23 de setembro de 2008
Mr. Da Silva, o grande palhaço do esquizofrênico paraquedista bolivariano, não entendeu que o Circo da América Latina corre o risco de manchar de sangue o picadeiro que lhe fora montado pelos românticos de Cuba. Deveria rasgar a fantasia e deixar de ser capacho para não encerrar o seu reinado com um melancólico espetáculo de perda da dignidade e da honra da nação enganada e desarmada. |
Do Observatório de Inteligência
Por Orion Alencastro
As elites brasileiras encontram-se anestesiadas com a marcha do desenvolvimento econômico do país, cegas ao desmonte do Estado, inconscientizadas das graves ameaças sociais subjacentes em formação, submissas à maior máquina de “propaganda e agitação” implantada no Brasil que ousa ocupar todos espaços da mídia com a imagem do seu poderoso Chefão.
“Deus do pré-sal”
O mais grave é o processo de anemia cívica da nação que é incapaz de refletir e indignar-se com quaisquer fatos que a ameacem, agora idiotizada com a bandeira dissuasória e messiânica de Mr. Da Silva, o delirante "Deus do pré-sal". Hoje, atônito, procura tirar a máscara de palhaço e deixar de ser capacho do esquizofrênico tirano Chávez, alertado que foi pela Casa Branca sobre eventuais vendavais desestabilizadores na América Latina.
Mr. Da Silva, o presidente do governo mais corrupto da história do Brasil , desfila nos salões da globalização e na ONU, auferindo resultados pífios para o desenvolvimento e defesa da nação brasileira. Todavia, já demonstra sinais de pânico com a desgraça do empobrecimento de uma legião de brasileiros, os iludidos pelos seus discursos de voz embargada e expressões cênicas dos palanques.
É incapaz de exercitar sem fantasias, lantejoulas, pompas e circunstâncias, a reflexão real de grandeza e visão prospectiva da urgente estruturação de comando e estado-maior do Estado para a conquista segura do destino que lhe está reservado. Estamos sob o governo do crime e a insegurança do direito que agastam e diminuem o exercício da democracia.
Vivemos num país ameaçado pela insanidade da destruição do seu sistema imunológico, a Agência Brasileira de Inteligência, responsável pelos vitais subsídios à defesa da soberania nacional, e pelo cínico desprezo das urgentes atenções às necessidades das suas Forças Armadas, ludibriadas com a postergação do propalado Plano Nacional de Defesa.
O eminente professor Timothy Ash, membro do Movimento FLIO (Amigos da Ordem Liberal Internacional), de regresso aos Estados Unidos após prolongada estada em Oxford , difundiu oportuna síntese de sua percepção do cenário global, bastante interessante e provocativa ao exercício do pensamento inteligente da sociedade brasileira, consciente de suas responsabilidades de influir para o bem do desenvolvimento nacional.
TJ-SP extingue processo contra coronel acusado de tortura
Por Timothy Garton Ash (*)
No sétimo aniversário dos ataques terroristas de 11 de setembro, China, Rússia e as mudanças climáticas competem com a Al-Qaeda para chamar nossa atenção.
Os sete anos que se passaram desde 11 de setembro de 2001 confirmam uma antiga verdade: os problemas em geral não se resolvem, são apenas atropelados por outros problemas. Por exemplo, os de 8 de agosto. No dia 8 /8 de 2008, duas poderosas nações declararam seu retorno ao cenário mundial. A Rússia invadiu a Geórgia usando tanques; a China abriu a Olimpíada de Pequim com seus acrobatas. A mensagem era a mesma: “Mundo, aqui estamos de novo”.
Não me interpretem mal. Uma grave ameaça dos terroristas jihadistas takfirs (declarados infiéis), possivelmente armados com bombas atômicas, biológicas ou químicas, continua pairando sobre nós. Eles têm uma ideologia que se baseia na fé, com a simpatia comprovada de uma minoria de muçulmanos desiludidos, principalmente os que vivem no Ocidente, e os meios para provocar destruição são perigosamente fáceis de encontrar.
Enquanto vocês estiverem lendo este artigo, outro grupelho difícil de ser detectado, que trabalha num quartinho de uma casa perto de vocês, poderá tentar mais uma vez. Nem sempre será fácil frustrar suas tentativas. Proteger-nos contra “outro 11/9”, sem destruir nossa liberdade no esforço de preservá-la, continua sendo um grave desafio para os líderes políticos de todos os países livres. O que se mostrou falsa é a afirmação dos neoconservadores de que esse desafio define todo o quadro da política internacional - para Norman Podhorez, a luta contra o fascismo islâmico é a 4ª Guerra Mundial.
Voltando aos Estados Unidos após um ano de ausência, surpreendeu-me o fato de que a própria direita americana fala relativamente pouco da “guerra ao terror”.
Além do terrorismo, duas gigantescas mudanças estão definindo o mundo em que vivemos. Até certo ponto, ambas podem ser atribuídas ao avanço mundial do desenvolvimento econômico “marketizado” (ou seja, a globalização). A primeira é a “ascensão do restante do mundo”, que ficou clara em 8/8. Potências que não podem ser consideradas ocidentais desafiam o predomínio econômico do Ocidente. Estão derrotando o Ocidente no jogo que ele próprio inventou (assim como os ingleses são derrotados no críquete), e silenciosamente vão mudando suas regras.
Analistas da Goldman Sachs previram que, até 2040, China, Índia, Rússia, Brasil e México apresentarão em conjunto uma produção econômica maior do que a do G-7. A tendência é mais importante do que o prazo.
Mesmo hoje, as mudanças que ocorrem em termos de poder econômico se traduzem em poder político e militar mais rapidamente do que havia sido previsto.
Ao mesmo tempo, o desenvolvimento econômico mundial baseado na livre movimentação de bens, capitais, serviços e (em grau menor) pessoas está exacerbando toda uma série de problemas transnacionais. As emissões de dióxido de carbono que aceleram as mudanças climáticas, a migração em massa, o risco de pandemias, todos esses fenômenos, enfim, exigem respostas no âmbito internacional e em um contexto de cooperação. A necessidade de uma ordem liberal internacional nunca foi tão grande.
Entretanto, em comparação à década de 90, quando o presidente George H. W. Bush alimentava a esperança de substituir a Guerra Fria por uma “nova ordem mundial”, as perspectivas de alcançá-la não parecem mais tão favoráveis. O poder se espalha em vários países concorrentes entre si, muitos deles não liberais, e em redes difíceis de localizar, como a Al-Qaeda.
Portanto, nós do movimento Flio (Friends of Liberal International Order, Amigos da Ordem Liberal Internacional) teremos de nos confrontar com uma nova desordem mundial. Ou nova-velha, pois a desordem, mais do que a ordem, faz parte da condição mais natural da sociedade internacional. A ordem internacional, que também pode ser chamada paz, é sempre uma frágil conquista. Não preciso repetir que, em sua reação aos ataques do 11 de Setembro, o governo George W. Bush contribuiu, ao longo de apenas sete anos, para a enfraquecer e não para construir a ordem internacional. A invasão russa da Geórgia foi, entre outras coisas, uma vingança pela invasão americana do Iraque.
Com essa ameaça à ordem, a liberdade não é mais tão óbvia à medida que avançamos para o futuro. Os franceses referem-se aos seus 30 anos de crescimento econômico, depois da 2ª Guerra Mundial, como os “Trinta Gloriosos”. Os futuros historiadores poderão considerar as três décadas que se passaram da Revolução dos Cravos em Portugal, em 1974, à revolução laranja da Ucrânia, em 2004, como os Trinta Gloriosos durante os quais a liberdade foi conquistando seu espaço na Europa, mas também na América Latina, na África e em alguns países da Ásia.
Rússia e China não são apenas grandes potências que desafiam o Ocidente. Também representam duas versões alternativas do capitalismo autoritário, ou autoritarismo capitalista. É este o maior concorrente ideológico em potencial do capitalismo liberal democrático, desde o fim do comunismo.
Talvez o islamismo radical possa impressionar milhões de muçulmanos, mas não irá além da umma (comunidade) dos fiéis, exceto pela conversão. O mais importante é que não pode ser associado de modo plausível à modernidade econômica, tecnológica e cultural. Por outro lado, a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos em Pequim, assim como os arranha-céus de Xangai, mostram que o capitalismo autoritário já reivindica essa modernidade com todo o direito. No estádio Ninho de Pássaro, a alta tecnologia audiovisual mais avançada prestou seu serviço a uma fantasia coletivista hiperdisciplinada, que se tornou possível graças aos recursos financeiros que nenhuma democracia teria ousado destinar a essa finalidade. Zhang Yimou, o diretor artístico das cerimônias da Olimpíada, disse que somente a Coréia do Norte poderia produzir aquelas exibições festivas de sincronização em massa.
Durante cerca de 500 anos, a modernidade se espalhou pelo mundo a partir do Ocidente. O historiador Theodore von Laue a chamou de Revolução Mundial da Ocidentalização. Na Europa do século 20, a liberal democracia defrontou-se com duas poderosas versões de modernidade, ocidentais, mas não liberais: o fascismo e o comunismo. Parte do apelo desses sistemas estava precisamente no fato de serem modernos. (“Vi o futuro e ele funciona”, disse um entusiasta ao regressar de Moscou.) A liberal democracia finalmente viu o fim de ambos, embora não sem uma guerra mundial, uma Guerra Fria e uma grande ajuda dos Estados Unidos.
Agora, na China, vislumbramos a perspectiva de uma modernidade que não é ocidental nem liberal. Mas será o capitalismo autoritário um modelo estável e duradouro? Esta, na minha opinião, é uma das principais questões do nosso tempo - que é ainda um tempo pós-11/9, mas também pós-8/8 e, em termos ecológicos, o tempo que corresponde a 5 minutos para a meia-noite.
Como nós do Flio tentamos responder de algum modo a esse desafio de várias frentes, simpatizo mais que muitos europeus com a noção, alardeada pelos intelectuais que se ocupam de política nos EUA e apóiam tanto John McCain quanto Barack Obama, de um “concerto de democracias”. Em primeiro lugar, deveríamos prestar atenção nos países que compartilham nossos valores em sua maneira de governar - e agora são muitos, depois desses Gloriosos Trinta. Mas há precauções cruciais. Antes de tudo, não devemos nos iludir com a idéia de ter como parceiros somente democracias liberais. Talvez nossos valores nos estimulem a tomar esse caminho, mas nossos interesses nos impelirão necessariamente a aceitar relações e mesmo parcerias com países atualmente não liberais. Portanto, qualquer Liga de Democracias institucionalizada alinhada contra uma Associação de Autocratas (termo usado por Robert Kagan) é uma péssima idéia - mesmo que concordemos quanto a quem merecerá ser incluído na liga. A desordem bipolar não seria um avanço em relação à multipolar.
Também não é a idéia mais inteligente identificar muito enfaticamente essa visão de um concerto de democracias com o Ocidente, como na proposta do ex-primeiro-ministro francês Edouard Balladur de uma União Ocidental.
Do ponto de vista histórico, modernidade e liberalismo nasceram no Ocidente. Mas o futuro da liberdade agora depende da possibilidade de evolução de novas versões de modernidade, seja na Índia, na China ou no mundo muçulmano, que são claramente não ocidentais e, no entanto, podem ser reconhecidas como liberais, no sentido básico de prezarem a liberdade individual. Eu não apostaria num resultado. Mas, trabalhar tendo isso em mente é nossa melhor chance a longo prazo. O pessimismo do intelecto deve estar associado ao otimismo da vontade.
(*) Timothy Garton Ash é professor de estudos europeus na Universidade Oxford, bolsista-sênior da Hoover Institution da Universidade Stanford e autor, entre outros, de Free World (Penguin UK)
Fonte: http://www.estado.com.br/suplementos/ali/2008/09/14/ali-1.93.19.20080914.8.1.xml
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