Não se pode negar que o ditador líbio entendeu, digamos, o espírito destes tempos. Leiam o que vai na Folha Online. Faço ao fim um pequeno comentário. O resto fica com vocês.
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O ditador líbio, Muammar Gaddafi, fez a sua estreia na Assembleia Geral da ONU com um longo discurso no qual disse que seria feliz se “[Barack] Obama pudesse ficar para sempre como presidente de EUA” e comparou o regime do grupo fundamentalista islâmico Taleban no Afeganistão ao Vaticano.
O líbio discursou durante 1h35m na assembleia, apesar de o tempo de palavra concedido a cada chefe de Estado e de governo ser de apenas 15 minutos. Obama também ultrapassou seu tempo de palavra, ao pronunciar um discurso de 40 minutos. O recorde absoluto é do ex-ditador cubano Fidel Castro, que falou durante 4h30m em 1960.
Gaddafi, que está no poder há 40 anos, elogiou Obama, que o precedeu na tribuna da ONU, e no qual o presidente americano prometeu um compromisso renovado com a comunidade internacional, ao contrário das tensas relações nesse sentido de seu antecessor, George W. Bush (2001-2009). “Foi completamente diferente, para um presidente americano”, assinalou Gaddafi a respeito do discurso de Obama. “Você o começo de uma mudança”.
Depois, Gaddafi saiu em defesa dos talebans afegãos. “Por que somos contra os talebans? Por que somos contra o Afeganistão? Se os talebans querem criar um Estado religioso como o Vaticano, tudo bem. Por acaso o Vaticano constitui um perigo para nós? Não. Se o Taleban quiser criar um emirado islâmico, quem disse que é inimigo?”
Gaddafi também disse que a África deveria receber US$ 7,77 bilhões (mais de R$ 13 bilhões) de seus ex-colonizadores como compensação. “É a indenização que merece a África”, disse, sem explicar a origem do valor. “Os africanos vão cobrar isso, e se vocês não derem a eles esta soma de 7,77 bilhões, os africanos irão para onde vocês levaram estes bilhões. Eles têm direito de recuperar este dinheiro, e é isso que vão fazer.”
Em seu discurso, o coronel Gaddafi criticou com veemência os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU –Reino Unido, França, Estados Unidos, China e Rússia– a quem acusou de trair os preceitos da ONU. “O preâmbulo afirma que todas as nações são iguais, sejam pequenas ou grandes”, disse Gaddafi, que recebeu tímidos aplausos.
Comento
Qualquer ditador em qualquer lugar do mundo deseja o mesmo. Kadhafi (ou “Gaddafi”, no texto acima) é um demente sanguinário, mas capta, à sua maneira, o espírito do tempo. Ah, sim: não faz tempo, em visita à Líbia, Lula o chamou de “irmão”.
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