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segunda-feira, 31 de março de 2008

Os custos do Crime

Do portal MÍDIA SEM MÁSCARA
por Thomas Sowell em 28 de março de 2008

Resumo: O correto não é comparar o custo de manutenção de um criminoso na cadeia com o custo da educação superior, mas sim o custo de manutenção de um criminoso na cadeia e o custo de deixá-lo livre na sociedade. Mas isso não interessa ao New York Times ou outros representantes da esquerda.

© 2008 MidiaSemMascara.org

Por mais de dois séculos, a esquerda tem se preocupado com o destino dos criminosos, freqüentemente ignorando ou menosprezando o destino das vítimas dos criminosos.

Assim, não é surpresa que um recente editorial do jornal The New York Times tenha retomado um tema familiar à esquerda, de ambos os lados do Atlântico, com sua lamentação de que “a taxa de aprisionamento tem subido continuamente, enquanto o índice de criminalidade tem diminuído.”

Em 1997, o escritor Fox Bitterfield expressou, no Times, a mesma lamentação sob a manchete “O Crime Continua Caindo e as Prisões se Abarrotando”. Naquela época, como agora, os esquerdistas parecem considerar incompreensível que os índices de criminalidade se reduzam quando mais criminosos são postos atrás das grades.[1]

Não é surpreendente que a esquerda use uma antiga e irrelevante comparação – entre o custo de manutenção de um criminoso na cadeia e o custo da educação superior. Segundo o Times, os estados de Vermont, Connecticut, Delaware, Michigan e Oregon gastam tanto ou mais com os seus sistemas prisionais quanto com a educação superior.

A comparação relevante seria entre o custo de manutenção de um criminoso na cadeia e o custo de deixá-lo livre na sociedade. Mas, nem o Times, nem outros na esquerda mostram qualquer interesse nessa comparação.

Na Inglaterra, o custo total anual do sistema prisional é de £1.9 bilhão, enquanto que o custo financeiro anual apenas dos crimes cometidos está estimado em £60 bilhões.

A grande diferença entre os dois tipos de custos não é somente numérica. O custo de trancafiar criminosos tem de ser pago pelo orçamento governamental, que os políticos prefeririam gastar em programas assistenciais, que são eleitoralmente mais promissores. Mas o custo maior de deixar criminosos soltos é pago pelo público em geral, em termos financeiros e em termos da violência sofrida.

O resultado líquido é que tanto os políticos quanto os ideólogos da esquerda estão permanentemente advogando “alternativas ao aprisionamento”. Estas incluem programas com nomes adoráveis do tipo “supervisão comunitária” e com coisas high-tech como dispositivos eletrônicos de rastreamento de criminosos.

Mas, como exatamente podemos “supervisionar” um criminoso que está livre? Colocar alguém junto dele 24 horas por dia, 7 dias por semana, seria provavelmente muito mais caro do que deixá-lo trancafiado.

Mas, claro, ninguém está propondo tal coisa. Exigir que o criminoso se apresente, de tempos em tempos, a alguma autoridade pode ser suficiente para justificar o uso da suave expressão “supervisão”. Mas isso dificilmente restringirá o que um criminoso possa fazer com o tempo que ele tem, quando não está se apresentando à autoridade respectiva.

Dispositivos eletrônicos só funcionam quando eles estão sendo usados. Mesmo quando usados 24 horas por dia, 7 dias por semana, esses dispositivos só podem informar onde está o criminoso, não o que ele está fazendo.

Os criminosos libertos que não desejam tanta restrição podem, claro, remover o dispositivo e se tornarem fugitivos, com muito menos risco e problema do que teriam para fugir da prisão.

Um dos aspectos mais insidiosos dos programas “alternativos ao aprisionamento” é que aqueles que controlam tais programas também controlam as estatísticas e outras informações que seriam necessárias para se avaliar as conseqüências reais desses programas.

Eles não só controlam que informação é liberada, mas a quem ela é liberada.

Quando as autoridades, cujas carreiras estão sob risco, podem escolher entre pesquisadores que vêem o aprisionamento como sendo “malévolo” aos criminosos e outros pesquisadores que são muito menos simpáticos aos criminosos, quem você acha que vai ter acesso aos dados?

Um estudo a respeito do tratamento dado a criminosos na Inglaterra – A Land Fit for Criminals [Um país ideal para criminosos], escrito por David Fraser – tem diversos capítulos tratando dos muitos jogos feitos com as estatísticas a fim de fazer dos programas “alternativos ao aprisionamento” iniciativas de sucesso, mesmo quando fracassam estrondosamente, com trágicos resultados para o público.[2]

A Inglaterra desceu uma ladeira muito maior do que aquela que o The New York Times sugere que desçamos. No processo, a Inglaterra deixou de ser uma das nações mais cumpridoras da lei para superar os EUA na maioria das categorias de crimes.

[1] Esquerdista, como se sabe, é o mesmo em qualquer lugar. Aqui no Brasil, a discussão da grande população carcerária e do baixo índice de criminalidade aconteceu recentemente, a respeito de uma comparação entre São Paulo e outros estados brasileiros. Reinaldo Azevedo, em seu blog, mostrou que, no Brasil, a ilogicidade da esquerda é a mesma que Sowell denuncia tanto nos EUA, quanto na Inglaterra. (N. do T.)

[2] Ver, de Sowell, Esquerda e criminalidade: Parte I. (N. do T.)

Publicado por Townhall.com

Tradução de Antônio Emílio Angueth de Araújo

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