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quarta-feira, 12 de maio de 2010

BUFÕES E PRESIDENTES

ViVerdeNovo

QUARTA-FEIRA, 12 DE MAIO DE 2010

NOTA INTRODUTÓRIA DESTE BLOG:

O Estadão noticiou em 8 de Maio, que a candidata verde do Brasil, cancelou uma visita à Colombia, onde encontraria o candidato verde daquele país, um sujeito sui generis. A visita gorou, porque o colombiano teria recebido uma ameaça de morte. No dia 11, encontramos um perfil do sujeito, assinado pelo cubano Carlos Alberto Montaner, nas páginas do Diario del Exterior, cuja tradução publicamos logo abaixo.

Como o perfil psicológico feito por Montaner contém muitos traços de políticos que conhecemos, consultei a blogueira especialista em assuntos latinos, sobre o artigo e sobre o candidato Mockus. A resposta começa por dizer que Montaner "ateve-se à periferia e omitiu-se de falar sobre coisas mais graves ditas por aquele demente"(Mockus) ...

"ele disse abertamente que "apreciava Chávez", notório inimigo da Colômbia por ser amigo das FARC; disse não ver razão de existirem Forças Armadas - como na Costa Rica -, o que mais uma vez favorece às FARC; disse que extraditaria o presidente Uribe, o general Freddy Padilla (comandante das Forças Militares), o general Naranjo (comandante da Polícia) e Juan Manuel Santos (à época, ministro da Defesa), caso em sua gestão o Equador os peça, para julgar pelo ataque ao acampamento de Raúl Reyes. Óscar Arias se vangloria de não haver Forças Armadas na Costa Rica, mas eles não enfrentam uma guerra tão sangrenta quanto antiga como na Colômbia!"

"Chávez está abertamente fazendo campanha para aquele sujeito, na Venezuela e até mesmo DENTRO da Colômbia. Dá para entender? Outro fato que Montaner não mencionou - e é grave -, é que Mockus é portador de Mal de Parkinson, doença neurológica incapacitante. Como ficará o governo caso ele seja eleito? Brinca-se com coisa seríssima, como é governar um país que enfrenta uma guerra real, sangrenta e que tem matado e mutilado milhares de seus cidadãos pelas mãos das FARC e de bandos narco-terroristas menos influentes".

Tudo isto é de conhecimento público na Colômbia e está publicado em revistas, entrevistas e vídeos. Com agradecimentos a Graça Salgueiro, pela importante informação complementar, vamos ao que diz Montaner:

ELEIÇÕES NA COLÔMBIA
Por Carlos Alberto Montaner

Antanas Mockus, o candidato que lidera as pesquisas para as próximas eleições na Colômbia é um homem curioso. Lí que em lituano o nome dele se traduz como Antonio Moisés. Mockus tem algo mais, é cativante. Carrega uma fama bem conquistada de gênio matemático e de funcionário honrado. Passou gloriosamente pela Prefeitura de Bogotá por duas vezes, deixando um rastro de eficácia extravagante.

O problema é que há um quebra cabeças pessoal, um inquietante fragmento para alguém que se propõe ser Presidente do país. Do ponto de vista clínico, Mockus exibe um claro transtorno de personalidade: é um histrião, fanfarrão, farsante. Deixa-se fotografar vestido de Superman, baixou as calças e mostrou o traseiro para os estudantes que o vaiavam impedindo-o de falar numa assembléia, na condição de Reitor e não sei por que, (não é fácil explicar uma coisa dessas), urinou publicamente no gramado da universidade e casou-se no picadeiro de um circo. Tudo está registrado, documentado pela imprensa, salvo outros episódios parecidos.

É preocupante ter um presidente que sofre de histrionismo? A psiquiatria americana, que dita a pauta destes assuntos, aponta o histrionismo como um dos muitos transtornos da personalidade e o trata com psicoterapia ou com anti depressivos controladores do fluxo de serotonina. O histrionismo é parente ridículo do exibicionismo e da histeria colérica. Também aparece nas personalidades narcisistas. Segundo os estudiosos é praticado por pessoas egoistas, com pouco sentimento de amor ao próximo. Geralmente pessoas carentes dos mecanismos de inibição. Pessoas que desconhecem o senso do ridículo, sempre dispostas a chamar a atenção a qualquer custo.

Por que procedem assim? A hipótese mais difundida, indica pessoas que desenvolveram egos gigantescos para compensar traumas de infância, mas tudo isto soa como jargão freudiano. Na realidade, não se sabe. É simples, existem pessoas assim. A história contemporânea é muito rica em histriões famosos, cheios de talento. Salvador Dali é o exemplo mais conhecido. Com bigodões, olhar de maluco, suas tiradas constantes enriqueceram as tertúlias dos cafés europeus durante décadas. Era um genio gracioso convertido em excêntrico profissional.


Dalí começou sua carreira de grande histrião, quando André Breton lançou a estética e a ética do surrealismo. O surrealismo, entre outras coisas, era a literatura afetada pelo histrionismo e pelo discurso psicoanalista. Naquele tempo, Ramón Gómez de la Serna, fez uma conferência montado num elefante. Duas gerações mais tarde, Andy Warhol inaugurou uma variante do histrionismo: misturou uma insólita dose de timidez com um gesto supremo de aborrecimento. A variante surrealista se havia dissolvido na arte pop. De certo modo, Mockus é a expressão política do surrealismo. Não será acusado de liberal e sim de neo surrealista.

A pergunta que fica é se o histrionismo incapacita ou não para exercer a presidência. Temo que sim. Uma coisa é divertir-nos e rir com um Oscar Wilde fazendo uma conferência vestido num calção curto de veludo e com um gladíolo na lapela. Outra coisa muito diferente é ver o presidente do país vestido em traje semelhante, enquanto passa as tropas em revista. No fim das contas, entre as vintenas de estadistas conhecidos, desde Churchil até Mandela, passando por Rómulo Betancourt ou Óscar Arias, para falar dos nossos, nenhum era histrião. Todos tinham o senso do decoro apropriado á responsabilidade do mando e representação de seus compatriotas.

Em todo caso, Mockus não seria o primeiro presidente histrião da região. A esta tribo pertencem pessoas ideologicamente muito diferentes dele, mas aparentadas na patológica paixão por ser o foco principal das atenções: Hugo Chávez e Fidel Castro são dois bons (ou maus) exemplos. Perón é outro.Mais que gobernar, os presidentes histriônicos atuam para a galera. Estão mais ligados ao gesto que ao conteúdo. Vivem para surpreender, para deslumbrar a sociedade, para zombar dos adversários e para ser admirados. São como fógos de artifício: um intenso clarão e logo a escuridão e o silêncio. Isto não é bom.

Fonte: El Diario Exterior, 11/Maio/10
Tradução: A. Montenegro

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