ARMÍNIO FRAGA NO ESTADÃO
Nivaldo Cordeiro
14 de março de 2010
http://www.nivaldocordeiro.net/arminiofraganoestadao
14 de março de 2010
http://www.nivaldocordeiro.net/arminiofraganoestadao
No mundo empresarial há três tipos marcadamente diferenciados de personalidades: aqueles que aderem incondicionalmente aos poderosos do dia, aqueles que recusam qualquer adesão e tentam viver sua vida ao largo da política e aqueles que são pragmáticos, fazem negócios com os poderosos mas mantêm o discernimento sobre o que está acontecendo no poder.
No primeiro grupo identifico todos os grupos monopolistas ou oligopolistas que dependem do poder como os pulmões do ar para manter seus negócios e sua riqueza. O setor bancário será talvez o maior deles, seguido pelo de Telecom. Mas nesse comboio hoje em dia está praticamente toda a plutocracia nacional, uma vez que todos, de uma maneira ou de outra, são os sócios grandes do Tesouro Nacional. São os grandes beneficiários dos elevados impostos que são cobrados no país, ao lado dos funcionários públicos e dos aposentados.
No segundo grupo estão aqueles que não dependem do governo para nada, os pequenos e médios empresários, os que não são sócios do Tesouro. A agricultura é um exemplo. A construção civil residencial, outro. Estes são os pagadores da conta, em última instância. Quase nunca levantam a voz para reclamar, parecendo não saber muito bem o que se passa. Quando muito reclamam dos juros e dos impostos altos e percebem o governo como um parasita inevitável, cabendo conviver com ele.
No terceiro grupo tem gente como Armínio Fraga, que hoje teve uma entrevista sua publicada no Estadão. Na verdade, são indivíduos isolados que podem estar em qualquer setor, mas têm discernimento suficiente para saber o que se passa e estômago grande e forte o bastante para tirar proveito da situação. Armínio é um desses. Tem grande capacidade de análise, não se ilude com besteiras ideológicas e tenta, na medida do possível, perceber o real.
O problema é que o real não é fácil de perceber e o risco de se iludir é grande. Na entrevista de hoje, por exemplo, Armínio voltou a afirmar que a tese de Estado mínimo na ordem constituída atual está fora de lugar: “O liberalismo no Brasil nunca aconteceu. É uma mentira de campanha essa história de Estado mínimo”. Pragmaticamente, completou: “O Brasil não caiu nas armadilhas em que outros países caíram ao adotar, por exemplo, um modelo hiperliberal de regulação e supervisão do setor financeiro, que está na raiz da crise global. O Brasil seguiu o caminho contrário”.
Obviamente aqui fala o homem de Estado, que bem o conheceu por dentro, e o homem de negócios que tira proveito da ordem estabelecida. Aqui temos explícita uma filosofia política consequencialista, que coloca no centro a ética dos resultados. Nada de quixotismo, nada de lutar contra tudo o que está aí. O que mais gosto no Armínio é de sua honestidade intelectual, diz o que pensa, assume suas posições e não faz pose para ninguém. Essa crítica ao liberalismo doutrinário é admirável. Pode-se questionar a amoralidade típica de quem segue o consequencialismo, mas não se pode dizer que há desonestidade de propósitos.
Nessa entrevista, todavia, Armínio comete um equívoco muito perigoso, mas acredito que o fez de boa fé. Refiro-me ao paralelo que ele vê entre o modelo petista de Estado e o que houve no México nos tempos do PRI. Algumas coisas do modelo petista podem se aproximar do modelo mexicano, mas Armínio se esquiva de ver o real: que aqui estamos em franco processo revolucionário, nos termos marxista-leninistas. O paralelo correto é com a Alemanha de Hitler (única experiência coletivista de tomada do poder total pela via democrática), não com o México. Aqui está havendo a fusão do Estado com o partido no modelo leninista, precedida por décadas de revolução gramisciana. É a emergência do Estado Total.
Um equívoco dessa natureza é da maior gravidade, pois leva gente da elite pensante, como o próprioArmínio Fraga, a se desarmar contra os perigos do jacobinismo radical dos revolucionários. A cada dia vemos as más intenções dos leninistas no poder. Basta aqui recordar das teses aprovadas na Confecom, do decreto do Plano Nacional dos Direitos Humanos e do mais recente “pacote” legislativo transformando a Receita Federal em uma espécie de polícia plenipotenciária, à moda da Gestapo.
A alienação do perigo por parte de gente como Armínio Fraga é o maior desastre, em desfavor dos brasileiros. De fato, não há oposição ao projeto totalitário do PT porque a elite pensante e endinheirada, tão bem representada pela pessoa de Armínio Fraga, ainda não percebeu o perigo que ronda os destinos da Nação.
Cara, o Armínio é discípulo do George Soros, um dos guros da elite globalista. Precisa dizer mais nada.
ResponderExcluirSim, bom comentário. É isto mesmo.
ResponderExcluirAbração
Cavaleiro do Templo