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segunda-feira, 23 de junho de 2008

UMA AULA DE ÉTICA COM OS PETISTAS

Do blog do REINALDO AZEVEDO
Por Reinado Azevedo em domingo, junho 22, 2008

Viram só? Na quarta-feira, Roberto Teixeira afirmou, em Brasília, ter recebido apenas US$ 350 mil da VarigLog. Aí a repórter Mariana Barbosa, do Estadão, conseguiu documentos que demonstram que ele recebeu, no mínimo, US$ 3,2 milhões. Na sexta, procurou a assessoria do valente e passou as informações. Quatro horas depois, pimba! Teixeira admitia que, bem..., de fato, tinha recebido aquele valor que anunciara, mas multiplicado por 9,14 vezes. Como isso é possível?

É. Roberto Teixeira é petista. No PT, não existem nem verdade nem mentira, mas apenas versões convenientes. O que um petista diz tem tempo de duração. Vejam no post abaixo: quando ele falou em US$ 350 mil, justifica-se, referia-se apenas a um período... É mesmo, é? Na entrevista, ele citou esse valor quando indagado sobre os US$ 5 milhões. Em outras palavras, ainda nem tão precisas, Teixeira faltou com a verdade.

Quantas vezes já vimos isso, hein? Petistas começam negando tudo de forma absoluta, depois vão admitindo aos poucos, e sempre um pouquinho mais, até que o descalabro todo se revele, mas como coisa normal. Querem ver? Refresco a memória de vocês. Lembro-me do então presidente do PT, José Genoino, em entrevista no programa Roda Viva. Negava de forma peremptória, definitiva, que o PT tivesse feito qualquer das malandragens denunciadas por Roberto Jefferson. Nada! Zero! O homem chegou a chorar, evocando a sua condição de ex-torturado — o que isso tinha a ver com as falcatruas? Nada!

Até que as provas surgiram. Aí Márcio Thomaz Bastos inventou a tese do caixa dois — os tais “recursos não-contabilizados” de Delúbio Soares. E Lula fez, então, um pronunciamento à nação se dizendo traído pelos companheiros. Todos os traidores continuam com ele, no partido. Só um anda um pouco afastado: parece que Silvio Pereira não passou no teste do sangue frio. O homem se descontrolou, e deram um jeito de tirá-lo de circulação — mas sem ficar na rua da amargura, é claro. Sua “empresa de eventos” já andou sendo contratada por estatais.

O que se disse e o que se sabe

Cansei de ler alguns tontos endossando a versão lulista: Denise Abreu não apresentou provas. É, ato de ofício, ela não apresentou. E nem poderia. Não era subordinada a Dilma Rousseff, e a ministra não lhe mandaria um memorando determinando que a VarigLog fosse vendida ao tal consórcio — que de “consórcio” nada tinha. Observo que o centro de sua denúncia está comprovado: contrariando a lei, a Volo, que comprou a empresa, não tinha os 80% de capital nacional.

É só? Não, não é só. Denise também relatou as idas e vindas do procurador da Anac, ao sabor das pressões do Planalto: um primeiro parecer contrário à operação, um segundo favorável — o que foi usado como documento para justificar a venda — e um terceiro contrário outra vez. Do depoimento de Denise, resta cristalino que a ordem era ignorar a questão da origem do dinheiro — e ela foi ignorada por todos, inclusive pelo juiz, que já disse em entrevista que isso não era sua obrigação. Não? Mas não era ele que atestava a legalidade da transação? Um dos pré-requisitos não era a exigência de 80% de capital nacional na composição do consórcio comprador?

No país da fuzarca, vejam só, a VarigLog foi comprada ilegalmente pela Volo. Desse ilegalidade, nasceu a venda da Varig para a Gol — que é considerada intocável. Tudo bem: o tal consórcio vendeu o que estava ilegalmente sob o seu controle, entendem? É a maneira tropical e “jabuticábica” de entender o chamado “ato jurídico perfeito”. E não custa lembrar: a TAM havia oferecido, nessa segunda venda, US$ 738 milhões pela empresa, mas a Gol a levou por muito menos. A negativa da TAM, noves fora, se resume ao seguinte: “Estamos juridicamente impedidos de falar sobre o assunto”. Sorte de Lap Chan e da Gol, né?

De todas as personagens até agora envolvidas no imbróglio, qual foi o único pego de calças curtas? Roberto Teixeira. Bastaram dois dias — de fato, um dia e meio — para que ele fosse obrigado a recuar: no melhor estilo do petismo, US$ 350 mil se transformam em US$ 3,2 milhões — e sua assessoria ainda diz que é seu acusador que muda a versão.

Podem comemorar

Mas Teixeira, Dilma, Lula, Lap Chan — enfim, toda essa terra de bravos — podem comemorar. Uma parte da imprensa e da crítica política não quer nem saber desse assunto: prefere tratar do inefável caso Alstom. Não que não mereça, claro. É urgente virar o governo Mário Covas de cabeça para baixo, não é mesmo? Que não sobre pedra sobre pedra...

Talvez seja coisa da maior gravidade tão logo se saiba quem são os acusados, de que contrato se fala, quem recebeu a propina... Outro dia repórteres de um jornal asseveraram ter conseguido, com exclusividade, um suposto documento com um promotor suíço; no mesmo dia, em outro jornal, o mesmo documento estava na reportagem de outro repórter. Suponho que promotores suíços, quando estão entediados, telefonam para repórteres no Brasil. Aliás, lendo um dos jornais deste domingo e alguns colunistas, fiquei com a impressão de que o PSDB fez um grande mal ao Brasil e está prestes a acabar, mergulhado numa grande crise ética.

Não duvido: os partidos brasileiros precisam aprender a ser éticos com o PT. Precisam aprender com Roberto Teixeira.

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