Tradução: A. Montenegro
“Mas o psicopata não é um doente mental da forma como nós o entendemos. O doente mental é o psicótico, que sofre com delírios, alucinações e não tem ciência do que faz. Vive uma realidade paralela. Se matar, terá atenuantes. O psicopata sabe exatamente o que está fazendo. Ele tem um transtorno de personalidade. É um estado de ser no qual existe um excesso de razão e ausência de emoção. Ele sabe o que faz, com quem e por quê. Mas não tem empatia, a capacidade de se pôr no lugar do outro.”
Dra. Ana Beatriz Barbosa Silva
Psiquiatra e escritora, diretora das clínicas Medicina do Comportamento, no Rio e em São Paulo, onde atende pacientes e supervisiona tratamentos.
Começou a reação do “establishment” norteamericano contra Hugo Chávez. Já era a hora. Há quase 11 anos este senhor anda fazendo estripolias na metade do planeta. O tiro de partida foi dado no dia 8 de Setembro por Robert Mortgenthau, Juiz geral de Manhattan, o mais poderoso do país. Na casa dos 90 anos, às vésperas de aposentar-se mas com a cabeça perfeitamente alerta, Mortgenthau escolheu o Brookings Institution de Washington, um influente think-tank ligado ao Partido Democrata, para fazer sua denúncia. Assim as revelações não puderam ser ignoradas pela Casa Branca, nem pelo Congresso, poderes responsáveis pela segurança nacional.
O que disse?
Falou das relações da Venezuela com o Irã e do desenvolvimento de armas nucleares entre os dois países, com o objetivo de ameaçar os EUA, como aconteceu com Cuba em 1962 durante a Crise dos Mísseis (soviéticos). Denunciou o sistema bancário venezuelano, convertido em lavanderia de narcodólares e porta de escape para as transações financeiras do Irã que pode assim burlar as restrições impostas por Washington. Destacou a estreita ligação de Hugo Chávez com o Hezbolá e o Hamás, as mais temíveis organizações terroristas islâmicas e com as FARC colombianas. Em fim disse muitas coisas terríveis.
As conseqüências da manifestação de Mortgenthau foram imediatas. Os três grandes jornais diários dos EUA – New York Times, The Washington Post e o Wall Street Journal – publicaram artigos e editoriais em total sintonia com as palavras do Juiz. A televisão, os comentários dos habituais intelectuais e os blogs mais influentes fizeram eco.
Nenhum dos intelectuais em seu perfeito juízo dentro da estrutura de poder dos Estados Unidos, pode ignorar que a Venezuela associada ao Irã e aos terroristas islâmicos, com auxílio da Líbia, Síria, Sudão, as FARC colombianas, constituem um perigo muito sério para a segurança e a tranqüilidade norte americana. Chávez é um tenaz inimigo, simplesmente dedicado a prejudicar os norte americanos em todos os cenários possíveis, o que não deixa de ser irônico porque os EUA compram 80% do petróleo que a Venezuela exporta.
Como agravantes às denúncias de Mortgenthau, acrescentam-se outras três infâmias maiores contra Chavez, que montou uma intriga com o governo francês, associada a interesses econômicos, para que Sarkozy extradite para a Venezuela o terrorista Carlos, o Chacal, preso na França por inúmeros assassinatos.
Simultâneamente, tenta liberar o terrorista Ahmad Vahidi, Ministro da Defesa do Irã de uma ordem de captura que existe por suposta participação no atentado contra a Associação Mutual Israelita Argentina (AMIA), uma carnificina que em Julho de 1994 resultou em 85 mortos e 300 feridos em Buenos Aires. Por último, a oposição venezuelana denunciou que a fábrica de bicicletas do Irã, no estado de Cojedes é, na realidade, um centro de formação de terroristas que acolhe membros das FARC colombianas para familiarizar-se com explosivos, semelhantes aos que são utilizados no Iraque e no Afeganistão.
Chávez, esta se tornando um Noriega do século XXI.
Manoel Antonio Noriega foi um narcotraficante ditador do Panamá, ex colaborador da CIA, que estabeleceu fortes laços com Cuba e com os cartéis colombianos, alugando o território do pais como pista intermediária para o tráfico de cocaína para os Estados Unidos e abrindo o sistema bancário para lavar os dólares, enquanto acossava os militares norte americanos que ocupavam bases militares situadas na zona do Canal do Panamá.
Depois de muita vacilação, a administração do presidente George Bush (pai), dividida sobre o tipo de resposta que os EUA deveriam dar, ordenou a invasão que começou no dia 19 de Dezembro de 1989 e foi concluída com êxito um dia depois. Os governos latino-americanos protestaram de modo tímido. Ninguém queria estar ao lado de um ditador narcotraficante desacreditado. A imensa maioria dos panamenhos apoiou o fato. Será que esta velha história vai repetir-se?
É difícil. Invadir a Venezuela não parece uma opção inteligente no momento em que se estuda a retirada das tropas do Iraque e, possivelmente do Afeganistão. Mas é provável que um setor importante do governo norte americano já esteja sugerindo ao presidente Obama, para tomar medidas que desalojem do poder este perigoso inimigo da democracia, antes que o tumor se torne canceroso. Certamente George Bush não gostava da idéia de invadir o Panamá. Foi uma decisão incômoda que se tornou inevitável.
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