Ocupação de espaços na sociedade, fomentar a luta de classes, criar atos de desobediência civil e se preparar para uma luta armada. Esses são alguns pontos dos “cursos de capacitação de militantes”, ministrados para integrantes do MST.
Cavaleiro do Templo: leiam estes artigos (AQUI e AQUI) para mais informações sobre a estratégia de dominação comunista destes movimentos no Brasil.
Os cursos de capacitação de militantes de base do Cone Sul são realizados, de forma periódica, a partir de uma parceria entre o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) e a CLOC (Coordenadoria Latino-Americana de Organizações do Campo). Uma das versões desses cursos, o que foi realizado em 1999 na Chácara São Francisco em Sidrolândia, antigo seminário cuidado por dois padres capuchinhos, chegou a ser documentada em uma série de reportagens publicadas no jornal O Estado de São Paulo.
Uma característica comum a todos os cursos é o trabalho ideológico feito junto aos militantes. A ocupação da terra para nela trabalhar já não é a questão principal.
Ocupação de espaços na sociedade, fomentar a luta de classes, criar atos de desobediência civil e se preparar para uma luta armada. Esses são alguns pontos dos “cursos de capacitação de militantes”, ministrados para integrantes do MST. Esses itens foram tirados de uma das apostilas utilizadas no 5º curso de capacitação de militantes de base do Cone Sul, realizado entre os dias 20 de abril e 17 de maio de 2002 na Chácara dos Padres Palotinos, em Glória de Dourados. Os cursos são para militantes do Brasil, Paraguai, Argentina, Chile e Bolívia. Os instrutores são brasileiros e estrangeiros.
As apostilas, todas elaboradas em espanhol pelo MST e pela CLOC, abrangem temas como relações internacionais, história da luta por terras em diversos países, introdução à filosofia, comunicação popular, economia política, entre outros.
Um dos assuntos do curso foi intitulado “Os desafios atuais do MST”, e na apostila se coloca a necessidade de ocupação de espaços cada vez maiores na sociedade como base de mudança estrutural. “A ocupação de espaço deixa de ser uma ação oportunista para se transformar em uma atitude revolucionária”, pode-se ler na introdução do tema.
Uma das indicações do curso é sobre a forma de ocupar espaços na sociedade. “A sociedade não é algo abstrato nem tampouco se compõe só de pessoas. A sociedade é algo concreto, que se organiza no tempo e no espaço, com pessoas, estruturas, normas, valores e culturas. Por isso quando falamos em ocupar espaços devemos especificar que lugar é esse e de que maneira se pode fazer isso sem ferir a sociedade. Primeiramente ganhando a sua simpatia e, num segundo momento, garantindo a sua participação”, afirmam os instrutores.
Quando se fala em guerrilha não existe exagero. Durante o curso os militantes aprendem que é necessário retomar a discussão sobre um “projeto nacional que se contraponha ao projeto de globalização, formule novas táticas para desenvolver a luta de classes no país e termine com a ilusão de democracia social de mudar as estruturas apenas com a via eleitoral”. O que está sendo proposto, na realidade, é a ruptura com o sistema democrático e mudanças através de um sistema revolucionário.
Uma das táticas aprendidas pelos militantes durante o curso são as formas de lutar para mudança ou alteração das leis. Segundo a apostila, uma das formas eficientes é a desobediência civil. “Quando as leis são feitas para garantir o privilégio de uma minoria... devem ser desobedecidas”. Para que isso possa acontecer o que se propõe são invasões para “garantir” a manutenção de direitos. São dados exemplos como o da educação. A proposta é, se não existem vagas numa determinada escola para todas as crianças, os pais devem ocupar a escola e só desocupá-la quando as vagas estiverem garantidas. O mesmo é proposto com relação à saúde, com a ocupação de postos de saúde.
Os militantes aprendem durante o curso que a população, pouco a pouco, deve se organizar, se transformar numa “força organizada” para atingir seus objetivos. “A composição dessa força se dará através da expressão orgânica que essa organização adquire, podendo se manifestar na forma de partido, organização política, exército ou frente de diversas forças que buscam os mesmos objetivos”.
Esses objetivos são detalhados um pouco mais adiante, na apostila. “O verdadeiro princípio das forças de transformação estão nas massas organizadas, que devem seguir e formular a teoria revolucionária para que esse grande movimento social possa realizar a revolução”.
Para que os militantes possam ter uma base melhor de entendimento dos preceitos ministrados pelos instrutores, uma das disciplinas do curso é denominada “Princípios da teoria revolucionária e científica”, onde se estuda, basicamente, a teoria marxista.
Na apostila eles deixam claro que “o marxismo é a ciência da história” e como tal se desenvolveu através de novas perspectivas criadas a partir dos acontecimentos verificados no último século. Eles citam três autores que teriam contribuído para a evolução do marxismo no Brasil: Florestan Fernandes, Darcy Ribeiro e Paulo Freire.
“Esses companheiros tiveram a coragem de avançar o marxismo de acordo com a nossa realidade no campo da sociologia, pedagogia e antropologia”, afirma.
A apostila é encerrada com um pensamento. “Se alguém disser que esses espaços não devem ser ocupados por nossa organização porque esses temas não nos competem, diremos, sem medo de nos equivocar: os audazes sempre prevalecem sobre os medrosos”.
“Es justo en este momento que se hace elemental retomar la discusión sobre cuestión del proyecto nacional que se contraponga al proyecto globalizador formule nuevas tácticas para desarrollar la lucha de clases en el país y termine con la ilusión demócrata social de luchar por el cambio solo por vía electoral”.
La población debe acostumbrarse a ser desobediente, siempre que sienta que sus derechos están siendo amenazados o negados. Como ejemplo podemos citar la educación. El gobierno garantiza que la educación debe ser gratuita y obligatoria, pero los padres de familia no encuentran lugares en las escuelas”.
Para que os trabalhadores tenham um incentivo cada vez maior para as ações, o sentimento deve ultrapassar ao da própria necessidade de terra para trabalhar. O sentimento deve chegar a um ponto quase religioso. Para isso é trabalhada, durante os cursos, a questão da “mística” do MST. Ali aprenderam que, “na Mística, os símbolos desempenham o papel de guias que representam o esforço coletivo; não são mitos, são reais e, por isso, cantar o Hino (Nacional) com os punhos fechados não é um simples gesto, representa desobediência à ordem estabelecida”. A bandeira e a foice são os principais símbolos do MST e devem ser exibidos com orgulho e destaque nas caminhadas, ocupações de prédios públicos, marchas, acampamentos e invasões de terra. “A militância precisa de um templo que consolide seu caráter e o compromisso com os ideais de uma nova sociedade: a mística tem essa função!”
Somados à CONTAG (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura), à CUT (Central Única dos Trabalhadores), ao Partido dos Trabalhadores (PT), e valendo-se do apoio de entidades religiosas “úteis” como a CPT (Comissão Pastoral da Terra), da Igreja Católica, além de múltiplas ONGs (Organizações Não-Governamentais) nacionais e estrangeiras, dinheiro não é nem será problema para bloquear estradas, promover invasões, ocupações e acampamentos em todo o País, sob o comando da Coordenação–Geral. Dinheiro doado pelo próprio governo, a meta é a tomada do poder. Ou, como todos os documentos do MST são finalizados, “Até a vitória, sempre”.
Fonte: Folha do Povo – Campo Grande/MS – 22 novembro 2005
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