Editorial — The Wall Street Journal
A Secretária de Estado Hillary Clinton proclamou o resultado como um triunfo diplomático, mas é mais exato dizer que o acordo livrou-a e à Administração Obama do abismo em que caíam por fazerem o jogo de Zelaya. O acordo hondurenho proporcionou para a Secretária de Estado Hillary Clinton uma elegante saída diplomática. Se a Sra. Clinton quer chamar isto de vitória, de fato é uma vitória — para Honduras. |
O negociador Thomas Shannon, Sub-Secretario de Estado para assuntos latino-americanos, reconheceu que os hondurenhos tem o direito de escolher os seus próprios líderes |
A grande novidade em Honduras é que a gente boa parece ter vencido o impasse político, que durou quatro meses desde o exílio do ex-presidente Manuel Zelaya. O atual presidente Roberto Micheletti concordou ontem em submeter o pedido de retorno ao poder do Sr. Zelaya à Suprema Corte e ao Congresso e, em troca, os Estados Unidos retirarão as sanções e reconhecerão as eleições presidenciais de novembro.
Não é provável que Zelaya — cujo mandato termina em janeiro próximo — seja reempossado, dado que a Suprema Corte por duas vezes decidiu contra o seu direito de permanecer no cargo. E o Congresso hondurenho, que aprovou em junho sua destituição, levará em conta a opinião da Suprema Corte para decidir se será ou não reconduzido ao poder.
Há o risco de que o venezuelano Hugo Chávez e outros aliados tentem comprar apoio para Zelaya e promovam outros distúrbios. Mas não é provável que os hondurenhos — que justamente resistiram à enorme pressão norte-americana para reintegrar Zelaya — agora se deixem intimidar.
A Secretária de Estado Hillary Clinton proclamou o resultado como um triunfo diplomático, mas é mais exato dizer que o acordo livrou-a e à Administração Obama do abismo em que caíam por fazerem o jogo de Zelaya. Os hondurenhos que depuseram o Sr. Zelaya atuaram inteiramente dentro do terreno da legalidade devido às ameaças de violência e às violações da Constituição de seu país feitas com o intuito de obter nova reeleição. Entretanto, os Estados Unidos se intrometeram e exigiram que o Sr. Zelaya fosse reintegrado.
Mas os hondurenhos não quiseram se dobrar. E o Departamento de Estado afinal concluiu que Honduras — com ou sem a concordância norte-americana — faria as eleições previstas. O acordo hondurenho proporcionou para a Sra. Clinton uma elegante saída diplomática.
Washington e a OEA prometeram enviar observadores e reconhecer as eleições; não haverá anistia para Zelaya quando responder por seus crimes; os zelaístas renunciam aos seus planos de convocar assembléia constituinte para reescrever a Constituição. Se a Sra. Clinton quer chamar isto de vitória, de fato é uma vitória — para Honduras.[1]
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Publicado no The Wall Street Journal em 31/10/2009.
Tradução : André F. Falleiro Garcia.
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Nota de Sacralidade:
[1] O jornal espanhol La Vanguardia neste domingo (01/11/09) publicou o artigo Zelaya amenaza con patear el tablero si no le restituyen de inmediato, de Joaquim Ibarz, que afirma: "Zelaya, apanhado na ratoeira brasileira, tinha poucas opções. Fontes diplomáticas de Tegucigalpa comentaram com La Vanguardia que Zelaya, como é evidente, sabia muito bem que firmava um documento que lhe era muito desfavorável, por deixar em mãos do Congresso, que o destituiu, seu eventual retorno à presidência, sem fixar nenhum prazo para essa decisão, apesar da proximidade das eleições; segundo essas fontes, o Sub-Secretário para a América Latina, Thomas Shannon, pressionou Zelaya para que assinasse o acordo, por que se não o fizesse, seu filho Héctor, que se encontra nos Estados Unidos, poderia ser julgado por narcotráfico".
Por sua vez, o jornal hondurenho El Heraldo acrescentou, ao publicar a notícia Zelaya fue obligado a firmar acuerdo político: "Não é a primeira vez que surge este tipo de acusação contra um dos filhos do ex-presidente. Em julho passado, poucos dias após sua deposição, o noticiário de Telemundo informou que o filho de Zelaya, Héctor, viajou com o grande chefe do narcotráfico mexicano, Joaquín 'Chapo' Guzmán. Estes supostos vínculos teriam sido o calcanhar-de-aquiles para que o ex-presidente firmasse o acordo que deixa sua restituição nas mãos do Congresso Nacional sob prévia análise jurídica do Poder Judiciário".
Cavaleiro : Quem tem telhado de vidro não pode nunca atirar pedras nos telahdos alheios .Zelaya esqueceu deste velho ditado e se deu mal.Graças a DEUS.
ResponderExcluirAbraços