Fonte: BRUNO PONTES
4 DE MARÇO DE 2010
O Estado, 04/03/2010
Em 2003, Álvaro Uribe pediu a Lula que designasse formalmente as Farc como organização terrorista. Lula não respondeu. Ele resolveu falar em outra ocasião, quando as tropas de Uribe despacharam para o inferno os chefes das Farc que operavam no Equador: Lula exigiu que o presidente colombiano se desculpasse.
O PT divulgou nota, em janeiro do ano passado, chamando Israel de estado terrorista e comparando a reação israelense a oito anos de foguetes do Hamas às práticas do regime nazista. É a mesma opinião de Mahmoud Ahmadinejad, de quem Lula é assessor em assuntos atômicos. A bomba que o Irã desenvolve para atacar Israel sairá da fábrica com a ajuda da diplomacia petista.
Quando as instituições hondurenhas seguiram a Constituição e depuseram Manuel Zelaya, Lula reagiu prontamente contra a democracia e cortou os programas de cooperação econômica com Honduras. O homem estava indignado: "O Brasil condena o golpe de Estado... Os golpistas devem perceber o mal que estão fazendo para a democracia na América Central... É preciso respeitar a participação popular". Semanas depois, Lula emprestou nossa embaixada para que Zelaya iniciasse a guerra civil nas ruas de Tegucigalpa.
Agora Lula lamenta que Orlando Zapata tenha se deixado morrer. Vocês sabem o que houve: na ânsia de trair o comunismo cubano, Zapata dirigiu-se a uma cela, ficou lá alguns anos, parou de comer e maquiavelicamente deixou-se morrer. Raul expressou luto rindo e conversando animadamente com Lula, que ria ainda mais. Fidel emocionou-se de tal jeito com a visita do estadista global que vestiu sua jaqueta da Nike. No dia seguinte, Lula indicou o caminho para a harmonia planetária: “Eu gostaria que todos os governantes do mundo agissem como eu ajo”.
Ao contrário do brasileiro comum, que pode ficar enojado com tanto cinismo, Lula existe acima de pudores reacionários. Perante o público de devotos, ele conta com dois argumentos infalíveis: a soberania nacional e os 240% de aprovação popular. Não há nada a explicar, portanto. O lulista apaixonado se encara no espelho tranqüilo, imponente, e encerra o assunto: “As Farc são um exército de resistência. O Hamas também. Ditadura de esquerda é democracia. E os Estados Unidos mataram Orlando Zapata”.
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