ISRAEL A FAVOR DE ISRAEL
04/04/2010
Existe algo de muito errado com a cabeça de uma pessoa que se preocupa muito mais com um judeu que constrói uma casa em Israel do que com um muçulmano que constrói uma bomba atômica no Irã
BERT PERLOTZKY
Perlotzky se referia a Obama, mas em terra brasilis temos algo pior: Lula, ‘o que está convencido que nasceu com o vírus da paz’ e Demétrio Magnoli, que está convencido que se convenceu em estratego. O vírus do Lula está se espalhando rapidamente! Vírus estranho este, que fala em paz e recebe com honras – e retribuirá – a visita de um candidato a genocida que nega o Holocausto nazista provavelmente porque quer perpetrar ele mesmo o maior dos Holocaustos. Lula se nega a visitar o túmulo do fundador do sionismo, um homem de paz, que jamais matou ou mandou explodir ninguém e, em contrapartida, visita o do Arafat, um terrorista, assassino, ladrão e pervertido que estimulava crianças e adolescentes a se prepararem para explodir o próprio corpo para matar judeus.
Pois agora vem Magnoli dizer (Israel contra Israel, O Globo, 1° de abril de 2010) que o maior problema de Israel é ....... Israel! Que gênio em estratégia! O maior inimigo de Israel não é Ahmadinedjad, nem são os terroristas palestinos, muito menos os mísseis que caem no Sul do País diariamente, nem mesmo o anti-semitismo que renasce feroz sob a forma de antisionismo. Nada disto, é Benjamim Netanyahu! Enquanto os mísseis enviados da Faixa de Gaza caem, o que faz Bibi? Oh, que horror, constrói casas!
Inicialmente o novel estratego diz que a construção de casas é uma sabotagem das negociações de paz e que ‘esta estratégia inflexível atinge interesses vitais dos EUA, no chamado Grande Oriente Médio’. Sim, e daí? Por que razão Israel deveria colocar os ‘interesses vitais’ dos EUA acima dos seus próprios? Talvez porque os EUA sejam os maiores aliados de Israel? Certamente o são, mas é uma aliança bastante atribulada desde o início: com a saída dos britânicos da região o Governo Provisório de Ben Gurion pediu reconhecimento internacional e acenou com a partilha do território. Truman era favorável e garantiu isto a Chaim Weizman, enquanto o Departamento de Estado, contrariando a palavra do Presidente, votava a favor da entrega do território à custódia da ONU. Segundo Richard Holbrooke (Washington's Battle Over Israel's Birth) esta controvérsia não se deu apenas por considerações de interesses estratégicos, mas ‘sob a superfície existia um anti-semitismo silencioso por parte de alguns planejadores da política externa americana’ como possivelmente George C. Marshall. Desde então a política americana em relação a Israel permaneceu dúbia, ora pendendo para olobby da comunidade judaica americana, ora para o poderosíssimo lobby saudita.
Mas Demétrio não para por aí. Diz textualmente: ‘Hoje, a persistência do governo israelense ameaça destruir os fundamentos políticos sobre os quais repousa o próprio Estado de Israel’. Aparentemente estes fundamentos seriam três, dos quais Israel só pode ter dois: ‘Israel não pode ter três coisas simultaneamente: 1) um Estado judeu 2) um Estado democrático 3) um Estado que exerce soberania sobre toda a Palestina histórica. Só é possível ter duas dessas coisas, em qualquer combinação’.
Quanto ao item 2, Demétrio parece defender duas coisas opostas ao mesmo tempo: aparentemente defende um estado democrático, mas simultaneamente diz que as escolhas absolutamente democráticas do povo israelense – mo momento o Likud - não devem ser respeitadas, a não ser que escolham quem o Magnoli acredita que seria a escolha certa.
Pois eu afirmo o contrário: Israel pode ter as três! Talvez o mais difícil seja combinar as duas primeiras: um estado Judeu e democrático. E nem estou falando da população árabe com cidadania israelense que cresce exponencialmente, mas dos próprios judeus tão divididos entre religiosos e não religiosos e estes últimos entre ortodoxos e não ortodoxos. Felizmente é assim, diferentemente dos países islâmicos que, seguindo o Corão à risca, não podem admitir a democracia e muito menos a liberdade de pensar e de expressão. Se os judeus forem deixados por sua própria conta certamente saberão dar um jeito disto – ou continuarão brigando pelo resto da eternidade – e isto não é da conta de ninguém mais! Finalmente, um povo tão desunido que permanece unido por fortes tradições há quase 6.000 anos não precisa de conselhos de Lulas, Obamas ou Magnólis para seguirem levando suas vidas.
O problema está no item 3: de que ‘palestina histórica’ está falando Magnoli? Por que o grande estrategista não se informa primeiro qual seria ‘um acordo aceitável para os palestinos’? Melhor: quem são os ‘palestinos’? Uma pequena lição de história mostraria que a partilha foi proposta pelo Governo Provisório, mas foram os Estados Árabes que advertiram que, assim que se estabelecesse um Estado Judeu a luta, que já corria solta, irromperia numa guerra em escala total. Nem se falava em ‘palestinos’ naquela época, povo que foi inventado mais tarde com o nome dado pelos Romanos àquela província da Síria e ressuscitado pelos ingleses quando da derrota do Império Otomano. Os acordos de ‘paz’, além de outras ignomínias, entregaram toda aquela região ao ‘protetorado’ franco-britânico – na verdade às empresas petrolíferas ocidentais, inclusive americanas - por puros interesses comerciais no rico ‘ouro negro’. Hoje França e Inglaterra defendem hipocritamente o ‘nacionalismo árabe’. Em meu artigo Auschwitz conto parte desta história macabra. O grande poder do lobby saudita vem daí e foi reforçado no segundo pós-guerra.
Baseado na falsa existência de uma ‘palestina histórica’, toda sua argumentação desvia-se completamente da realidade e nem precisaria ser contestada.
Magnoli parece ser favorável à hipótese de ‘um estado democrático no território integral da palestina histórica’ que redundaria na ‘renúncia à natureza judaica de Israel’. ‘Neste horizonte extinguir-se-ia historicamente o sionismo, doutrina na qual se condensou o moderno nacionalismo judaico’. Ao defender os Acordos de Oslo já mortos e sepultados, Magnoli atribui a culpa a Israel: ‘A paz, proclamada como intenção, converteu-se num amargo eufemismo para a ocupação, a colonização, a humilhação e a despossessão. Sob o impacto do eufemismo desmancha-se a liderança nacionalista palestina comprometida com a meta da partilha’.
Tivesse ele conhecimento de que enquanto fingiam aceitar o acordo em todas as línguas ocidentais, em árabe as ‘autoridades palestinas’ diziam claramente que o único acordo aceitável para os ‘palestinos’ é a destruição do que chamam de ‘entidade sionista’. Enquanto falam peace, em árabe falam hudna, trégua temporária para se reforçar e atacar com mais ímpeto.
O único objetivo que move as esquerdistas antijudaicas, inclusive dentro de Israel, é o fim do sionismo! E isto é o que Lula deixou claro que é a determinação da diplomacia brasileira ao recusar-se a visitar o túmulo de Theodor Herzl.
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