Mary Anastasia O’Grady
No momento em que os Estados Unidos se preparam para enviar 30.000 soldados adicionais ao Afeganistão em uma missão que incluirá defender a população civil em uma narco-economia, a experiência da Colômbia com o narcotráfico e o terrorismo poderia ser útil.
O testemunho do ex-segundo no comando da quinta frente das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, FARC, que opera na região bananeira de Urabá, também um centro do narcotráfico, poderia servir como a primeira lição.
O ex-comandante guerrilheiro Daniel Sierra Martínez, cognome “Samir”, se entregou às autoridades colombianas em dezembro de 2008 em resposta a uma oferta de reconciliação nacional do presidente Álvaro Uribe. Em troca de uma redução da pena, teve que dar informações sobre o que fez durante as duas décadas em que pertenceu às FARC.
Na semana passada, as autoridades colombianas concordaram em permitir que “Samir” se sentasse comigo e me falasse de sua experiência como guerrilheiro. Samir me deu muita informação sobre o negócio da cocaína das FARC e sua exploração da população civil em zonas designadas por “organizações não-governamentais” como “comunidades de paz”. Também me disse que os supostos pacifistas que dirigem a ONG local eram seus aliados e uma ferramenta importante das FARC em seu esforço para desacreditar o Exército.
Em um discurso em setembro de 2003, o presidente Uribe expressou seu temor ante a possibilidade de que alguns grupos de “direitos humanos” fossem fachadas para os terroristas. Chris Dodd, um democrata que representa o estado de Connecticut, atacou o presidente colombiano por fazer essas declarações. Porém, os comentários de Uribe estavam respaldados por informação recolhida pelos serviços de inteligência da Colômbia. Agora, o testemunho de “Samir” e de muitos outros que saíram da selva, dá mais peso a asseveração de Uribe.
O território da quinta frente inclui um povoado chamado San José de Apartadó, que foi designado como uma comunidade de paz em meados dos anos 90, seguindo um plano proposto pela diocese católica. A idéia era criar um lugar onde a população civil pudesse viver sem medo dos paramilitares ou da guerrilha. Como reportei em novembro de 2003, a administração desta proposta, que prometeu o pleno desarmamento de todas as partes residentes na “comunidade de paz”, foi posta nas mãos de um grupo composto por pessoas de diferentes congregações religiosas chamado “Justiça e Paz”, uma ONG colombiana. “Justiça” tem o respaldo da Anistia Internacional e das Brigadas Internacionais de Paz.
Porém, a comunidade de paz em San José de Apartadó, segundo Samir, estava muito longe de ser neutra. Ao contrário, diz, as FARC tinham uma relação próxima com seus lideres desde o princípio. Samir diz que a comunidade de paz era um refúgio para os rebeldes feridos e doentes das FARC, e para armazenar fornecimentos médicos. Diz também que os fornecedores do grupo armado se reuniam com guerrilheiros no povoado, onde sempre havia também cinco ou seis membros das Brigadas Internacionais de Paz.
Segundo Samir, a comunidade de paz ajudou as FARC em seu esforço para rotular o Exército colombiano como um violador dos direitos humanos. Quando a comunidade se preparava para acusar alguém de uma violação dos direitos humanos, Samir organizava as “testemunhas” arrumando membros das FARC que posavam de civis para que dessem seu “testemunho”.
Edward Lancheros, um membro do conselho da comunidade de paz e seus associados (que incluem um padre jesuíta chamado Javier Giraldo, e Gloria Cuartas, a prefeita de esquerda da municipalidade que inclui San José de Aparatadó), insistiram que “a paz” requeria que o Exército se mantivesse distante dessa zona. Porém, os paramilitares não estavam dispostos a acatar tal convenção. Quando houve enfrentamentos entre as FARC e os “paras”, diz Samir, a comunidade de paz jogou um papel determinante em dar forma à história para fomentar o público a culpar o governo.
Um incidente deste tipo ocorreu no ano 2000, quando os “paras” detiveram uma ambulância que transportava um guerrilheira doente e dispararam. Samir diz que a comunidade de paz disse que ela era um membro de seu grupo e alegou que o Exército a matou. A comunidade também ajudou a ocultar a presença das FARC na zona. Em 2005, disse Samir, um guerrilheiro das FARC chamado “Alejandro” foi assassinado pelos “paras”. A comunidade de paz insistiu que ele era um civil que fazia parte de seu grupo.
Samir diz que não esteve de acordo com a decisão das FARC de se envolver no narcotráfico e de trabalhar com paramilitares que transportavam droga. Também objetou a exploração da população local por parte do grupo guerrilheiro. Cansado de tudo isso, liderou uma tentativa de pôr limite aos abusos das FARC e, em 2008, mais de duas dúzias de zonas declararam sua independência da comunidade de paz. Samir foi então acusado de ser infiltrado do Exército e o Secretariado das FARC ordenou que fosse submetido a um conselho de guerra. Samir então, decidiu se entregar.
Evidentemente, seus adversários o acusam de inventar tudo isto para congratular-se com o governo. Porém, o que não se pode negar é que enquanto as FARC foram desacreditadas pelo grosso da população rural, foi o Exército da Colômbia, não a assim chamada “comunidade de paz”, quem pacificou Urabá e deu nova vida a seus habitantes.
Fonte: www.eldiarioexterior.com
Tradução: Graça Salgueiro
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