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segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Contra o humanitarismo de Estado

Fonte: MÍDIA SEM MÁSCARA
LEONARDO BRUNO | 14 SETEMBRO 2009

Espantosa é a cobertura da imprensa americana e brasileira sobre a questão. Estima-se que dois milhões de norte-americanos tenham saído às ruas da capital de seu país contra a estatização do sistema de saúde norte-americano. O grosso da imprensa norte-americana, em primeira mão, ignorou solenemente o evento. Nas TVs ABC News, CBS, NBC, nenhum pigarro de notícia. No The New York Times, Usa Today, Los Angeles Times, nem mesmo saiu um necrológio sobre o tema.

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O brasileiro médio, no seu âmago de vira-lata, deslumbra-se com o modelo europeu estatizado de serviços públicos, em particular, a educação e o sistema de saúde. É moda que muitos sonhem com o modelo social-democrata, o chamado welfare state, que vigora, em especial, na França, Alemanha e nas nações escandinavas. Todavia, pouca gente percebe, mesmo os europeus, o pesadelo que há por trás desse ogro filantrópico chamado de "Estado moderno". Se alguém se der ao trabalho de estudar de onde provem as origens da educação e saúde públicas vai sentir um profundo mal estar. Reitero: quem ama a liberdade como uma dádiva sagrada de Deus, com certeza vai odiar suas origens. O Estado moderno, no geral, não forjou a educação publica para educar o povo, mas sim para doutriná-lo, seja através de uma ideologia nacionalista, ou então, fascista e comunista. O mesmo se aplica à saúde pública. Da mesma forma que escola pública serviu pra controlar a mente das crianças, a saúde pública foi usada para controlar a saúde dos cidadãos.

Não nos espantemos. Os modelos de serviços sociais estatais por excelência surgiram em países de tradições centralistas e autoritárias, como na França revolucionária de 1789 e na Alemanha prussiana e militarizada de Bismarck, e se espalharam para o mundo. Para isso, o Estado usurpou as esferas privadas dessas mesmas atividades sociais, seja da família, da igreja, de entidades comunitárias autônomas e corporações particulares, para repassar esse intento a meia dúzia de políticos e burocratas. Isso é a seqüela do modelo europeu. Isso é a origem do welfare state! O nazismo e o comunismo tiveram palco promissor numa Europa em que aceitou a esfera do Estado para ditar sobre tudo, ainda que em nome do bem comum! E hoje não é muito diferente, quando esses controles, cada vez mais sutis, transformam o cidadão europeu médio numa criatura imbecilizada e paparicada pelo governo.

E o que se vê na faustosa nação norte-americana? O presidente Barack Obama ameaça estatizar o sistema norte-americano de saúde, retirando dos cidadãos daquele país o direito de escolher seu próprio atendimento médico. Ou seja, a Casa Branca quer fazer com os americanos o que os Estados europeus fizeram com seus cidadãos: imbecilizá-los, para torná-los dependentes de um governo gigantesco, ineficiente, autoritário, em nome de ser pretensamente acolhedor.

Muitas falácias na imprensa esquerdista foram ditas sobre o que ocorre no sistema de saúde dos EUA. O maior mito é a história de que milhões de americanos não possuem atendimento médico algum e estão à mercê das circunstâncias do acaso. O caso a não ser explicado é que o governo americano terceiriza esses serviços em favor dos pobres (ao invés de ser dono deles), e o sistema garante autonomia e independência, obedecendo à descentralização federativa do país e às leis de livre mercado (ainda que os programas de saúde sejam federais).Ninguém explica que, dentro desses milhões, contam-se os imigrantes ilegais e também, aqueles que não procuram o tal serviço, o "Medicare", ainda que tenham direito de recebê-lo. No entanto, Barack Obama quer criar um centro, uma cúpula burocrática em Washington, tal como uma Gosplan soviética ou um SUS da vida. A lógica é, em si, estranha: parte-se do pressuposto de que a centralização da saúde pública gerará menos custos do que os serviços de saúde terceirizados. Do ponto de vista econômico é ridículo.

Espantosa é a cobertura da imprensa americana e brasileira sobre a questão. Estima-se que, neste sábado (12), dois milhões de norte-americanos tenham saído às ruas da capital de seu país contra a estatização do sistema de saúde norte-americano. O grosso da imprensa norte-americana, em primeira mão, ignorou solenemente o evento. Nas TVs ABC News, CBS, NBC, nenhum pigarro de notícia. No The New York Times, Usa Today, Los Angeles Times, nem mesmo saiu um necrológio sobre o tema. Só depois de muita pressão, e como não houve jeito de esconder, é que essas TVs e jornais soltaram alguma coisa. O Diário de Notícias de Lisboa deu uma de jornalismo stalinista do Pravda: limitou-se a dizer que a manifestação era da "direita radical" americana (sic). Quando não conseguiu omitir o impacto gigantesco nas ruas contra as ações estatizantes de Obama, simplesmente desmereceu os manifestantes, como "conservadores", teleguiados pelas empresas e aglomerações de saúde privada (o discurso socialista já está implícito nesses estereótipos). A mídia brasileira também tentou reduzir sua importância, pactuando com a distorção e a mentira. Na Folha de S. Paulo, foram apenas "milhares". . . O conservador, seja no Brasil ou nos EUA, não tem direito de palavra nas democracias. A mídia sempre publica más intenções inexistentes neste ser censurado, perseguido, caluniado. Na verdade, são os próprios formadores de opinião que colaboram para o crime, mentindo, enganando e induzindo a população ao erro.

Tais manifestações espontâneas impressionariam o brasileiro médio, idiotizado por anos de doutrinação estatizante, crendo piamente que a mera expansão do Estado é fonte de direitos. Mesmo o europeu médio, eterno dependente do Estado e sufocado por impostos, acharia estranho que um povo lute contra os serviços goverrnamentais. Os escravos do Estado moderno mal percebem sua situação de decadência e tragédia. A questão a ser perguntada quando o Estado oferece o paraíso, mesmo dando o inferno, é: quem paga a conta? Neste ponto, os cidadãos americanos são muito mais conscientes do que os europeus e brasileiros. Rebelam-se em favor de suas liberdades, tal como há mais de duzentos anos atrás seus ancestrais jogaram o chá dos ingleses no mar e gritavam: No taxation without representation! Sabem que o modelo proposto por Obama é a destruição lenta e gradual da democracia norte-americana, da paixão pelas liberdades americanas, do sentimento de independência do cidadão norte-americano. O Sr. Obama quer transformar o povo americano numa versão caricatural do povo brasileiro, fanatizado por Lula, ou do europeu, o servo por excelência do Estado: um bando de carneirinhos que o idolatrem porque é bonzinho, criando milhões de burocratas para mamar nas tetas do Estado e do contribuinte.

A nação norte-americana resiste contra a força do ogro filantrópico que manchou de sangue o século XX e ameaça arruinar o século XXI: a praga do humanitarismo do Estado!

Fotos (clique e veja): http://www.lookingattheleft.com/2009/09/conservative-woodstock-rocks-the-capital/

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