por Rebecca Santoro em domingo, 30 de Março de 2008
"O que mais se poderia dizer do discurso no presidente reeleito do Brasil, na eleição mais fenomenal da história das eleições mundiais. Fenomenal no sentido de fenômeno, fato extraordinário, não comum. Sim, quem é que não se lembra do milagre da caixa-preta eletrônica eleitoral que fez 11 milhões de pessoas mudarem seu voto do primeiro para o segundo turno das eleições, nas quais, sem motivo aparente nenhum 2 milhões de pessoas resolveram deixar de anular seu voto e mais outras 6 milhões migraram de candidato? O resultado do fenômeno inquestionado e inconferível está aí: o senhor da Silva reeleito, aparelhando cada vez mais o Estado e todas as suas instituições e colocando a ele, a seus familiares, a seus amigos e companheiros, todos, acima da Lei, do Bem e do Mal.
Ontem, talvez inflado por resultados divulgados sobre pesquisa de popularidade de seu governo, pelo CIN/Ibope, Lula exagerou na dose de "eu digo o que é real ou não", durante o segundo dia de visita a Pernambuco, para juntamente com o presidente Hugo Chavez, da Venezuela, acompanhar as obras da refinaria de petróleo em construção no porto de Suape, na qual a Petrobrás ficará com 60% do capital e a PDVSA, estatal venezuelana do petróleo, com 40%.Para ressaltar o clima de harmonia entre os dois presidentes, Lula voltou a defender a entrada da Venezuela no Mercosul: "Todos nós queremos que a Venezuela seja membro definitivo do Mercosul, todos nós". O "todos nós", é claro, não inclui, necessariamente, o povo brasileiro, mas, certamente, os membros do Foro de São Paulo. Como se não bastasse, e a despeito do farto registro da imprensa que mostra o contrário, Lula, o senhor da realidade, com um cínico sorriso, disse também que o mundo estaria devendo a Chavez os entendimentos que evitaram uma guerra entre a Colômbia e o Equador, no episódio em que forças militares colombianas colombiana entraram pelo território fronteiriço de seu país com o Equador para atacar um acampamento de terroristas das Forças Armadas Comunistas (as FARC) que atuam na Colômbia.
Como se sabe, a realidade foi bem outra. Na época do episódio, Chavez foi o primeiro líder da região a usar a palavra "guerra", em seus inflamados discursos sobre os possíveis desdobramentos da crise – todos em favor das FARC, é claro, grupo sobre o qual Chavez possuiria mágicas e suspeitas influências de negociador. Nessa mesma missão "apaziguadora", pelo menos segundo a avaliação de Lula, o presidente venezuelano mandou fechar a embaixada da Venezuela em Bogotá (Colômbia), além de ter mobilizado seis mil soldados, tanques e aviões para a fronteira com a Colômbia (há denúncias de que não foi exatamente de toda essa quantidade de gente e de armas a mobilização; mas isso já é outra estória). De modo que, das duas uma: ou Lula mente descaradamente mesmo sobre o episódio, querendo transformar a realidade, ou sabe de coisas que a imprensa não somente não sabe como também nem sequer tenha suspeitado, uma vez que nada tenha sido falado a respeito dessa atitude "pacificadora" de Chavez. Do jeito que as coisas andam, pode ser também que as duas opções sejam verdadeiras. Quem levanta a "lebre" é o próprio Lula, ao fazer declarações obviamente contrárias à realidade dos fatos que foram amplamente divulgados pela imprensa. Em seu estranho estado de alegria, Lula também falou sobre a crise na economia americana, dizendo, inclusive, ter ligado para o presidente norte-americano, George W. Bush: "Eu liguei para ele e falei: - Ô Bush, o problema é o seguinte, meu filho: nós ficamos 26 anos sem crescer. Agora que a gente está crescendo, vocês vêm atrapalhar, pô? Resolve a tua crise!". Assim mesmo, com essa fineza toda.
Em inegável peregrinação eleitoreira, com o dinheiro do contribuinte é claro, já que Lula está presidente do Brasil, o para lá de ex-operário classe-média baixa, senhor da Silva, segue viagem pelo nordeste, de palanque em palanque, defendendo, baseado em discursos que, no mínimo tergiversam sobre a realidade, notórias figuras do espetáculo de corrupção que não sai de cartaz no Brasil, como os ex-presidentes da Câmara, Severino Cavalcanti, e do Senado, Renan Calheiros.
Nas suas andanças "palanqueiras", Lula, sempre acompanhado por Dilma Rousseff, sua pupila sucessora, disse também que vai emplacar um sucessor na presidência da república nas próximas eleições presidenciais, em 2010. Que novidade, não?! Depois, passados os quatro anos da gestão deste sucessor, é lógico, Lula pretende voltar por mais 8 anos. Quem mais se surpreenderia com isso no paraíso do voto eletrônico e do estado aparelhado?! Para espantar as suspeitas sobre a atuação "KGBística" da Casa Civil, que teria levantado, segundo Dilma Rousseff, um "relatório de dados", e não feito um dossiê, sobre os gastos da equipe do ex-presidente FHC com cartões corporativos do governo e com contas tipo B, dando "destaque", digamos assim, às despesas da ex-primeira-dama, Ruth Cardoso, aos ministros e às pessoas próximas do ex-presidente, tanto particular como profissionalmente, Lula e Dilma adotaram o discurso de acusar quem teria divulgado a execução do tal "dossiê". É, o crime, nesse governo comunista, é falar dos crimes do governo. Além disso, tentam passar a idéia de que o tal levantamento de dados seria ação de rotina. Hoje, o ministro da justiça, Tarso Genro, já adiantou que a Polícia Federal não vai investigar nada sobre o assunto, classificando o mesmo de simples disputa política. Crime do PT cai sempre nessa classificação. De modo que a PF, agora, é de propriedade do PT - o partido decide o que é crime e o que deve ou não ser investigado.
Lula supõe ter procuração para mentir e para fazer o que bem entender num país que virou propriedade privada do PT (C.T. - e põe privada (leia-se vaso sanitário) nisto). O presidente conta com a divulgação de pesquisas de popularidade a seu favor. Ontem, saiu o resultado da pesquisa CNI/Ibope sobre os índices de popularidade do senhor presidente. Ele está com 58% de aprovação (ótimo ou bom), segundo a pesquisa, na qual foram entrevistados 2.002 eleitores em 141 municípios entre os dias 19 e 23 de março. E eu pergunto: quem dos nossos leitores já foi ouvido pelo Ibope numa pesquisa dessas? Quantas já não foram as denúncias de que não são consideradas, por muitos pesquisadores, as respostas que vão contra os interesses do governo? E mais: quantas pessoas o leitor conhece que aprovam, como ótimo e até mesmo como bom o governo de Lula? O governo de Lula vai bem por causa da estabilidade econômica? Que estabilidade? Essa que está aí, completamente baseada em crédito e endividamento? Um dia o mico preto vai acabar na mão de alguém... adivinha na mão de quem... Pelo amor de Deus! O brasileiro compra até alimentos com crédito... Isso é que é sinal de economia saudável? O governo Lula vai bem por causa da ascensão de milhões de famílias vindas da classe E às classes D ou C? E a decadência de outras milhões da classe média B (que é a que sustenta a empregabilidade privada do país) e C para a classe D e até para a E, não conta? E a falência da agricultura que não seja a de grãos ou a de insumos para os biocombustíveis? E falência, também, de nossas fábricas em decorrência da invasão chinesa no mercado? O governo lula vai bem porque têm aumentado os índices de emprego com carteira assinada? Mas, em que nível estariam esses novos empregados? Nos níveis de produção de conhecimento, de ciência e de tecnologia - todos agregadores? É claro que não. O que aumentou foi o emprego no nível de "apertador de parafuso" - o que, apesar de ser aparentemente bom para o país, na verdade será péssimo a longo prazo, carregando-nos a todos para os confins da subcultura, do subdesenvolvimento. Certamente, então, o governo Lula vai bem por causa da infinidade dos escandalosos casos de corrupção no governo - ininterruptamente, um atrás do outro e cada um mais obviamente incriminador que o outro. Vai ver que o governo de Lula (e a sua pessoa) vão bem, então, nas pesquisas porque, "nunca na histhória desthe paisth", tanta gente amiga e parente de um presidente enriqueceu tanto e milagrosamente em tão pouco tempo. Vide o filho de Lula, o Lulinha, que saltou de biólogo empregado de zoológico, ganhando R$ 600,00 por mês, a mega-empresário de comunicação, contando com a ajuda da Telemar que doou/investiu R$15 milhões no pimpolho - isso para não falar das investidas do garoto em mega fazendas espalhadas pelo páis. O próprio presidente, nos primeiros 4 anos de governo, quadruplicou seu patrimônio! Essa popularidade toda do presidente Lula também pode ser pelo fato de sua esposa e de seus filhos terem buscado conseguir a cidadania italiana. Ou pode ser também pelo fato das epidemias de dengue virem piorando a cada ano no país, no qual voltaram a aparecer doenças que já estavam erradicadas, como tuberculose e febre amarela. Se não for por nada disso, ou por tudo isso junto, talvez toda essa popularidade se deva ao fato de que milhares de brasileiros sejam deportados de volta ao Brasil, de onde fogem para alcançar a sonhada cidadania, em sociedades que valorizem um pouco mais os méritos e os talentos de cada ser humano. São mais de 30 mil brasileiros mandados de volta ao país por ano. No exterior, ficamos cada vez mais conhecidos como criminosos e como prostitutas - para o Japão, por exemplo, exportamos ladrões de carro e para a Espanha, traficantes e prostitutas.
Quem aprova Lula e seu governo, afinal? Ora, os militantes do PT, os banqueiros, os grandes empresários, os agraciados com cargos no serviço público, os funcionários contratados ao Estado como DAS, as vítimas dos bolsa-isso-bolsa-aquilo e a gente que faz parte dos chamados movimentos sociais, como os quilombolas, o movimento dos Sem-Teto, dos Sem-Terra, as centrais sindicais e, porque não dizer, a gente que trabalha com o crime organizado. Essa gente, sim, é que aprova o governo de Lula em sua maioria. Até aí, nada de novo. Mas, o que causa estranheza é esse pessoal já estar representando 58% da população - isto se formos tomar a pesquisa do Ipobe como referência. Será? "
Rebecca Santoro é jornalista formada pela Bond University - Austrália, em 1995, também é repórter freelancer e escritora. Em virtude de haver sido assistente da jornalista Christina Fontenelle desde 2005, ficou encarregada de administrar e de escrever as matérias e artigos (a partir de set/2007) que dão continuidade ao trabalho iniciado por Fontelelle. Rebecca Santoro, possui diversos cursos nas áreas de Comunicação Social e Jornalismo, no Brasil e no exterior, escreve regularmente para diversos sites e blogs, além de manter seu próprio site
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