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sexta-feira, 17 de julho de 2009

Repassando - sobre as FFAA brasileiras

Um amigo me manda este por e-mail, ele que faz o primeiro comentário (cor azul):

A carta abaixo é de um amigo militar, um dos poucos que espontaneamente me oferecem informes, ensinamentos e comentários esclarecedores.

É singularmente inteligente, culto, ponderado, ético e em especial, profundo conhecedor do Exército - de seu tempo e de agora.

Por favor, leia e com particular atenção seus últimos comentários.

Confirma o que tem repetido um outro militar da reserva, conhecido como estrela máxima da Inteligência Militar em seu tempo, e agora um historiador: "Há muito que o Gen. Enzo vem sendo vítima de injustiças. Quem o critica não tem noção da brilhante integridade de seu caráter."

M.

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Prezado Mano:


Estou para comentar algumas situações já há alguns dias. Como tenho corrido atrás de uns trocados, o tempo tem andado curto.

Inicialmente afirmar que não sou dono da verdade e não expresso a maneira de pensar e de agir do Alto-Comando. Por ter servido dez anos no Alto-Comando e por ter 11 companheiros de turma no posto de General de Divisão, conversar com todos eles de forma aberta, penso ter formado uma imagem da maneira de pensar da cúpula.

Outra colocação importante é a de que é uma perda de tempo armar discussões entre pessoas que, de uma maneira ou de outra, buscam fins comuns, ou seja: não gostam dos petistas e não estão satisfeitas com o atual governo. Caso não entendamos essa realidade, acabaremos imitando a esquerda, criando a atomização dos descontentes com o Lula (veja que não falei em atomização da direita, pois ideologicamente falando direita e esquerda são farinhas do mesmo saco...).

Em 2.000 fui aluno da ESG (meu último curso como milico). Na turma havia um civil com uns 150 kg de peso que se auto proclamava analista militar. Sabia muito pouco. Cometia erros elementares, mas dava pitacos em tudo. Conduzindo uma palestra do meu grupo de trabalho e argüido de forma grosseira por essa pessoa, respondi-lhe que: quem não era, nem ao menos, reservista de 2ª categoria (deduzi em função do seu excesso de peso que provavelmente não teria servido as FFAA) não poderia, jamais, se auto intitular estrategista militar. Fui aplaudido pelo auditório da ESG em peso.

Da mesma maneira, há que se tomar cuidado com opiniões, de militares ou não, veiculadas pela internet. Quem são esses militares ou pessoas? Que conhecimentos e experiências possuem? Pertencem ao grupo dos que ficaram pendurados na broxa ou se beneficiaram exercendo cargos durante os governos militares? Possuem a vivência que só o desempenho de altos cargos proporciona? Veja bem: pessoas como eu (Coronéis) nos governos militares eram ministros ou funcionários de alto nível e não andavam, como eu, correndo de um lado para o outro, ganhando uns trocados, fazendo palestras aqui e ali... Muitos militares de pijama nem ao menos se deram conta que os governos militares acabaram em 1985. A solução deles continua a mesma: dê um soco na mesa. Absolutamente ridículo!

Bem o final dos governos militares foi melancólico. Figueiredo saiu pela porta dos fundos sem passar a faixa. A campanha das diretas já não deixou dúvidas. Os que lutaram, da minha geração, ficaram pendurados na broxa. Um só Oficial do DOI/IIEx foi promovido ao Generalato, e assim mesmo, foi preterido como General de Brigada.

Os pendurados na broxa serviram de exemplo aos demais: não se metam a fogueteiros (sem apoio do povão vocês acabarão na merda...). Essa é a verdade que impera. Só tem o direito de opinar e dar pitaco quem ficou pendurado na broxa, irmão. Na verdade é isso! Aonde estavam todos os que julgam militares como cagões e, em 1985, não foram para as ruas afirmarem que queriam a permanência dos milicos? Veja o caso da Venezuela: há passeatas a favor de Chaves, mas também existem as passeatas contra o Chávez. Em 1985 a população a favor dos milicos não lotava uma Kombi!

Os milicos erraram. Todos os seres que fazem e são produtivos erram. A única maneira de não errar é nada fazer. Até Cristo, ser perfeito errou (chicoteou os vendilhões do templo, perdendo a paciência com eles...), logo os milicos erraram também. Eu digo que erramos muito, só que o muito que erramos perto do que acertamos, transforma-se em quase nada de erros. Agora, os civis conscientes também têm que entender que erraram e foram omissos.

Essa é a única maneira de começarmos a fazer algo. Acusações não ajudam e tampouco criam algo palpável e desejável.

Quanto ao General Enzo, ele é o único Comandante de Força que não tem quaisquer tipos de diálogos com o Lula e muito pouco diálogo com o Jobim.

Veja o resultado: cite-me um único caso, veja bem, um único caso, de algum TO resolvido em cima dos poderes marítimos ou aeroespaciais. Para facilitar a resposta, eu mesmo vou responder: não existe! As campanhas são perdidas por exércitos ou ganhas por exércitos devidamente apoiados por marinha e aeronáutica. Eu disse apoiados! Os únicos “burreras” (serão burreras ou estão apoiando futuros “cumpanheros”?) que não sabem disso são os estrategistas do Lula! Jobim está na França comprando 425 helicópteros e 36 aviões para a aeronáutica e 4 submarinos Scorpene e mais um casco para submarino nuclear para a marinha; enquanto o Exército não tem dinheiro para alimentar a tropa em Agosto!

Desculpe o linguajar que se segue: quem não come não peida! Ou seja, o Exército brasileiro não come há década e meia, portanto nem a peidos teria condições de atacar alguém.

Fico por aqui, para poupar o amigo de mais aborrecimentos.

Abraços

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