Coronel Luis Alberto Villamarín Pulido
Analista colombiano de assuntos estratégicos www.luisvillamarin.co.nr
Seria ilusório demais pensar que o governo brasileiro de Lula da Silva é motivado por interesses humanitários claros na calculada, manipulada e propagandeada libertação de seis seqüestrados, como parte da metódica comédia que montaram Piedad Córdoba, os autodenominados intelectuais amigos da Colômbia e as FARC, com a finalidade de ressuscitar os terroristas no âmbito político, e, ao mesmo tempo, tratar de desprestigiar o governo colombiano.
Duas razões concretas explicam tal realidade. A primeira, porque em política não há nada gratuito. Ninguém dá ponto sem nó. E a segunda, porque as FARC fazem parte do entorno estratégico a médio e longo prazo, de unificar regimes esquerdistas em todo o continente latino-americano.
Antecedentes comprometedores indicam que além do interesses humanitário pré-existem sérias coincidências ideológicas e metodológicas das FARC com Lula da Silva e muitos de seus co-partidários do PT. Por exemplo, nem o mandatário brasileiro nem as FARC puderam demonstrar o contrário a respeito dos rumores sobre o apoio de cinco milhões de dólares que “Tirofijo” enviou à segunda campanha presidencial de Lula.
Por outro lado, as revelações parciais que os meios de comunicação fizeram acerca dos nexos de vários funcionários do governo brasileiro com as FARC, encontrados nos computadores de Raúl Reyes, deixaram entre os analistas do tema a sensação de que o presidente Uribe Vélez manejou o tema com cordialidade e que, talvez, apesar de outras informações mais graves preferiu “não tocar” no Brasil, com a intenção de não afundar ainda mais a complexa crise regional que em forma de vitrine desataram os governos da Venezuela, Equador e Nicarágua, quando ficou a descoberto o complô contra a Colômbia.
Soma-se a isto, a estreita aproximação de Lula com o governo francês na aquisição de armamento sofisticado e a iminente transferência de tecnologia nuclear de Paris para Brasília, assim como a persistente idéia encabeçada por Lula de conformar uma aliança militar sul-americana que desconheça por igual o Tiar da OEA, e a incidência do Pentágono na segurança nacional de cada um dos Estados do hemisfério.
Indiretamente, a iniciativa da espécie de “OTAN Sul-Americana” pretende a reação contrária de Uribe, para deixar a Colômbia fora da aliança, e a longo prazo utilizar as FARC como um ás estratégico dentro do projeto de expansão geopolítica e geoestratégica do Socialismo do Século XXI na América Latina.
Em todos estes mecanismos o governo francês esteve presente na sombra. Primeiro, com as negociações paralelas com as FARC para libertar Ingrid Betancourt, pelas costas do governo colombiano; em seguida, com o exibido périplo de Ingrid e depois com os permanentes negócios de alto nível com o Brasil, dirigidos para deixar os Estados Unidos fora da torta geopolítica hemisférica e potencializar o Brasil como o líder regional.
Afora isso, os arquivos eletrônicos dos computadores de Reyes, somados às investigações de analistas políticos brasileiros, demonstram que há vários anos detectou-se uma marcada infiltração dos comunistas em importantes escalões de comando da Força Aérea desse país. Com a circunstância agravante de que, com a cumplicidade de alguns funcionários oficiais e dirigentes comunistas brasileiros, o terrorista Francisco Collazos, codinome “Oliverio Medina” ou o “padre Camilo”, membro ativo da chamada Frente Internacional das FARC, burlou os serviços de segurança internacionais e conseguiu asilo político consentido pelo próprio Lula da Silva.
Com mais um ingrediente: enquanto Chávez e Correa tinham Rodríguez Chacín e Correa em acordos diretos com as FARC, Lula tinha cinco funcionários de alto nível comprometidos no mesmo complô. Quando a trama foi descoberta, Chávez e Correa se defenderam com grosserias e ofensas baixas contra a Colômbia. Entretanto, Lula se fez de desentendido e descartou qualquer responsabilidade em uma mescla de cinismo e aparente dignidade de presidente de uma das dez potências econômicas do mundo.
A questão resulta mais sintomática, uma vez que, com muitas desculpas e piedosas mentiras, a administração Lula descartou a responsabilidade política e histórica de qualificar as FARC como terroristas, assim como em desenvolver uma campanha militar mantida na fronteira com a Colômbia, para destruir vários acampamentos guerrilheiros instalados na floresta amazônica, cortar os nexos dos narcos brasileiros com os terroristas colombianos e deportar vários propagandistas das FARC que se movem como Pedro em sua casa, tanto em universidades como nos corredores de prédios oficiais brasileiros.
Não é desatinado afirmar que o Exército brasileiro, outrora instituição visivelmente anticomunista desse país, está submetido a uma tensão que não se pode predizer, com pleno conhecimento de que foram amordaçados, enquanto os populistas dirigentes políticos estão imersos na estratégia política traçada desde Havana, tendente a submeter todo o continente ao arcaico esquema marxista-leninista.
Por trás de toda a maquinação midiática que as FARC e seus sócios deram à audaciosa libertação unilateral de seis seqüestrados, o engambelado lance persegue objetivos políticos e estratégicos que projetam Lula como um pacifista internacional e as FARC como um movimento político não-terrorista. É outra aresta do mesmo esquema que Chávez e Iván Márquez montaram na sede da PDVSA em finais de 2007, com a libertação dos seqüestrados. As petições que os terroristas façam ao longo das próximas libertações e a atitude que Lula assuma em torno delas, darão as luzes para esclarecer os alcances do estratagema.
Neste sentido, a contribuição das aeronaves militares brasileiras à Cruz Vermelha Internacional com o aparente distanciamento de Lula, supostamente mais interessado na libertação dos seqüestrados que em conseguir lucros pessoais, espelha que por baixo da mesa se move mais um estratagema do complô contra a Colômbia, que seguramente se conhecerá quando caírem os arquivos pessoais de outro cabeça das FARC.
Como parte dessa estratégia articulada, Chávez visitou Uribe dias atrás; Correa voltou a dar solavancos entre suas sugestões cantinflescas de segurança na parte colombiana e ortodoxa fidelidade marxista-leninista; as FARC reativaram os ataques terroristas em áreas urbanas e, Piedad Córdoba, se apropriou do tema da liberdade dos seqüestrados, como se estivesse lavando sua deteriorada imagem perante o eleitorado, com o duplo propósito de ganhar dividendos políticos pessoais e, ao mesmo tempo, ridicularizar seu arqui-inimigo, o presidente Uribe. Além disso, é a candidata de Chávez e das FARC, útil para o chamado “governo de transição” para o socialismo.
A médio e longo prazos, o Estado colombiano deve ir com pés de chumbo em torno da libertação dos seqüestrados e a quase iminente providência das FARC, que vão pedir status de beligerância, com a permissão do governante do país mais poderoso da região, enquanto os idiotas funcionais - incluídos os que vivem como ricos nos Estados Unidos e vociferam como “proletários” para a América Latina -, crêem que os mancomunados esqueceram a conspiração dinamizada pela Coordenadora Continental Bolivariana, os “esquerdistas” disfarçados e as FARC, em honra de ressuscitar o cadáver político dos terroristas.
Por essa razão esses esquerdistas estultos caluniam o governo colombiano, asseveram que os conteúdos dos computadores de Reyes são falsos e que Correa criminalizou as FARC. Ou são ingênuos, ou fazem parte do mesmo complô contra a Colômbia.
O certo é que nem Lula nem seu governo têm sido aliados da Colômbia na luta contra o narcterrorismo mas, o que é pior, interessa-lhes e lhes convém que as FARC existam para continuar obstinados no projeto de submeter a Colômbia ao ambicioso projeto de expansão castro-chavista. Nem mais, nem menos.
Essa é a verdadeira intenção de Lula. De quebra, a manipulada libertação unilateral dos dirigentes políticos e quatro uniformizados em poder das FARC, lhe proporcionou a oportunidade de ouro para recompor o caminho da estratégia internacional dos remanescentes comunistas latino-americanos. Uma vez mais, os esquerdistas moderados e armados estão brincando com a dor das vítimas do seqüestro. E os meios de comunicação ansiosos pelo furo de reportagem, lhes fazem o jogo.
Tradução: Graça Salgueiro
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