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quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Dólar fecha a R$ 2,31, maior taxa desde 2006; Bovespa desaba 4,16% - EXPLICA AÍ SAPO BARBUDO

FOLHA DE SÃO PAULO
EPAMINONDAS NETO da Folha Online - 07/10/2008 - 16h40

O mercado de câmbio superou, nesta terça-feira, as piores expectativas dos profissionais do segmento e bateu a taxa de R$ 2,31, a cotação mais alta desde 31 de maio de 2006. O desânimo dos investidores com a crise mundial, e a falta de moeda na praça, segundo operadores de corretoras, têm encarecido o dólar. Neste ano, o preço da moeda americana já subiu 30%.

Nas últimas operações de hoje, o dólar comercial foi negociado a R$ 2,311 na venda, com forte avanço de 5,14%. Nas casas de câmbio paulistas, o dólar turismo foi cotado a R$ 2,400, em alta de 3%.

A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) despenca 4,16% e retrai para os 40.348 pontos (pelo índice Ibovespa). O giro financeiro é de R$ 4,74 bilhões. No epicentro da crise, a Bolsa de Nova York cede 3,69%.

Arte Folha Online

"É aquela velha 'corrida de boi' [o efeito manada]. Está muito difícil trabalhar e o mercado está praticamente sem padrão, sem parâmetros", desabafa Cristiano Zanuzo, diretor de câmbio da corretora Renova.

O dólar saltou da casa dos R$ 2,1 para R$ 2,3, sem passar pelo "teste" dos R$ 2,2, uma patamar esperado por operadores de corretoras até ontem. E num ambiente turbulento, enquanto alguns já apontam o dólar a R$ 2,40 como próximo limiar das taxas, outros evitam falar de projeções.

"Não é um problema que está localizado num determinado país ou num determinado continente. É sistêmico e já contaminou todo mundo", avalia Ideaki Iha, profissional da corretora Fair, que evita em falar de preços para a moeda americana. "O mercado trabalha com base na confiança e nós estamos justamente numa crise de confiança entre os bancos", acrescenta.

Jonathan Ernst/Reuters
Ben Bernanke, do banco central americano, sugeriu mudanças na política monetária
Ben Bernanke, do banco central americano, sugeriu mudanças na política monetária

O Banco Central brasileiro já realizou dois leilões para tentar deter a escalada do câmbio, mas que não surtiram efeito. Por volta das 11h, o BC ofereceu mais de US$ 2,2 bilhões em contratos de swap cambial, o que funciona como uma operação de venda de dólar no mercado futuro. A demanda ficou abaixo da oferta e o mercado tomou pouco mais de US$ 1 bilhão. E pouco depois, às 15h11, o BC anunciou um leilão de venda de dólar com compromisso de recompra em 30 dias, no montante de US$ 1 bilhão.

Corretores de câmbio se queixam que o mercado está com falta de liquidez, e operações compra e venda são fechadas a "preços absurdos". A crise internacional, e os efeitos já sentidos até o momento no país, com o fechamento das linhas de crédito externo, tem servido de combustível para disparar as taxas. Nos bancos, as tesourarias abriram fortemente os "spreads" --a diferença entre o preço de compra e venda-- numa manobra tipicamente defensiva em momentos de crise.

EUA

O presidente dos EUA, George W. Bush, afirmou hoje que está confiante na eficácia do pacote de resgate financeiro de US$ 700 bilhões e prometeu que "o que for necessário será feito" para deter a crise. "As pessoas precisam se dar conta de que a crise representa um problema sério não só para os EUA, mas para o mundo inteiro", disse.

Pouco antes, o titular do Federal Reserve, o banco central americano, Ben Bernanke, havia sugerido mudanças na política monetária, o que foi interpretado como uma indicação de que a taxa básica de juros --hoje, em 2% ao ano-- sofrerá cortes, de modo a estimular o consumo e investimentos.

Essa percepção foi reforçada devido com a ata do Federal Reserve divulgada hoje, mas relativa à reunião do dia 16 de setembro. Na ata, os dirigentes do BC americano já consideram o relaxamento da política monetária num cenário de piora das turbulências financeiras.

Juros futuros

O mercado futuro de juros, que serve de referência para as tesourarias dos bancos, não mostrou tendência única nas taxas projetadas para 2009, 2010 e 2011.

No contrato com vencimento em janeiro de 2009, a taxa projetada foi mantida em 14% ao ano; no vencimento de janeiro de 2010, a taxa projetada cedeu de 14,54% para 14,49%; e no vencimento de janeiro de 2011, a taxa prevista foi conservada em 14,44%.

A FGV (Fundação Getúlio Vargas) revelou hoje que a inflação de setembro, medida pelo IGP-DI, teve variação de 0,36% ante deflação de 0,38% em agosto. Analistas do mercado financeiro estimavam inflação entre 0,28% e 0,30%.

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