Boletim Eletrônico de Atualidades - N° 76 - #3
Desde a aprovação da Convenção 169 da OIT- Organização Internacional do Trabalho que versa sobre os pretensos direitos dos povos indígenas ou tribais, ONGs, Pastorais,Sindicatos de trabalhadores rurais, Universidades e o Estado estão descobrindo novas “comunidades”, todas à procura de um “resgate histórico”, que nada mais é do que a pretensão de “retomarem `seus´ territórios”.
A reconstrução do Brasil primitivo
A Pastoral da Terra da CNBB, que é porta-voz da Teologia da Libertação, inspira e aglutina todo tipo de população dita “marginalizada” , para atuar em comum. Esta, por sua vez, tem a seu dispor para formação e orientação milhares de intelectuais de extrema esquerda e ativistas de todo tipo, que organizam conferências, Congressos, debates, eventos, exposições, manifestações etc., mantendo mobilizados esses incautos “povos”. Prometem propriedade, mas só concedem o uso. Coletivizam a terra. Contam com o auxílio inclusive financeiro de ONGs. Na região do Cerrado em Minas Gerais estão se formando os assim chamados povos Geraizeiro, Caatingueiro, Vazanteiro, Veredeiro, Xacriabá (indígena) e Quilombola (afro-descendentes).
Segundo o Boletim Famaliá “a denominação de povo Geraizeiro (localizado no Norte de Minas) está relacionada com as comunidades que vivem em ambientes de cerrados e que desenvolveram ao longo dos séculos, um modo de vida muito singular associando à produção de alimentos e a criação de animais com o extrativismo, com o aproveitamento das frutas nativas, plantas medicinais, madeira lenha e forragem (solta dos animais) em áreas comunais”. Com essas características pleiteiam a condição de povo tribal, sob a proteção da Convenção 169 da OIT.
O contexto é a “luta das populações tradicionais do norte de Minas Gerais, pela retomada de seu território”, para nele reconstituir o Brasil de 1.500.
É a mesma utopia: reconstruir o Brasil de 1.500 com as etnias tribais
Com os povos indígenas essas novas tribos poderiam dizer: “ Nós, povos marginalizados, passaremos mais 500 anos, se preciso for, dizendo a todos os excluídos essa verdade, e quando todos nós estivermos unidos em torno dessa causa, os governantes não serão mais ninguém, apenas uma névoa que um dia manchou a história desta terra e o horizonte desta gente” . Este texto foi tirado do livro Outros 500 – Construindo uma nova história, publicado pelo CIMI – Conselho Indigenista Missionário.
É uma nova vertente do mesmo comunismo e do mesmo anarquismo do século passado, que quer para nosso País uma nova civilização. O que está em jogo é a civilização brasileira: ou ela segue seu caminho trilhando os rumos benditos da civilização cristã ou será entregue à barbárie.
Os geraizeiros
No final do ano passado foi realizada em Vereda Funda, Rio Pardo de Minas a 3ª. Conferência Geraizera, com participação de mais de 100 comunidades, de mais de 30 municípios. Participaram também diversas ONGs, Pastorais, sindicatos de trabalhadores rurais, Universidades e o Estado de Minas Gerais.
Trata-se de uma “nova modalidade” de articulação, em tudo semelhante às das tribos indígenas e aos quilombolas.
Vejamos o que dizem os geraizeiros: “As comunidades geraizeiras do Norte de Minas tiveram seu território expropriado na onda desenvolvimentista da década de 1970/1980, que destruiu o cerrado para implantação de “monoculturas”. A expansão grandes empreendimentos resultou em sérios desequilíbrios ambientais: assoreamento de rios, secamento de nascentes, degradação dos solos e da rica diversidade de plantas e animais do cerrado, desestruturando assim o sistema de produção e o modo de vida geraizero, modo este intimamente vinculado ao ambiente natural”. Todas essas catástrofes estão afirmada, mas nada provado.
A verdade é outra. O que foi feito foi uma verdadeira colonização, com agricultores sobretudo do sul do País,que recuperaram uma terra pobre com a parceria da iniciativa privada. Mas essa verdade é inadmissível para o miserabilismo de certa “esquerda católica” que só admite que é bom o tribalismo e a reconversão do país a cinco séculos atrás.
Para onde caminham os geraizeiros?
Segundo eles próprios, desde 2000 as comunidades geraizeiras vêm desenvolvendo propostas para a retomada de seus territórios”... já apresentaram ao governo do Estado de Minas Gerais e ao Governo Federal um programa de Reconversão extrativista das áreas de “monocultura” do eucalipto e a constituição do RESEX – Reservas Extrativistas Geraizeiras. Essas comunidades encontram-se articuladas com o MASTRO – Movimento Articulado dos Sindicatos de Trabalhadores Rurais da Região do Alto Rio Pardo, com a FETAEMG, com a REDE DESERTO VERDE, com a VIA CAMPESINA, com a REDE CERRADO, com a Asa (Articulação do Semi-Árido) e com a ANA (Articulação Nacional de Agroecologia (sobre agroecologia vide página específica em www.paznocampo.org.br).
Nota: A 3ª. Conferência Geraizeira realizou-se na “comunidade” Vereda Funda que é considerada um marco da luta geraizeira pela “reapropriação” de seu território. Dizem que o município em que se encontra foi um dos mais devastados para a plantação de eucaliptos. Faz parte do complexo de mais de 1 milhão de hectares desta cultura que atinge a região norte-nordeste de Minas, uma das maiores áreas contínuas de eucalipto do planeta.
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