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quarta-feira, 14 de abril de 2010

Em resposta ao STF, Lula confirma ter sido, sim, avisado da existência do mensalão. Presidente elogia Dirceu — o “chefe da quadrilha”, segundo a Procuradoria-Geral

REINALDO AZEVEDO
terça-feira, 13 de abril de 2010 | 20:05

Por Robson Bonin, do G1:

No documento de 16 páginas em que responde questões relacionadas ao caso do mensalão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva admite ter conhecimento do caso e aproveita as questões para fazer um afago ao ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. Lula chama o correligionário de partido de “quadro político de grande relevância no cenário nacional”.

“Desconheço qualquer fato desabonador sobre José Dirceu, que lutou pela democratização do Brasil, pagando com o exílio, é um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores e um quadro político de grande relevância no cenário nacional”, afirma Lula ao ser questionado se conhecia algum fato que pudesse desabonar Dirceu.

Sobre o caso que investiga o repasse financeiro a partidos da base aliada, Lula diz que teve conhecimento do mensalão no primeiro semestre de 2005, durante reunião com o ex-deputado e presidente do PTB, Roberto Jefferson (RJ). “Pelo que me lembro, ao final de reunião no primeiro semestre de 2005, e na presença de Aldo Rebelo, Walfrido dos Mares Guia, Arlindo Chinaglia e José Múcio, Roberto Jefferson fez menção ao assunto (mensalão)”, relatou Lula.

No Ofício encaminhado ao relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, afirma que não conhece o empresário Marcos Valério, suposto articulador do esquema.
Sobre a suposta participação de Dirceu em negociações financeiras, Lula lembra apenas que, à época, o colega era presidente do PT e coordenador-geral da campanha presidencial: “Todavia, não sei se tratou de assuntos financeiros diretamente.”

Pedido de Jefferson

No início do mês o STF rejeitou questão de ordem apresentada por Roberto Jefferson que solicitava a inclusão do presidente como réu do processo. Os ministros acataram por unanimidade entendimento do relator da ação, ministro Joaquim Barbosa, que alegou ausência de provas ou justificativas para o pleito.

“A questão já foi resolvida por este plenário e o réu [Jefferson] insiste no tema da inclusão do presidente entre os réus da ação penal”, afirmou Barbosa. “O pedido é destituído de qualquer base documental e probatória e também não teria qualquer eficácia”, complementou.

O pedido para incluir Lula no rol dos réus já havia sido feito por Jefferson em diferentes momentos, desde que a ação começou a tramitar no STF, em 12 de novembro de 2007. Foi o ex-deputado que denunciou o suposto esquema de pagamento a deputados da base aliada, em 2005. Ele argumenta que “houve co-participação” do presidente, já que ex-ministros foram incluídos como réus na ação.

A denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) listou 40 envolvidos que acabaram virando réus quando a Suprema Corte acolheu a denúncia. O nome do Lula não foi relacionado, o que motivou o pleito de Jefferson. Lula foi convocado como testemunha pelo ex-deputado. Joaquim Barbosa também lembrou que a PGR pode apresentar denúncia contra Lula em qualquer momento, caso encontre elementos.

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