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segunda-feira, 16 de março de 2009

Etnocentrismo ou Relativismo Cultural: Um Ensaio Refutativo

LIBERTATUM
Por Klauber Cristofen Pires | SEXTA-FEIRA, MARÇO 13, 2009 



Diariamente, quando me dirijo à escola para levar a minha filha, deparo-me com um distinto senhor, a chegar também com um menino, presumivelmente seu filho. Um homem normal, com um semblante sereno, caminhar seguro, e um detalhe: é corcunda e possui o braço direito atrofiado. Então pensei: e o que seria da nossa sociedade se, imbuído do “tanto-faz” que a doutrina do relativismo cultural apregoa, este nobre cidadão, mui provavelmente um homem produtivo e possuidor de uma rede de pessoas a quem ama e por quem é amado, tivesse a cabeça esmagada por uma pedra na sua primeira hora de vida?

Caro leitor, você já pensou nisso? Bem, agora eu pergunto: se o seu filho, recém-nascido, viesse ao mundo com síndrome de Down, você esmagaria o seu crânio com uma pedra? E se nascesse menina, você a largaria na sarjeta ou a enterraria viva? Concordaria que o governo do seu país convocasse uma filha sua para servir de objeto sexual para os nossos heróis no front de batalha? Aceita que uma jovem tenha os lábios vaginais e o clitórios cortados? Aceita que uma mulher seja apedrejada por revelar o seu rosto publicamente? Aceita viver como um paria, tal como são tratados os “intocáveis” na Índia?

Note que estas indagações nos remetem a uma questão moral filosoficamente absoluta: se não praticamos tais atos, é porque os consideramos horríveis; é porque os repudiamos in totum, e isto não tem nada a ver com o lugar em que estamos: são os valores que assumimos como verdadeiros. O fato de que sejam praticados alhures não se confunde com a presunção de aceitá-los como normais, mas sim deve-se à nossa falta de jurisdição sobre os povos que o praticam, em suma, à nossa incapacidade material de impedi-los. Se aceitarmos estas práticas como elementos culturais normais de outros povos, inescapavelmente teremos de assumir que somos indiferentes quanto a matar, mutilar ou escravizar: tertium non datur!

Pois esta é a proposta do relativismo cultural tal como defendida por seus formuladores, a maioria esmagadora dos sociólogos e dos antropólogos. Sociólogos sempre afirmam serem neutros quanto à ciência que praticam, mas fazem questão de afirmar: relativismo é “bom”, e etnocentrismo é “mau” (com “u” mesmo). A quem, contrario sensu, ousar, digamos, “discutir a relação”, passa a ser rotulado como “etnocentrista”. Como se vê, a visão socio-antropológica da questão é firmemente maniqueísta e manipuladora: Escolha o seu lado, o mau, ou o bom! Cumpre-nos, pois, verificar o teor de verdade desta conceituação, e verificar se resistem a alguns fatos.

Primeiro, vamos conversar sobre o Cristianismo, a doutrina fundadora de toda a civilização ocidental. Terá Jesus Cristo afirmado, em algum momento, que Sua palavra era para ser seguida somente pelos brancos, especialmente pelos europeus, logo ele, que, no plano terreno, era hebreu, e portanto, segundo as doutrinas racialistas, um membro de uma raça inferior? Ou será que Seus ensinamentos eram – e continuam sendo - de validade universal? E mais: não é um dos mais caros princípios a um cristão respeitar e amar o próximo como a si mesmo? Não é propriamente um dos seus mais basilares mandamentos?

Ora, não há como escapar aqui: ou entendemos que o Cristianismo contém a Verdade, e nos esforçamos para divulgá-la, ou entendemos que tanto faz seguir o Cristianismo ou o Fetichismo de alguma tribo qualquer – afinal, tudo é mera convenção.

Assim, temos de diferenciar duas coisas: respeitar e amar os outros é uma obrigação inerente à nossa própria cultura, mas isto não significa que temos de abrir mão dos nossos valores em favor dos deles, sob pena de entrarmos em um labirinto niilista e contraditório. Explico: dado em conta que os antropólogos não exigem que os relativizados comportem-se como relativistas, eles (os povos relativizados) acabam sempre se comportando como etnocentristas. Assim, como eles não abrem mão da própria cultura, nós é que, no afã de sermos “bonzinhos”, acabaremos por aceitar a deles. Então, agora sob este cenário, imaginemos que a cultura deles preveja a extinção dos estrangeiros, ou o sistema escravocrata: estaríamos estão, desde que importássemos os seus valores, permitidos a matá-los ou escravizá-los, ou, em termos mais claros, a praticar o mais vil etnocentrismo!

É possível também identificar outro fator de contradição a partir do consagrado método denominado “observação participante”, criação do antropólogo Bronislaw Kasper Malinowski[i]. Por meio dele, o antropólogo passa a viver junto com o povo estudado, para adquirir a sua língua e os seus costumes mediante a convivência diária. Contudo, dizem os especialistas, este método possui limitações, dado que o pesquisador não deve participar de guerras tribais ou de rituais de sacrifícios. Então aqui pergunto: por quê tanto comedimento? A ordem não é relativizar? Pois eu queria saber a opinião de um cientista que tivesse logrado fugir de um caldeirão de uma tribo de canibais!

Em tempo: se levarmos esta limitação mais adiante, poderíamos formular a seguinte pergunta: como resistiria o conceito de relativismo cultural se a cultura relativizada passasse a agredir sistematicamente a cultura relativista? Aqui temos alguns exemplos muito elucidativos: creio que atualmente sejam poucas as sociedades onde o conceito de relativismo social seja mais praticado do que os países europeus. Pois bem, acompanhem a algumas notícias a seguir:

“O número de pessoas que emigram da cidade de Malmø está alcançando níveis recordes. Os suecos, que há duas décadas atrás decidiram abrir as portas a “refugiados” muçulmanos e pessoas em busca de asilo, agora tornaram-se refugiados em seu próprio país e estão sendo forçados e fugir de suas casas. As pessoas que abandonaram a cidade mencionam o crime e o temor pela segurança de suas crianças como a principal razão por a deixarem.[ii]

“Malmø. Suécia. A polícia agora publicamente admite o que muitos escandinavos já sabiam há muito tempo: ela não mais controla a situação na terceira maior cidade do país. Ela é efetivamente governada por violentas gangues de imigrantes muçulmanos”[iii].

“Com o apoio da British Advertisings Standards Authority, desde janeiro de 2005 os muçulmanos ingleses lançaram uma campanha para proibir outdoors que, pela exibição ou insinuação de nudez, fira os seus sentimentos religiosos. O Canadá foi um pouco além: está discutindo seriamente, por sugestão de um ex-procurador geral, a hipótese de adotar a shari'a (conjunto de mandamentos corânicos) como lei reguladora para os residentes muçulmanos, que assim teriam direitos e deveres diferentes daqueles que pesam sobre o restante da população (com a conseqüência inevitável de que, com o crescimento demográfico desproporcional, logo a shari'a dominará todo o Canadá).[iv]

Com relação à França, surgem as lembranças das rebeliões do ano de 2005, também provocadas por imigrantes, a maioria de origem de países muçulmanos, especialmente argelinos. Esta gente, que não foi convidada, mas que buscou o país gaulês em busca de melhores condições de dignidade e de vida, recebia regularmente do governo francês toda sorte de atendimento gratuito, tal como habitação, assistência médica, educação e até mesmo proventos pagos em domicílio pelos correios! Todavia, não contentes, protagonizaram a barbárie que se viu, e hoje exigem da sociedade francesa que reconheça as tradições que fizeram as suas sociedades de origem tornarem-se tão disfuncionais.

Na Dinamarca, por sua vez, algumas charges produzidas por um pequeno jornal serviram de pretexto para as mais exaltadas e violentas manifestações, dentro e fora daquele país. Tendo como pretexto a publicação em uma das figuras em que um possível rosto de Maomé é retratado com um turbante carregado de explosivos, estes imigrantes, repito aqui - não convidados - pisotearam o pavilhão daquela nação escandinava, sem o menor constrangimento em saber que naquela flâmula também se inscreve um símbolo sagrado, a cruz dos cristãos. 

Outro caso, particularmente interessante, é que os antropólogos conceituem o etnocentrismo como sendo característicamente “europeu” (no sentido de “branco” ou “ocidental”). Assim, por exemplo, os astecas, que subjugaram os povos militarmente mais fracos da América Central e que lhes impingiram a dominação por via do terrorismo consagrado em rituais diários de sangue, não eram “etnocentristas”, mas eram etnocentristas Cortez e os pouco mais de quinhentos homens chegados da Espanha que, com a ajuda destes povos dominados, acabaram com a festa! A propósito, sugiro ler o interessante artigo do filósofo Olavo de Carvalho “Outra História Velha” (Jornal da Tarde, 31/01/2002, disponível em http://www.olavodecarvalho.org/semana/01312002jt.htm).

Agora, vamos analisar o problema da dicotomia etnocentrismo X relativismo cultural sob outro ângulo. Dadas as conceituações estabelecidas por seus próprios propositores, é um pressuposto lógico admitir que não há de coexistirem ambas as posições, a etnocentrista e a relativista, dado que são mutuamente excludentes. Pois, será correto então que venha a ser advogada uma ou outra posição, ao sabor de meras conveniências? Refiro-me aqui especialmente ao caso indigenista brasileiro. No tanto em que o etnocentrismo “do branco” não pareça incomodar os índios que vendem madeira e pedras preciosas e com o dinheiro adquiram antenas parabólicas, freezers e invejáveis caminhonetes de cabine dupla, ou quando acodem, às vezes violentamente, aos órgãos de assistência em busca de alimentos, roupas e remédios sem pagar um centavo em impostos, logo o discurso se reverte para o relativismo quando tratamos de assassinatos, estupros e antropofagia cometidos contra pessoas da dita civilização! 

Talvez não tenha ocorrido a tal gente que o mundo chamado de ocidental configure-se, antes disso, como “universal”. Atualmente, o mundo todo vai aos poucos assimilando as conquistas desta e daquela civilização que pareceu, de uma forma ou de outra, ter sido mais aceito. Hoje, em todo o orbe, escreve-se com tipos latinos, fala-se o inglês, calcula-se com algarismos hindu-arábicos, usam-se as mesmas notações musicais, e provam-se a comida, as vestes, a música e os elementos estético-arquitetônicos uns dos outros, e sobretudo, respeitam-se princípios básicos concernentes à vida humana e à sua dignidade, conceitos estes, frise-se, no fundo, de origem cristã.

Um notável exemplo de universalismo é o Japão. Com uma cultura tardiamente medieval, jogou-se em guerra de conquista sobre outros povos, tais como a China, o sudeste asiático (Malásia e Cingapura), bem como também a Austrália e a outras nações insulares. Nestes países, agiram segundo o que realmente aqui poderia ser chamado de cultura etnocentrista: impuseram a língua japonesa como idioma oficial, e trataram de eliminar os indivíduos nativos que ocupassem posições de elite, a maioria com a cabeça decepada por reluzentes katanas (a espada samurai). Desapropriaram seres humanos pacatos, escravizaram-nos e violentaram mulheres. 

Isto tudo prosperou, e teria continuado se - e repito, se - depois da bomba de Hiroshima – que remédio amargo (!) - não tivessem percebido o estado de barbarismo em que viviam, e não tivessem mudado radicalmente. O próprio imperador Hiroito declarou ao mundo não ser um Deus, e todos aquelas atrocidades antes tidas como culturalmente normais foram abandonadas por toda a população, que hoje se horroriza quando as naturais exceções ocorrem, como, por exemplo, quando aconteceu o assassinato de uma diplomata japonesa, em sua residência, em Belém, por uma quadrilha de assaltantes. Creio que não seria exagero dizer, a partir dos valores que hoje consagram, que tornaram-se cristãos, embora sem o admitir formalmente. Hoje, o povo japonês, ao contrário do período que antecedeu o fim da 2ª GM, corre o mundo com ajuda humanitária e tecnológica, sua cultura é unanimemente admirada e seus costumes, antes desconhecidos do mundo ocidental, são alegremente absorvidos e consumidos no mundo todo.


[i] Sobre Malinowski, verhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Bronis%C5%82aw_Malinowski.

[ii] The number of people emigrating from the city of Malmø is reaching record levels. Swedes, who a couple of decades ago decided to open the doors to Muslim "refugees" and asylum seekers, are now turned into refugees in their own country and forced to flee their homes. The people abandoning the city mention crime and fear of the safety of their children as the main reason for leaving. (Artigo traduzido do sueco para o inglês e disponível emhttp://www.jihadwatch.org/dhimmiwatch/archives/003131.php. A notícia original, em sueco, está disponível emhttp://www.aftonbladet.se/nyheter/article232766.ab)

[iii] Malmø, Sweden. The police now publicly admit what many Scandinavians have known for a long time: They no longer control the situation in the nations's third largest city. It is effectively ruled by violent gangs of Muslim immigrants. Some of the Muslims have lived in the area of Rosengård, Malmø, for twenty years, and still don't know how to read or write Swedish. Ambulance personnel are attacked by stones or weapons, and refuse to help anybody in the area without police escort. The immigrants also spit at them when they come to help. Recently, an Albanian youth was stabbed by an Arab, and was left bleeding to death on the ground while the ambulance waited for the police to arrive. The police themselves hesitate to enter parts of their own city unless they have several patrols, and need to have guards to watch their cars, otherwise they will be vandalized. "Something drastic has to be done, or much more blood will be spilled" says one of the locals. (Artigo traduzido para o inglês, disponível emhttp://www.jihadwatch.org/dhimmiwatch/archives/003131.php, a partir do original em sueco, disponível emhttp://www.aftonbladet.se/nyheter/article232766.ab)

[iv] CARVALHO, Olavo de, Alquimia da islamização. Emhttp://www.olavodecarvalho.org/semana/051121dc.htm . Acesso em 13/03/2009.

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