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quarta-feira, 4 de novembro de 2009

OS DOIS PREGUINHOS

Fonte: ViVerdeNovo

quarta-feira, 4 de novembro de 2009



Por Arlindo Montenegro


Certa vez ouvi falar de um sistema contábil de inegável valor, assunto para a reflexão sobre a economia nos dias de hoje. Atribuía-se a utilização de “dois preguinhos” aos primeiros comerciantes portugueses que atuavam na corte brasiliana. Eles estavam afixados atras porta que ligava o comércio à área residencial. Num dos preguinhos eram enfiados os lembretes das “contas a pagar”. No outro os memorandos das “contas a receber”.

Quando o preguinho das contas a pagar aparecia com poucos papeizinhos e o de contas a receber estava lotado, o comércio ia bem e vice versa. O calote era um pecado e a responsabilidade dos cidadãos, a crença nos benefícios da honestidade era um valor inestimável.

Considerando o gerenciamento do comércio Brasil, pode-se sentir o quanto tem sido capada a liberdade comercial, a liberdade individual, pelas imposições do estado inchado e perdulário. Empresas e cidadãos pagam todas as contas que os governantes decidem fazer, sem ao menos consultar como andam os preguinhos dos nacionais. Sem ao menos atender as necessidades básicas pertinentes ao direito democrático de quem paga a conta. Aquele direito inscrito na Constituição e prometido em todos os palanques... para o futuro.

As autoridades monetárias deitam e rolam, deixam correr as falhas de gerenciamento governamental, inventando nomes para a contabilidade complicada que justifica a instabilidade das contas, a inexistência de planejamento que permita a previsibilidade e principalmente a transparência das regras políticas para a economia da nação. Economia da nação, supõe-se economia do “povo”. Povo que continua privado de conquistar a liberdade econômica para espernear, protestar, exigir explicações.

Sabe-se, historicamente o quanto a interferência do governo (estado) na economia implica em prejuízo da liberdade, em prejuízo das iniciativas e do exercício das atividades produtivas. Agindo como aquele “que parte, reparte e fica com a maior parte”, o estado prisioneiro da vontade de velhas oligarquias emperra a livre iniciativa, tutelando e gravando a nação com impostos sufocantes. Pior ainda quando em mãos dos que assaltam, corrompem e têm como objetivo destruir o capitalismo.

Sabe-se que o sistema de economia capitalista, propiciou os ambientes onde as liberdades mais floresceram e foram respeitadas. Os marxistas o abraçaram recentemente, depois de sucessivos fracassos com a metodologia do estado totalitário e sua economia centralizada. Nos ambientes mais democráticos as diferenças foram levadas em conta e os melhores encontraram maiores possibilidades de expressão e realização. Cientistas, inventores, artistas, filósofos e humanistas encontram no ambiente libertário das democracias capitalistas seu espaço de contribuição para a civilização.

O comunismo avançou privando as sociedades das liberdades fundamentais, perseguindo e eliminando minorias étnicas e religiosas. Foi o Gorbachev quem lamentou a prática de demolição da igrejas e a perseguição aos religiosos com prisões, deportação para campos de trabalhos forçados e morte. Antes disso um russo fugitivo do terror stalinista, Victor Cravchenko, havia publicado no Canadá um livro (Eu escolhi a liberdade) afirmando que “estado policial que discriminava os cidadãos” era um problema para a toda a humanidade. O Partido Comunista francês processou o russo como “mentiroso”.

Mais tarde nos anos 70, Alexander Soljenitsin, prisioneiro que fora oficial de artilharia na Segunda Guerra Mundial, comoveu os leitores dos países democráticos do ocidente com seu “Arquipélago Gullag” uma coletânea de depoimentos, dolorosos, testemunhos de algumas centenas dos mais de 2 milhões de prisioneiros “suspeitos de atividades anti socialistas”, confinados nos campos de trabalhos forçados na fria Sibéria. O livro foi indicado para o premio Nobel de literatura. Soljenitsin expulso, só voltou à Rússia em 1994.

Voltando aos dois preguinhos enfiados no meu cérebro, percebo que se acumulam as dívidas da economia capitalista, pelo seqüestro dos bens da consciência histórica, por adotar o gigantismo do estado totalitário nos moldes daquela economia marxista que cultivou o ódio e a ignorância, que vitimou centenas de milhões de pessoas no mundo inteiro, que se espraia contando com a tolerância dos que lucram com a miséria de bilhões de pessoas e que nasceu com a ideologia comunista hoje tão propagandeada em nosso terreiro, em nosso continente.

Todo ano, o estado promove o circo do orçamento que o congresso enrola para votar, até que todos os acertos, entre os comunistas e oligarcas, em ambiente festivo, definam quanto cada um vai ganhar na execução dos projetos aprovados. Os nacionais vão ter que trabalhar mais para aliviar o preguinho das contas a pagar. As contas dos políticos e as contas familiares de sobrevivência.

Fico com a pergunta e a constatação de Milton Friedman: "o que devemos fazer para impedir que o governo, que criamos, se torne um Frankenstein e venha a destruir justamente a liberdade para cuja proteção nós o estabelecemos? A grande ameaça à liberdade está constituída pela concentração do poder.” Hayek também concorda, enfatizando que a liberdade econômica é o instrumento para a obtenção da liberdade política. Os banqueiros dos Bilderberg, capitaneados pelos Rotschild que o digam!

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