VEJA, Edição 2060, 14 de maio de 2008
"Marco Aurélio Garcia já garantiu a ‘neutralidade’ do Brasil na guerra contra as Farc. No caso das escravas sexuais dos terroristas, é como manter uma postura de neutralidade diante de Josef Fritzl, o austríaco que prendeu a própria filha por mais de vinte anos, servindo-se dela como sua escrava sexual. Josef Fritzl? Nem simpatia, nem antipatia"
Rocco Cotroneo, correspondente do Corriere della Sera na América Latina, fez uma reportagem sobre uma escrava sexual das Farc. Aos 11 anos, ela foi arregimentada pelos terroristas colombianos para montar minas. Essa tarefa costuma ser desempenhada por crianças para evitar o risco de perder um terrorista num acidente. Aos 12 anos, ela se tornou escrava sexual de um alto comandante das Farc, um dos mais procurados do país. Ele tinha 45 anos. Algum tempo depois, ela engravidou. É comum que as escravas sexuais das Farc – as "ratas" – tenham de abortar com pontapés na barriga. Como ela pertencia a um dos chefes do bando, conseguiu ter o filho, que lhe foi tomado aos 2 meses de idade e entregue a um parente. Ela fugiu do acampamento terrorista e foi acolhida num instituto do governo, onde Rocco Cotroneo a encontrou.
O assessor especial de Lula, Marco Aurélio Garcia, já garantiu a "neutralidade" do Brasil na guerra contra as Farc. Quando lhe perguntaram se seu grupo tinha simpatia pelos terroristas, ele respondeu simplesmente: "Nem simpatia, nem antipatia". No caso das ratas, é como manter uma postura de neutralidade diante de Josef Fritzl, o austríaco que prendeu a própria filha por mais de vinte anos, servindo-se dela como sua escrava sexual. Josef Fritzl? Nem simpatia, nem antipatia.
O general Augusto Heleno Pereira advertiu que os traficantes de drogas ligados às Farc representam o maior perigo para a Amazônia. A seguir, ele disparou contra a reserva indígena Raposa Serra do Sol, que pode facilitar a entrada de traficantes de drogas no Brasil. O general Augusto Heleno Pereira se recusa a admitir que 19.000 índios precisem de uma área daquele tamanho. Eu me recuso a admitir que, podendo dispor de uma área daquele tamanho, os índios continuem a morar em choupanas comunitárias junto com suas sogras.
Na última terça-feira, um plantador de arroz foi preso na reserva Raposa Serra do Sol. De acordo com o ministro Tarso Genro, ele tomou posse de "terras indígenas". A rigor, até Ipanema é terra indígena. Todos os dias eu olho pela janela e penso alegremente: isto aqui é uma aldeia macuxi. É tolice tentar separar os índios do resto dos brasileiros. Nós somos todos iguais. Eles fazem o que a gente faz: derrubam a mata e tacam fogo nela. Eles gostam do que a gente gosta: bebida fermentada. Eles acreditam no que a gente acredita: que o subsolo é habitado por Wanabaricon, seres de pequena estatura que plantam, pescam e constroem aldeias. Quando o índio Serenkato foi gravar um CD, o que ele fez? Arranjou um patrocínio público, igualzinho aos nossos artistas. Duvido que a música de Serenkato seja pior do que a de Caetano Veloso, que também arranjou um patrocínio público para seu próximo espetáculo.
Os traficantes de drogas assassinos e pedófilos tomaram conta da floresta. Todos os dias eu olho pela janela e penso alegremente: aquele ali é um deles?
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Olá internauta
O blog Cavaleiro do Templo não é de forma algum um espaço democrático no sentido que se entende hoje em dia, qual seja, cada um faz o que quiser. É antes de tudo meu "diário aberto", que todos podem ler e os de bem podem participar.
Espero contribuições, perguntas, críticas e colocações sinceras e de boa fé. Do contrário, excluo.
Grande abraço
Cavaleiro do Templo