo brasileiro reluta em classificar as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) como uma organização terrorista, mas, por ironia, foi o Serviço Antiterrorismo da Polícia Federal um dos principais responsáveis pela operação que resultou na prisão de José Samuel Sánchez, o "Tatareto", e no mapeamento das bases operacionais das Farc no País.
A investigação sobre a rota do tráfico já se estendia por quatro anos na superintendência da PF no Amazonas. Quando surgiram os primeiros indícios da conexão com as Farc, agentes do esquadrão antiterror de Brasília foram acionados e passaram a auxiliar no caso. Aos poucos, o Serviço Antiterrorismo esquadrinhou a ousadia do grupo no Brasil. Foram localizadas pelo menos duas bases de operação.
"O curso das investigações, desenvolvidas sob a denominação Rota Solimões, deixou claro que a organização criminosa formada principalmente por colombianos trasladou suas bases operacionais para território brasileiro, aproveitando a vastidão da zona de fronteira pouco guarnecida para se homiziarem (esconderem) das ações do governo colombiano", diz a PF.
Pelo relato da polícia, fica claro que o território brasileiro não era um ponto de passagem, mas uma base fixa para gerar recursos para a guerrilha.
"Ficou evidente que a produção, o transporte e a distribuição se dão inteiramente em território nacional, mais especificamente no Estado do Amazonas", diz o texto.
Os papéis da investigação indicam que Tatareto também possuía um laboratório de refino de coca do lado brasileiro.

Dinheiro seguia em espécie e via 'laranjas'

Valores eram depositados, em Manaus, em contas de "laranjas" residentes em Tabatinga, na fronteira com a Colômbia


15 de maio de 2010 | 22h 54
Rodrigo Rangel, de O Estado de S. Paulo
MANAUS - No relatório sobre a operação que desbaratou a base da narcoguerrilha Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) na região de Manaus (AM), a Polícia Federal detalha os caminhos do dinheiro do Brasil até o território colombiano.
Quando não seguia em espécie, em mãos de portadores da confiança de José "Tatareto" Sánchez, os valores eram depositados, em Manaus, em contas de "laranjas" residentes em Tabatinga, na fronteira com a Colômbia.
O documento da PF chama atenção para a "violação do território brasileiro através da imigração ilegal com a utilização de documentação falsa". Ele também menciona a "transferência da cultura da violência e do narcotráfico para as populações indígenas e ribeirinhas".
Tatareto, que a polícia aponta como o chefe da conexão Farc-Brasil, está no País há pelo menos dois anos. É um homem de múltiplas identidades.
Documentos falsos
Na Colômbia, ele usava dois nomes diferentes. Aqui, mesmo sem falar português, se passava por brasileiro. Graças a uma certidão de nascimento forjada num cartório de Tefé, conseguiu tirar RG e CPF e passou a viver como Daniel Rodrigues Orosco.
No papel, o "personagem" que Tatareto assumiu para encobrir sua real identidade é irmão de Carlos Colombiano, outro que se apresenta como brasileiro apesar do sotaque carregado e dos documentos, que a polícia acredita serem falsos.
Um terceiro alvo da investigação, o também colombiano Nestor Raúl Rodríguez Sánchez, é prova do fluxo financeiro do esquema e da maneira como as Farc veem no Brasil uma zona livre para agir.
Em 2007, quando seguia de Manaus em direção à Colômbia, ele foi preso com o equivalente a US$ 500 mil. O dinheiro, em notas de dólares e euros, estava escondido dentro de uma caixa de som.
Não se sabia origem nem destino dos recursos. Havia apenas suspeita de ligação com as Farc porque, ao reconstituir os passos de Nestor antes do flagrante, no sistema de vídeos de uma loja os agentes descobriram que ao comprar o som ele estava em companhia de Mauricio Bravo, irmão de Alfonso Rodríguez Bravo, o "Martín Boyaco", conhecido integrante da guerrilha.
Nestor acabou libertado. E estava livre até a semana retrasada, quando foi detido novamente na operação que prendeu Tatareto.
Problema novo
Nos cenários da PF, o narcotráfico das Farc tomou lugar dos outrora famosos cartéis colombianos. "Será um problema para nós daqui para frente. Como as Farc são hoje cada vez menos uma organização guerrilheira e mais uma organização voltada para o tráfico, a tendência é que esse problema atinja o Brasil de maneira mais intensa nos próximos anos", diz uma fonte com acesso à investigação.

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