11/07/2008
Os acontecimentos dos últimos dias têm sido desnorteantes para aqueles que foram por eles surpreendidos. Todavia, devo dizer a você, meu caro leitor, que eles eram perfeitamente previsíveis, tanto quanto um passo lógico de uma equação. De uma banalidade desconcertante. A demagogia revolucionária não é capaz de criar, apenas de repetir-se, talvez porque seus agentes sejam por demais apegados aos manuais de seus antigos teóricos (C.T. - eu já vejo a coisa assim: o fato de a mente do sujeito SER REVOLUCIONÁRIA é por si só uma prova de estupidez humana e como o estúpido só sabe repetir-se e àquilo que ouviu...). Demasiado humana ela é, a demagogia. É, como Nietzsche dizia de coisas muito mais importantes (e estava nisso errado), a sina do eterno retorno do mesmo. Estamos a ver em nosso país o velho filme bolchevique/nazista, aperfeiçoado por Gramsci, de tomada do poder de Estado. Não precisaram disparar um tiro que fosse.
A caçada aos banqueiros e aos ricos de um modo geral sempre foi a lógica e a tônica dos campeões da igualdade geral, a mais maluca e insana das idéias de Rousseau perseguida desde sempre pelos revolucionários. A tropa do PT já está se sentindo suficientemente forte para pôr os ricos em fuga. Antes os industriais e comerciantes apenas, agora a “categoria” dos banqueiros. É puro terror patrocinado pelo Estado. Entendo que estamos perigosamente a tangenciar o regime de exceção, sob o amparo das leis injustas e excessivas, que dão aos esbirros do Estado todo o poder sobre a vida privada do cidadão. Não haverá retorno à normalidade se não começar imediatamente a mobilização contra as forças da esquerda revolucionária no poder, no terreno em que elas têm sido imbatíveis: no campo da política.
É preciso que aqueles que deram apoio tácito e recursos aos militantes das esquerdas até agora cessem imediatamente de fazê-lo, passando a financiar a oposição. E não apenas aquela oposição consentida, tão bem representada pela social-democracia. Esses financiadores, cuja cara mais óbvia é a dos banqueiros agora perseguidos, precisam acordar para a realidade mais óbvia. O mundo como o conhecíamos, de segurança institucional, de confiança nas forças da ordem, foi-se. Acabou. Morreu de tanta covardia e cegueira da nossa elite econômica. Esse acordar não será fácil, será um despertar em meio a um pesadelo dantesco. Mas o despertar terá que acontecer sob pena de se ir direto ao sono eterno sem saber a causa.
O sistema legal já está completamente deformado no Brasil. Veja-se essa estúpida lei seca, recém aprovada. Ela grita aos nossos ouvidos: “Todo poder ao guarda de trânsito, o novo guardião das virtudes públicas”. É emblemática da nossa situação. O Estado transformou-se no grande inimigo das pessoas. Uma ameaça permanente e cara, que nos rouba a todos e nos ameaça com as suas masmorras e suas multas impagáveis. Falar, escrever, andar de carro, andar a pé, beber um gole ou fumar um cigarro: tudo agora ficou muito perigoso. A vida espontânea esfumou-se. É preciso agora a prontidão de um sentinela romano para chegar em casa, ao fim do dia, são e salvo dos perigos estatais. O poder de repressão às banalidades da vida chegou ao paroxismo.
É preciso que lideranças apareçam para enfrentar o infortúnio. Só na vida político-partidária se poderá reduzir a pressão sobre as gentes. Antes, no entanto, faz-se necessária a metanóia das crenças desses potenciais líderes: é preciso restabelecer as tradições, o culto à liberdade, o sentido da vida privada, o respeito inalienável à pessoa. Não é tarefa simples quando se cultua, há décadas, o coletivo, as massas, o Estado; se inimiza os virtuosos, se elege a luta de classes como a redentora da Nação. Antes terá que vir a pedagogia e não sei se teremos nem tempo para isso.
Em texto sombrio de 1923 – tempos muito parecidos com os atuais e que pressagiavam o que viria depois – Ortega y Gasset escreveu: “Las épocas post-revolucionarias, tras uma hora muy fugaz de aparente esplendor, son tiempo de decadência, Y las decadencias, como los nascimientos, se envolven históricamente em la tiniebla y el silencio. La historia practica un extraño pudor que le hace correr un velo piadoso sobre la imperfección de los comienzos e la fealdad de las declinaciones nacionales”.
E completou o ensaio, de forma crua: “Comienza el reinado de la cobardia – un fenómeno extraño que se produce lo mismo en Grecia que en Roma, y aún no ha sido justamente subrayado. En tiempos de salud goza el hombre medio de la dosis de valor personal que basta para afrontar honestamente los casos de la vida. En estas edades de consunción, el valor se convierte en una cualidad insólita que sólo algunos poseen. La valentia se torna profesión, y sus profesionales componen la soldadesca que se alza contra todo el poder publico (Notem bem, não é o Estado aqui, mas o povo em geral - NC) y oprime estúpidamente el resto del cuerpo social”.
Há alguma dúvida de que vivemos neste tempo de covardia? Onde estão as lideranças? Por que há essa ausência de homens egrégios e essa presença massacrante das massas estupidificadas, personificadas nos Lulas da vida? Quem tem coragem de ser voluntário? Quem ousa enfrentar os decadentes?
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