08/01/2010
O 3º Programa Nacional dos Direitos Humanos, qualificado por comandantes militares como “insultuoso, agressivo e revanchista” em relação às Forças Armadas, tem provocado também reações de descontentamento e críticas ao governo do presidente Lula em setores da Igreja Católica.
Bispos, padres e católicos ligados a movimentos pró-vida reagem a quatro artigos do documento tornado público no mês passado.
Os itens propõem ações coordenadas de governo para apoiar “a aprovação do projeto de lei que descriminaliza o aborto”, “mecanismos para impedir a ostentação de símbolos religiosos em estabelecimentos públicos”, “a união civil entre pessoas do mesmo sexo” e “o direito de adoção por casais homoafetivos”.
A defesa desses valores é tão ofensiva a setores da Igreja Católica quanto foi, para os militares, a proposta de se criar uma “comissão nacional da verdade”, também contida no programa, com o objetivo de examinar as violações de direitos humanos praticadas durante a ditadura (1964-1985).
“Vemos nessas iniciativas uma atitude arbitrária e antidemocrática do governo Lula”, afirma d. José Simão, bispo de Assis (SP) e responsável pelo Comitê de Defesa da Vida do Regional Sul-1 da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), que congrega as dioceses do Estado de São Paulo.
D. José declara que essa insatisfação é compartilhada por outros bispos brasileiros: “A igreja é contra. É claro que os arcebispos, os bispos são contrários [ao documento]”.
Ele afirma que tem entrado em contato com outros religiosos e que trabalha para articular um manifesto da igreja no Brasil em repúdio às medidas defendidas pelo programa de direitos humanos: “Pretendemos reunir, na primeira oportunidade, alguns bispos para discutir essa questão”.
O objetivo de d. José é conseguir uma declaração da CNBB sobre o tema, mas há bispos, mesmo entre aqueles que compartilham de sua indignação, que preferem não bater de frente com o Planalto. Vários religiosos e setores da igreja são aliados tradicionais da esquerda e do PT em outras causas defendidas no documento.
Grupos contrários ao aborto também têm se articulado para tentar fazer frente ao programa de direitos humanos. Maria Dolly Guimarães, presidente da Federação Paulista dos Movimentos em Defesa da Vida, afirma que leigos têm escrito aos bispos pedindo que a igreja se manifeste sobre o tema.
“Matar uma pessoa não pode ser visto como direito humano”, ela diz. “Esse texto pretende fazer o bem virar mal, e o que é mal virar bem. Na minha opinião, que não é ainda a opinião da igreja, deveríamos fazer uma campanha para conscientizar o povo brasileiro.”
“Creio que o ambão [púlpito de onde se fazem as leituras da Bíblia e de onde o padre pode fazer o seu sermão aos fieis] vai começar a agir mais”, declara. Contatada, a Secretaria Especial de Direitos Humanos não se manifestou.
Folha de S.Paulo
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