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quinta-feira, 1 de abril de 2010

A PÁSCOA E O PAPA

MEU CATOLICISMO

31 DE MARÇO DE 2010


Reproduzo carta que recebi de um amigo (que solicitou para permanecer anônimo) e que é por demais relevante para compreender o espírito desta conturbada quaresma para nós Igreja.
“Porque, eis que te ponho hoje por cidade forte, e por coluna de ferro, e por muros de bronze, contra toda a terra, contra os reis de Judá, contra os seus príncipes, contra os seus sacerdotes, e contra o povo da terra. E pelejarão contra ti, mas não prevalecerão contra ti: porque eu sou contigo, diz o Senhor, para te livrar."

Jeremias 1, 18-19.

Nestes últimos meses e, de uma forma peculiar, nesta última semana, por certo que todos fomos arrematados pela brutalidade dos casos de supostos abusos sexuais envolvendo nomes do baixo e do alto clero. Se a incômoda declaração do Pe. Gabrielle Amorth havia dilacerado uma fenda de insegurança ante as colinas da Santa Sé, os escândalos ligados aos abusos tão somente fizeram expandir e majorar o receio, a incredulidade e a descrença. O dissenso somente pode atingir seu zênite quando oThe New York Times afirmou categoricamente que o Santo Padre havia encoberto casos de pedofilia quando prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.

Se o fidei defensor estava com as mãos pontualmente envolvidas no lamaçal, o que esperar da Igreja? Onde repousaria, verdadeiramente, a moral tão apregoada pela mesma?

Deve-se, neste momento, tecer uma importante reflexão: a Igreja é, nas atuais circunstâncias, a única instituição a nível global com poder suficiente para deter, ou ao menos retardar, certas correntes. O Papa é seu chefe terreno, o "vice Cristo" nas palavras de São Josemaría Escrivá, a mais elevada autoridade da mesma no plano terrestre. É, por natureza, a vítima perfeita.

Teçamos, agora, uma segunda consideração: o que se pode imaginar ou dizer do bilionário lobby abortista, que anualmente arrecada bilhões pelo mundo como, a Planned Parenthood, ávida pela abertura de novos mercados no terceiro mundo? E a condenação a eutanásia, prática tão interessante e lucrativa para a indústria médica (?) e farmacêutica? E a alta rentabilidade das indenizações por abusos nos Estados Unidos? E a condenação à obsessão doentia pela beleza, que tanto lucra e vende? Estes são apenas alguns pontos, dentre dezenas, muito provavelmente centenas, que trazem a tona e apontam a clara existência de uma articulação global contra Bento XVI enquanto influente autoridade moral.

É preciso que desfaleça a última autoridade, a última voz que ecoa pelo globo e que impede o progresso, o lucro espúrio e a consolidação de uma nova forma de poder e vida assentada em realidades antinaturais e gravemente danosas a dignidade humana. Quão bom seria, entretanto, se tais fatos fossem uma mera teoria da conspiração. Interessante apontar que o semanário alemão Der Spiegel ofereceu, semana passada, um milhão de euros para quem acusasse diretamente Bento XVI.


E o The New York Times, que motivou a manifestação de dezenas de tantos outros jornais pelo mundo, convocando a renúncia de Bento XVI (!)? Curiosamente a mesma mídia omitiu largamente todas as declarações em favor do pontífice, como a do arcebispo de Sidney, do porta-voz do Vaticano, Pe. Federico Lobardi SJ, da CNBB em nível nacional, e as provas contundentes de que o mesmo, enquanto prefeito da já aludida congregação, foi quem mais lutou contra os asquerosos e nojentos desvios de conduta que hoje maculam o clero da Santa Mater.

Mas é fato que esta artimanha, dinheirista e traiçoeira, não triunfará. Não triunfará na medida em que fracassou a tentativa de polemizar com a participação do Santo Padre na Juventude Hitlerista (o que era obrigatório, à época), desfalecerá na proporção em que se tentou criar um diz-que-diz a respeito da Encíclica Dominus Iesus (isso em 2000), que apenas ratificou o pensamento de 21 séculos de Igreja. Para cada centena de opositores haverá outra centena de apoiadores, pois como escreveu Tertuliano: "o sangue dos cristãos é gérmen de novos cristãos".

Por fim, chego onde gostaria: nesta Semana Santa, e especificamente nesta Sexta-feira Santa e Domingo de Páscoa, não poderá haver mais nobre união, mais contundente afetuosidade com Cristo, do que o compartilhamento da tristeza, do sofrimento e da amargura pela qual atravessa a cabeça máxima da Igreja Católica Apostólica Romana.Este ano a Paixão não é apenas a Cristo, mas também de Bento XVI. Rezemos e façamos algo concreto pelo Sumo Vigário, envolto em dificuldades mil em um mundo onde o jejum tornou-se uma oportunidade de dieta, os dias santos simples feriados para a realização de trivialidades quaisquer, e o simbólico chocolate, a máxima redenção. A defesa papal revela-se tão importante quanto na França de Napoleão, quanto na Roma de Nero e na Itália de Vitorio Emanuele II.

Desejo uma reflexiva, abençoada e feliz páscoa sob a piíssima intercessão de Maria, Mãe de Deus e nossa.

Com meus mais sinceros votos,

XX

"Tu es Petrus et super hanc petram ædificabo Ecclesiam meam et portæ inferi non prævalebunt adversus eam".

Iesu Christo in Sancte Matthæus. XVI, 18

"Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela".

Jesus Cristo em São Mateus. XVI, 18

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