Material essencial

domingo, 7 de março de 2010

É a vez do PT ir para trás das grades

Fonte: BLOG REINALDO AZEVEDO


AGORA FALTA A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DE CADEIA!

sábado, 6 de março de 2010 | 6:11

capa-bancop
Caras e caros, antes que reproduza um trecho da reportagem de capa da VEJA, algumas considerações.

Como é mesmo aquela frase que vivo repetindo aqui? “A cada enxadada, uma minhoca”. Quando se lança a ferramenta em solo petista, então, basta que se tire um pouquinho de terra, e o que se vê é aquela celebração de anelídeos se retorcendo. Acostumados aos subterrâneos, reagem à luz. O Brasil assiste atônito, mas também satisfeito, ao descalabro instalado no Distrito Federal. Atônito com a canalhice. E satisfeito em ver José Roberto Arruda na cadeia. 
Mas há uma coisa que, até agora, está no grupo das coisas jamais vistas — como enterro de anão e cabeça de bacalhau: petista na cadeia! A sensação, não muito distante da realidade, é a de que membros do partido têm especial licença para a falcatrua. E olhem que nem é preciso falar do mensalão do PT.

Lembram-se do famoso Dossiê dos Aloprados, aquela safadeza protagonizada por petistas — todos muito próximos de Lula —, que tentava armar uma acusação falsa contra tucanos em São Paulo? Pois é. Ninguém está na cadeia. A Polícia Federal, sempre tão eficiente, não conseguiu chegar à origem daquele R$ 1,7 milhão carregado porHamilton Lacerda, braço direito do senador Aloizio Mercadante, que Lula quer disputando o governo de São Paulo.

Um dos figurões daquela tramóia era João Vaccari, este barbudo pançudo que vocês vêem aí abaixo, amigo pessoal do presidente da República. E quem é que o PT resolveu botar na tesouraria do partido para cuidar justamente do caixa da campanha de Dilma Rousseff? O Pançudo. Reproduzo um trecho da reportagem. Volto em seguida.

*

O Ministério Público quebra sigilo da Bancoop e descobre que dirigentes da Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo lesaram milhares de associados, para montar um esquema de desvio de dinheiro que abasteceu a campanha de Lula em 2002 e encheu os bolsos de dirigentes do PT. Eles sacaram ao menos 31 milhões de reais na boca do caixa

Por Laura Diniz

Montagem sobre foto Jose Meirelles Passos/ Ag. O Globo


NÃO É SÓ A BARBA QUE LEMBRA O ANTECESSOR
 - João Vaccari, o novo tesoureiro do PT, é o homem por trás do esquema Bancoop,diz o Ministério Público


Depois de quase três anos de investigação, o Ministério Público de São Paulo finalmente conseguiu pôr as mãos na caixa-preta que promete desvendar um dos mais espantosos esquemas de desvio de dinheiro perpetrados pelo núcleo duro do Partido dos Trabalhadores: o esquema Bancoop. Desde 2005, a sigla para Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo virou um pesadelo para milhares de associados. Criada com a promessa de entregar imóveis 40% mais baratos que os de mercado, ela deixou, no lugar dos apartamentos, um rastro de escombros. Pelo menos 400 famílias movem processos contra a cooperativa, alegando que, mesmo tendo quitado o valor integral dos imóveis, não só deixaram de recebê-los como passaram a ver as prestações se multiplicar a ponto de levá-las à ruína. Agora, começa-se a entender por quê.

Na semana passada, chegaram às mãos do promotor José Carlos Blatmais de 8 000 páginas de registros de transações bancárias realizadas pela Bancoop entre 2001 e 2008. O que elas revelam é que, nas mãos de dirigentes petistas, a cooperativa se transformou num manancial de dinheiro destinado a encher os bolsos de seus diretores e a abastecer campanhas eleitorais do partido. “A Bancoop é hoje uma organização criminosa cuja função principal é captar recursos para o caixa dois do PT e que ajudou a financiar inclusive a campanha de Lula à Presidência em 2002.” Na sexta-feira, o promotor pediu à Justiça o bloqueio das contas da Bancoop e a quebra de sigilo bancário daquele que ele considera ser o principal responsável pelo esquema de desvio de dinheiro da cooperativa, seu ex-diretor financeiro e ex-presidente João Vaccari Neto. Vaccari acaba de ser nomeado o novo tesoureiro do PT e, como tal, deve cuidar das finanças da campanha eleitoral de Dilma Rousseff à Presidência.
 
Aqui

Comento

Vocês precisam ler a reportagem na íntegra para ter noção da extensão das falcatruas e saber quantas vidas foram lesadas — algumas destruídas — para sustentar o esquema. Vocês se lembram, por exemplo, de Freud Godoy, o homem de nome certo para representar o inconsciente do petismo e parceiro de Vaccari nas lambanças do dossiê? Pois é. Ele está neste escândalo também. Leiam mais um trecho da reportagem:

Outro frequente agraciado com cheques da Bancoop tornou-se nacionalmente conhecido na esteira de um dos últimos escândalos que envolveram o partido. Freud “Aloprado” Godoy - ex-segurança das campanhas do presidente Lula, homem “da cozinha” do PT e um dos pivôs do caso da compra do falso dossiê contra tucanos na campanha de 2006 - recebeu, por meio da empresa que dirigia até o ano passado, onze cheques totalizando 1,5 milhão de reais, datados entre 2005 e 2006. Nesse período, a Caso Sistemas de Segurança, nome da sua empresa, funcionava no número 89 da Rua Alberto Frediani, em Santana do Parnaíba, segundo registro da Junta Comercial. Vizinhos dizem que, além da placa com o nome da firma, nada indicava que houvesse qualquer atividade por lá. O único funcionário visível da Caso era um rapaz que vinha semanalmente recolher as correspondências num carro popular azul. Hoje, a Caso se transferiu para uma casa no município de Santo André, na região do ABC.

Comecei lembrando o escândalo dos aloprados, certo? Como vocês leram, o esquema do Bancop costumava lidar com dinheiro sacado na boca do caixa. Vejam esta imagem para refrescar a memória:

Patricia Santos/AE


A TROCO DE QUÊ?

Lacerda (à dir.) ligou para Vaccari uma hora depois de entregar o dinheiro que pagaria o dossiê

Então fiquem com um novo trecho da reportagem:

João Vaccari Neto e Freud Godoy, envolvidos agora no esquema Bancoop, já atuaram juntos em passado recente. Pelo menos é o que sugere o registro dos telefonemas trocados pela dupla às vésperas do estouro do escândalo dos “aloprados” - como ficaram conhecidos os petistas apontados pela Polícia Federal como integrantes da quadrilha que tentou comprar um dossiê supostamente comprometedor para tucanos durante a campanha presidencial de 2006. No caso de Vaccari, então presidente da Bancoop, os vestígios de participação no caso guardam cheiro de tinta fresca. Foi para ele que Hamilton Lacerda - na ocasião coordenador de comunicação da campanha do senador Aloizio Mercadante - telefonou uma hora antes de fazer a entrega de parte do 1,7 milhão de reais que seria usado para comprar o dossiê.

E o que vai acima, meus caros, está longe de ser tudo. Mais detalhes na revista.



UMA VÍTIMA DO ESQUEMA

sábado, 6 de março de 2010 | 6:09


Leia primeiro o post acima deste


São muitas as histórias de pessoas lesadas pelas falcatruas do Bancoop. Leiam este depoimento:


SEM FORÇAS

Alexandre Schneider


“Aos 43 anos, decidi dar um grande passo: comprar meu primeiro imóvel. Usei os 20 000 reais que havia juntado e entrei no financiamento de um apartamento de 60 000 reais. As prestações eram metade do meu salário. Um dia, recebi uma cobrança extra de 1 800 reais. Seria a primeira de muitas. Tive de tirar um empréstimo bancário. Em dois anos, estava endividado, mas havia quitado meu imóvel.

Sentia-me orgulhoso - jamais atrasei uma parcela. Mas em 2005, enquanto esperava o sorteio das chaves, soube que a Bancoop não estava honrando seus compromissos com muitos cooperados. Eu era um deles. Meu imóvel nunca saiu do chão. No início, briguei, participei de protestos vestido de palhaço. Há dois anos, recebi o diagnóstico de câncer de pulmão, o que me deixou sem forças para lutar. Perdi as esperanças.”

Oscar Costa
, 52 anos, bancário aposentado

VEJA - CARTA AO LEITOR: O pré-mensalão do PT

sábado, 6 de março de 2010 | 6:07


Manoel Marques

A repórter Laura Diniz:acesso exclusivo ao inquérito sobre o caso Bancoop, um ensaio local para o mensalão federal

A repórter Laura Diniz, de 28 anos, é uma das jornalistas mais aguerridas de VEJA. Como se diz no jargão da redação da revista, é daquelas profissionais que “não largam o osso”. Há seis meses ela acompanha as investigações do Ministério Público paulista sobre a Bancoop, a cooperativa habitacional dos bancários de São Paulo. Esse caso vinha sendo esquadrinhado pelo promotor José Carlos Blat desde junho de 2007. Ele envolve desvio de dinheiro dos cooperados e de fundos de pensão de empresas estatais injetado na cooperativa. Os recursos originalmente destinados à aquisição de casas próprias para os cooperados foram desviados de forma cruel e criminosa. Diversas particularidades dão ao episódio a dimensão de escândalo político nacional. Uma delas é a participação nas malfeitorias de homens do dinheiro do PT. Eles foram agentes ativos dos crimes de desvio das verbas da Bancoop e seu carreamento para financiar campanhas eleitorais do partido.

Como mostra a reportagem que começa na página 70, o inquérito indica que parte dos recursos desviados ilegalmente abasteceu a campanha presidencial de Lula em 2002. Outra parte foi para os cofres de empresas pertencentes aos companheiros. É possível, ainda, que uma porção da bolada apreendida com os famosos “aloprados” - aquela que seria utilizada para pagar o dossiê fajuto contra José Serra em 2006 - tenha sua origem nos cofres da Bancoop.

Para o Ministério Público, o esquema traz digitais amadorísticas, pré-mensalão, antes de os petistas “profissionalizarem” seu caixa dois com a ajuda do notório Marcos Valério. Às vésperas de uma eleição presidencial das mais decisivas para os rumos do país, em relação à qual o Tribunal Superior Eleitoral acaba de dar mais transparência às contribuições financeiras para as campanhas, é espantoso constatar que pessoas apontadas no inquérito como suspeitas do desvio de dinheiro da Bancoop continuem a ocupar lugar de destaque nos escalões do PT. Entre elas estão Ricardo Berzoini, ex-presidente do partido, e João Vaccari, escolhido pelo presidente Lula para ser tesoureiro da campanha de Dilma Rousseff. É de perguntar se, com personagens dessa estirpe à solta e em cargos decisivos no campo petista, existe a mínima possibilidade de a campanha presidencial de 2010 ser financiada de maneira limpa.

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