Do portal G1
La Paz, 23 nov (EFE).- A ONG Animais SOS, a oposição e até governistas rejeitaram hoje o ritual no qual os índios Ponchos Vermelhos - aimaras radicais afins ao presidente da Bolívia, Evo Morales - degolaram dois cachorros como ameaça aos oposicionistas.
"Como bolivianos, estamos extremamente envergonhados", disse à Agência Efe Susana del Carpio, presidente da ONG. Ela qualificou o fato de "asqueroso e covarde" e chamou os indígenas de "povo selvagem".
O ritual aconteceu na quinta-feira durante uma assembléia dos Ponchos Vermelhos no altiplano boliviano e os cachorros degolados simbolizavam os "fazendeiros que não querem a mudança no país", disse à Efe um dos dirigentes.
O senador Óscar Ortiz, da aliança Poder Democrático e Social (Podemos, conservadora), denunciou que há grupos "radicais" afins ao Movimento Ao Socialismo (MAS, governista) "que estão levando o país em direção a um abismo chamado guerra civil".
"Estas cenas de sacrifício, de demonstrar sangue não vão nos levar a nada além de um abismo de desunião", ressaltou Ortiz.
O ministro de Governo, Alfredo Rada, também repudiou a violência contra cães exibida pelos Ponchos Vermelhos.
A degola dos cachorros se soma à pressão sobre a oposição que os partidários de Morales estão exercendo nos últimos dias com diversas mobilizações.
Na manifestação da quarta-feira contra o bloqueio a projetos governistas por parte da maioria de oposição no Senado, setores radicais aimaras (a etnia de Morales) falaram de "guerra civil" se a Assembléia Constituinte fracassar.
O parlamentar César Navarro, vice-líder da bancada do MAS, alegou que os setores sociais "estão na obrigação de defender" suas conquistas.
O vice-presidente boliviano, Álvaro García Linera, alertou que se aproxima mais a "tensão" entre as forças em confronto no país.
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