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segunda-feira, 29 de março de 2010

FARC: AS TRAMÓIAS NA LIBERTAÇÃO DE REFÉNS

HEITOR DE PAOLA


O que há por trás das libertações de Calvo e Moncayo?



* Coronel Luis Alberto Villamarín Pulido


Desde há um ano o país espera que as FARC cumpram a promessa de libertar o cabo Moncayo e o soldado Calvo, porém os cabeças do grupo terrorista, com a complacente alcagüetagem de “Colombianos pela Paz” e a encoberta cumplicidade dos governos comunistas do Foro de São Paulo, brincaram com a dor das vítimas, transferindo a culpa do fracasso ao governo colombiano, puseram Piedad Córdoba e seus sócios como os “bondosos e efetivos mediadores” e criaram a idéia de que é necessário um acordo humanitário, não nas condições que o Estado de Direito e a lógica exigem, senão dentro dos parâmetros que convêm ao Plano Estratégico das FARC e à projeção do Socialismo do Século XXI no continente.

Após o fracasso da manhosa estratégia fariana de libertar os dirigentes políticos que tinham seqüestrado, para que estes se lançassem ao Congresso e desde lá buscassem a lei de permuta e a legitimação das FARC, a premeditada libertação dos militares seqüestrados em plena agitação eleitoral tem muitas razões de ser.

Consciente do baixo nível de popularidade, o candidato Rafael Pardo Rueda aposta em apoiar a troca humanitária nas condições que querem as FARC e seus cúmplices. Não importa ao senhor Pardo Rueda quanto a Colômbia possa perder, senão quanto ele pode ganhar, em seu voraz apetite para sentar-se na cadeira de Bolívar, mesmo quando todo mundo sabe da sua inaptidão funcional para esse cargo.

Para o efeito, em conluio com Ernesto Samper e César Gaviria, dois dos principais responsáveis pelo caos ao qual o país chegou em agosto de 2002, Pardo Rueda deu o aval a Piedad Córdoba como senadora liberal nas recentes eleições, talvez a pessoa mais impopular e detestada pelos colombianos.

De maneira curiosa ou talvez inexplicável, Piedad Córdoba obteve uma elevada votação para continuar com o assento parlamentar e como porta-voz dos mal chamados colombianos pela paz, posições que lhe permitirão falar mal do mesmo sistema que lhe permite viver como uma rainha e vociferar demagogia proletária, isso sim, com um exagerado salário proveniente dos dinheiros recebidos dos impostos que os colombianos pagamos, inclusive dos que não compartilhamos de seu grotesco comportamento anti-patriótico e pró-chavista.

Tampouco é gratuito que vários liberais amigos de Pardo, recém eleitos à Câmara de Representantes por Huila, digam que é necessário e inadiável retornar os diálogos de paz com as FARC, sem levar em conta que os terroristas expressam por todos os meios que seu objetivo é tomar o poder e instaurar uma ditadura similar à cubana e sua admiração, assim como sua aliança com o ditadorzinho tropical da Venezuela.

Para completar, este discurso coincide com as águas turvas que Pardo Rueda destilou como candidato. Sem dúvida que o do espelhinho e dos falsos defensores da Estratégia de Segurança Democrática a quem Uribe se refere, são dardos contra Pardo Rueda. E, quem sabe se também não sejam para ele as mensagens de conhecimento da ingerência de um governo estrangeiro na questão eleitoral? Como dizem os camponeses colombianos: “Por algo será...”.

Com a certeza de sua reeleição como senadora e cumprindo compromissos de velha data com o Secretariado das FARC, Piedad Córdoba seguirá empenhada não apenas no acordo humanitário para libertar os demais seqüestrados, mas em concretizar o objetivo principal do estratagema que consiste em legitimar o grupo terrorista com status de beligerância para que, ato contínuo, Lula ou sua eventual sucessora, Correa, Chávez, Ortega, a ditadura cubana, a Kirchner, o índio cocalero, o terrorista uruguaio Mujica e o reprodutor bispo vermelho paraguaio lhes concedam embaixadas e apoio com armas, para que as FARC possam lançar a ofensiva final para a tomada do poder, sem se importar que, por exemplo, o presidente seja Pardo Rueda, quer dizer, qualquer um que lhes desse a mão com o reconhecimento de beligerância.

A explicação é clara e concreta: as FARC e os demais comunistas latino-americanos crêem com toda a certeza que o marxismo-leninismo é vigente, que a miséria e tragédia cubana são culpa dos gringos, que Fidel e Lula não são bandidos mas heróis, etc.

Enquanto isso, com a farsa de sua fingida lealdade uribista, Noemí Sanín brinca de ganhar aves-marias com a hipocrisia alheia, graças à amnésia do povo colombiano. Com que facilidade esquecemos que Noemí foi enviada a Madri e a Londres como embaixadora (como se não houvesse pessoas mais capazes que ela para ocupar esses cargos, que evidentemente existem na Colômbia) pela necessidade política do presidente Uribe de não ter na Colômbia uma opositora exasperada e invejosa, que durante os primeiros meses de governo de Uribe dedicou-se a falar mal do mandatário, para construir a imagem demagoga e politiqueira da “mulher que mudaria a Colômbia” a partir das eleições de 2006.

Lembrem-se que por essa mesma razão foram nomeados embaixadores da Colômbia em Washington, o pouco diplomático Horacio Serpa ante a OEA, e o inepto ex-presidente Pastrana ante o governo dos Estados Unidos.

E os colombianos nos esquecemos também, que a hoje febril candidata conservadora voltou há menos de um ano de Madri a Bogotá, e a primeira coisa que disse foi que vinha ver qual dos partidos lhe oferecia uma candidatura presidencial. Isto indica que do mesmo modo que Pardo Rueda e Vargas Lleras, Noemí atua como os girassóis, para onde o sol brilhe, ou como os camaleões, que mudam de cor de acordo com as conveniências do habitat. Em síntese, por sua volatilidade Noemí seria outra presa fácil da estratégia terrorista das FARC e de seus sócios do Foro de São Paulo. Ao fim e ao cabo, a definição que López Michelsen fez dela é precisa para o momento histórico: “É como ver Andrés Pastrana de saia”.

Por sua parte, o terrorista Petro, Mockus e Fajardo, e com menos dificuldade Vargas Lleras, não têm chance de passar para o segundo turno. Tampouco têm o ânimo para opor-se à arremetida integral dos que conspiram contra a Colômbia no hemisfério. Inclusive por afinidade política e compromissos anteriores, poder-se-ia inferir que Petro acabaria aliado aos inimigos da democracia e da liberdade na Colômbia.

Quem melhor encarna a idéia da segurança democrática é Juan Manuel Santos, embora tenha vários “poréns”. Primeiro, a arrogância e o egocentrismo que corroboram a sarcástica frase de Lucho Garzón: “Se Uribe acredita ser o enviado de Deus, Santos crê que é Deus”. Segundo, a ambivalente atitude que assumiu para com as Forças Militares, porque assim se percebe no interior das instituições armadas. Possuído de auto-suficiência e egocentrismo altos, Santos se atribui haver golpeado o coração das FARC e fantasia ter sido o cérebro da Operação Xeque, ação militar cujo mérito corresponde na totalidade ao general Montoya e a um major da Direção de Inteligência, porém, como costuma acontecer, na hora das medalhas e estímulos aparecem heróis de todos os rincões.

Em terceiro lugar, apesar da quota de sangue que as Forças Armadas puseram para sustentar Santos no cargo durante seu período ministerial, este foi surdo, cego e mudo frente às agressões da guerra jurídica e política dos comunistas contra as instituições.

E o que é pior, com audácia afastou sua responsabilidade política nos vergonhosos fatos dos “falsos positivos”, e inclusive sugeriu que isto começou desde 1984, frase que põe no pelourinho público todos os oficiais e sub-oficiais que comandaram tropas desde essa época.

Em quarto lugar, nem Santos nem nenhum outro dos quatro candidatos reúne as qualidades de estadista, analista e executivo que tem Uribe Vélez. Porém, como é preciso decidir-se por um deles, Santos resulta ser a opção aceitável, com a ressalva de que deve baixar o tom de seu arrogante egocentrismo, aprender mais com Uribe no manejo da malta comunista internacional, planejar uma estratégia concreta que integre segurança nacional e desenvolvimento sócio-econômico, apoiar as Forças Militares e de Polícia em tudo, inclusive na restauração do foro militar, para que se acabe a desafortunada demagogia com que Uribe manejou esse tema, gerar fontes de emprego, incrementar o investimento em educação e investigação científica, resolver de imediato o gargalo da garrafa da saúde, fazer a necessaríssima reforma agrária sem Agro Ingresso Seguro, para que os latifundiários paguem impostos e a terra produza benefício social e, além disso, reformar a paquidérmica estrutura burocrática da diplomacia colombiana no exterior.

Em síntese, o que se joga nos dias vindouros com a libertação de Calvo e Moncayo não é só a continuidade da estratégia de segurança democrática, nem a consolidação do uribismo, nem a confirmação de que o bipartidarismo passou de moda. É algo mais sério: é um passo transcendental para a continuidade da liberdade na Colômbia, a partir das opções políticas que se assumam frente ao manejo do espinhoso tema das FARC e a projeção do próximo presidente do país, chamado não só a continuar a obra de seu antecessor, senão a salvar a Colômbia das tramas que tece com os “bons ofícios” de Lula e Piedad Córdoba, pois a malta comunista dirigida desde Havana está ávida por legitimar as FARC e meter a Colômbia no curral do arcaico comunismo do século XXI. Tudo isso e muito mais, é o que se tece por trás da libertação de Moncayo e Calvo.

* Analista de assuntos estratégicos - www.luisvillamarin.com

Tradução: Graça Salgueiro

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