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domingo, 26 de outubro de 2008

A próxima crise americana (por Olavo de Carvalho)

DIÁRIO DO COMÉRCIO
Por Olavo de Carvalho - 28/9/2008 - 22h35

Para fins de destruição dos EUA, colocar Obama na presidência é um grande avanço, mas a crise constitucional que pode se seguir à declaração da sua inelegibilidade retroativa é melhor ainda.

Jamais se vasculhou o passado de alguém com tanta ânsia de encontrar crimes e vergonhas como a grande mídia tem vasculhado a vida de John McCain e Sarah Palin. Até o momento, tudo o que se encontrou foi uma garota que transou com o namorado, um policial demitido em circunstâncias um tanto deprimentes e um assessor de campanha que teria sido bem remunerado por Fannie Mae e Freddie Mac. E, destas três miseráveis picuinhas, nada se provou de ilegal quanto à segunda e a terceira se revelou absolutamente falsa: o sujeito já havia se demitido da sua firma de advocacia quando ela começou a trabalhar para os gigantes falidos. Em compensação das atenções universais voltadas obsessivamente para essas antinotícias, nada ou quase nada se vê no New York Times ou na CNN – muito menos na mídia brasileira – sobre os fatos simplesmente escabrosos da biografia de Barack Hussein Obama – biografia tão repleta de lances comprometedores que não é possível contá-la, mesmo no estilo mais frio e comedido, sem dar a impressão de campanha difamatória. Nada desse calibre existe contra Sarah Palin ou John McCain. Nenhum dos que falam contra eles pôs a cabeça em risco, transformando as acusações em processo judicial. E olhem que as imputações do alegado companheiro de farras são o que há de mais brando e insignificante no currículo negativo de Obama.

Infinitamente mais sério é o processo por falsidade ideológica que corre contra ele num tribunal da Pensilvânia. Não foi movido por nenhum republicano fanático, mas por um conhecido militante democrata e antibushista, o advogado Phillip Berg. A petição inicial do processo vem anexada de várias peritagens que demonstram ser falsa a certidão de nascimento divulgada pela campanha de Barack Obama para provar sua cidadania americana. O que está em jogo não é somente a possível inelegibilidade do candidato, mas, independentemente disso, a sua condenação como falsificador de documento público. Berg solicitou que o tribunal apressasse a intimação do réu, por um motivo muito simples: se esta questão não for resolvida logo, e Obama vier a ser eleito, os EUA estarão metidos na maior crise constitucional da sua história. O presidente legalmente eleito não só terá de ser declarado inempossável, mas irá direto da glória para a cadeia. O eleitorado de Obama, após o monstruoso investimento emocional num candidato cuja biografia desconhece quase por completo, ficará naturalmente enfurecido e acusará a justiça americana de golpe. O país terá de escolher entre a Constituição e a paixão obâmica. Se escolher a primeira, estará dividido por uma fronteira de ódio insanável. Se escolher a segunda, terá, de um só lance, abdicado de toda a sua história, de todos os seus valores e de toda a sua dignidade no altar de um capricho de seus inimigos.

Como a carreira e a projeção de Barack Obama são obviamente uma criação de forças antiamericanas conjugadas - coisa que pode ser demonstrada facilmente pelas fontes do seu financiamento -, creio que aí se pode encontrar uma explicação bastante razoável para o desinteresse aparente com que o Partido Democrata tem tratado essa bomba-relógio destinada a explodir dentro de algumas semanas. Para fins de destruição dos EUA, colocar Obama na presidência é um grande avanço, mas a crise constitucional que pode se seguir à declaração da sua inelegibilidade retroativa é melhor ainda. Não tenho a menor dúvida de que os criadores do personagem Barack Obama estão perfeitamente conscientes do processo e da absoluta impossibilidade de contorná-lo.

As atitudes independentes e até insolentes tomadas nos últimos dias pelo candidato vice-presidencial Joe Biden são um sinal, discreto mas revelador, de que talvez os engenheiros do fenômeno Obama não contem tanto com usá-lo como presidente dos EUA, mas apenas como vírus para gerar a crise e dividir a nação por um conflito que ela não pode suportar. 

A coisa é tão grave que a própria campanha McCain-Palin prefere encobri-la, continuando a fingir que não há nada de errado com a candidatura. Nunca houve, na história americana, um silêncio tão explosivo. Muito provavelmente McCain sabe da destruição iminente do seu adversário e não quer posar como diretor de cena do vexame espetacular que se prepara. Mesmo na hipótese de que alguém intimide Philip Berg e o obrigue a retirar o processo, nada impede que milhares de outros processos similares sejam abertos até a véspera das eleições ou - pior ainda - mesmo depois delas. Obrigar o país a escolher entre sua Constituição e um ídolo pop – com o risco de uma guerra civil no primeiro caso e da completa desmoralização no segundo - parece mesmo uma piada demoníaca. Se os dois partidos fazem de conta que não sabem de nada é porque estão conscientes do inevitável. No último dia 24, fim do prazo para responder ao processo de inelegibilidade movido por Berg, Barack Obama não respondeu nada: apresentou um pedido de dispensa (motion for dismissal), típico recurso embromatório que, em geral, só torna o réu mais suspeito ainda.

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