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segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Calamos o Crime Organizado, ou ele nos enterra

Do blogo ALERTA TOTAL
Domingo, Novembro 18, 2007
Por Jorge Serrão

“O modelo de jornalismo praticado pela televisão está acabando com o que resta do jornalismo de verdade”. Foi a dura constatação que ouvi de uma jornalista, enquanto devorava um pratão de angu com galinha – perfeito para minha dieta que começa toda segunda-feira e acaba no mesmo dia. Além de indigesto, parcial, desinformativo e cheio de “acertos” comerciais, políticos ou ideológicos, o jornalismo tupiniquim comete o pecado mortal de praticar a auto-censura e de omitir muitas verdades objetivas que impedem a opinião pública de entender o Brasil.

O crime é grave! Só há dois motivos para que os fatos não sejam noticiados objetivamente, como eles são: ou por ignorância, ou por “filhadaputice” editorial. Não dá para saber o que é pior. A burrice ou a sacanagem jornalísticas. Ambas são escatológicas. Emanam das verdadeiras latrinas em que se transformaram alguns veículos de comunicação. O jornalismo brasileiro fede. Ao indefeso consumidor de notícias, fica a impressão de que muitos jornalistas andam raciocinando com o intestino. Isso quando o cheiro de “jabá” não incomoda mais que a estultice. Para explicar tal fenômeno, deixemos de lado os entretantos e vamos direto aos finalmentes – como bem diria o lendário alcaide de Sucupira, o “Bem Amado” Odorico Paraguaçu.

Primeiro problema objetivo. Nossa mídia não explica o que acontece em nossa economia. Ou porque seus jornalistas não sabem. Ou porque não pode. Ou porque não quer. Não esclarece como o Brasil está sendo vendido, gradualmente, para o grande capital especulativo internacional (controlado a partir da City de Londres – o famoso centro financeiro inglês que existe desde o distante ano da graça de 1189). Os ingleses inventaram seu centro financeiro antes até do Capitalismo. Não é à toa que eles detêm a “tecnologia para o exercício do Poder Mundial”.

A City conta com a maior carteira de empréstimos internacionais, com mais de 5 trilhões de libras esterlinas em ativos. Movimenta US$ 643 bilhões diários em derivativos de balcão (42% do mercado mundial). A City também gira US$ 753 bilhões diários em câmbio de moeda estrangeira (31% do movimento mundial). É responsável por 70% dos eurobonds negociados. A City tem 519 empresas listadas na sua Bolsa de Londres. O atual dirigente da City é Lord Mayor John Stuttard, que recentemente visitou o Brasil para amarrar importantes negócios, como a desmutualização (abertura de capital) da Bolsa de Valores de São Paulo (já concluída) e da Bolsa de Mercadorias & Futuros – a BM&F (em andamento).

Tem jornalista inocente ou ignorante que prefere não acreditar na existência de uma Oligarquia Financeira Transnacional que controla o mundo capitalista, patrocinando seus diferentes grupos de poder. São eles: O Clube Bilderberg, a Comissão Trilateral, a Mesa Redonda, o Centro Tricontinental, o Conselho de Relações Internacionais (CFR, sigla de Council on Foreign Relations) ou o Consenso de Washington (que é pilotado de fora para dentro dos EUA). Os comandantes do processo são as tradicionais monarquias européias. Seus banqueiros amestrados assumem o papel de “controladores” ou reguladores do mundo capitalista.

Sob o comando dos banqueiros internacionais, a partir da City de Londres, também formam a rede universal do Poder Real Mundial: A Comissão Européia, as Nações Unidas (ONU), o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial, o Bank for International Settlements (BIS – o banco Central dos Bancos Centrais), além dos bancos centrais privados dos Inglaterra e dos EUA, o Bank of England e o Federal Reserve, entre tantas outras entidades corporativo-financeiro-estatais.

Entender como funciona o mundo real é fundamental. Os cidadãos esclarecidos precisam sair da ignorância e conhecer os reais inimigos de nosso povo e do nosso desenvolvimento. Devem saber que o mundo globalizado é controlado por um “governo secreto” que atua nas sombras. Tal “governo” é exercido por poderosos grupos econômicos que formam uma Oligarquia Financeira Transnacional.

Seu dogma é a “globalização inevitável”. Sua verdadeira ideologia é a “moeda única”. Sua verdadeira paixão é o “poder pelo poder”. Seu consenso virtual se baseia na tese pretensiosa de que tudo que é bom para os grandes conglomerados financeiros ou empresariais é bom para todos. Não é e nem pode ser. Para eles, os Estados nacionais só servem como focos de exploração! Seus povos, idem. Eis a ilusão vendida pelo “globalitarismo” (mistura de Globalização com totalitarismo).

Conceitualmente, a globalização é um dos processos de aprofundamento da integração econômica, social, cultural e espacial dos países, a partir do final do século 20. O principal objetivo da idéia de globalização é inviabilizar o processo natural dos Estados Nacionais. O ideal globalizante é um mundo com nações obedecendo a um “governo mundial”. Na verdade, a Globalização é o novo nome dado ao velho termo “Imperialismo”. A principal característica da globalização é a homogeneização das idéias e dos centros urbanos. O mundo vira Transnacional. Mas a periferia continua periferia. Sorry, periferia...

No mundo globalizado, assistimos à expansão das corporações para regiões fora de seus núcleos geopolíticos, a revolução tecnológica nas comunicações e na eletrônica, e a reorganização geopolítica do mundo em blocos comerciais regionais (não mais apenas ideológicos, como nos tempos da ilusória bi-polaridade entre os Estados Unidos da América e a falecida União das Repúblicas Socialistas Soviéticas). Tudo sob a égide de uma “cultura de massas” supostamente “universal”.

“O Estado brasileiro está sendo dirigido por atores políticos que não têm condições de se apresentar clara e diretamente à sociedade, porque respondem aos interesses do capital transnacional instalado no País”. Foi o que escreveu, em 1990, no livrinho “Como Fazer Análise de Conjuntura”, o sociólogo Herbert de Sousa, o Betinho, homem de esquerda, que na década de 60 fez parte dos famosos “grupo dos 11” de Leonel Brizola, mas que ficou mais conhecido por ser um hemofílico, irmão do Henfil, e por ter liderado a campanha da Ação da Cidadania contra a Fome e a Miséria, na década de 80, até sua morte, em 9 de agosto de 1997.

Mesma análise feita, muitos anos depois, pelo economista Adriano Benayon em seu imperdível livro “Globalização versus Desenvolvimento”: “As dependências política e cultural são alimentadas pelo marketing, pelo falso entretenimento, pela desinformação, que têm minado os valores éticos, de família e nacionais, essenciais à vida em sociedade e à coesão e solidariedade sociais. Ademais, as dificuldades materiais causadas pelo modelo dependente arrastaram dezenas de milhões à virtual indigência e à promiscuidade”.

Benayon quer dizer, simplesmente, que, neste mundo globalizado, os meios de comunicação seguem a lógica das grandes empresas transnacionais. Preocupam-se mais com as regras comerciais do mercado que com o desenvolvimento da comunicação humana, a busca da verdade objetiva e a imparcialidade da informação. Na realidade, os meios de informação desinformam. Sua missão principal não é informar. Mas sim comercializar a difusão da informação. No mercado capitalista global (sem trocadilho infame), a informação é um bem que circula na forma de mercadoria (com valores de uso e troca).

Os grupos de poder defendem e patrocinam a veiculação de notícias que influenciam o mundo político, a economia e o cidadão comum. O interesse dos controladores é usar a mercadoria informação para controlar, manipular ou dominar, lucrando cada vez mais com essa operação. O Brasil é influenciado pelo modelo e pelo conteúdo da mídia anglo e norte-americana. Além disto, é evidente a subserviência das empresas de comunicação “brasileiras” às grandes contas de publicidade das empresas ligadas à oligarquia financeira transnacional, além da crônica dependência às verbas oficiais ou aos favores burocráticos e fiscais dos diferentes governos (do crime organizado).

A mídia não tem independência. Um fato objetivo é que o Poder Real das Oligarquias Transnacionais interfere na gestão e no conteúdo dos meios de comunicação brasileiros. Não é à toa que a nossa mídia oligárquica e amestrada não só faz parte da “elite” globalizante, como se sente parte importante dela. A concentração empresarial no mercado nacional de comunicação contribui para isto. Aqui, apenas dez empresas, juntas, controlam virtualmente tudo o que se vê, se escuta e se lê no País.

Conceitualmente, o fenômeno é fácil de explicar. A mídia é o veículo simbólico através do qual o jogo de oferta e procura de bens controla a população pela via do apelo ao consumo. A ação midiática sobre a vontade das pessoas é tão grande que o apelo degenera em consumismo. Além do apelo direto ao consumo – que é conatural ao processo de marketing, publicidade e propaganda -, a mídia funciona como um dos principais e mais importantes agentes de influência em favor da oligarquia que nos controla externamente e internamente.

Somos bombardeados por idéias, conceitos, ideologias, ideocracias, regras ou leis “fora do lugar” - pois não são aplicáveis à nossa realidade. Entenda-se por ideologia "um conjunto de idéias, pensamentos, doutrinas e visões de mundo de um indivíduo ou de um grupo, orientado para suas ações sociais e, principalmente, políticas". Já as Ideocracias são os modelos ideológicos aplicados na prática para a conquista e manutenção do poder. As ideocracias querem o Poder – que é uma concentração de forças e energias para concretizar um determinado objetivo. “O Poder é a máquina que movimenta a História” – como bem define um dos papas do marketing político Gaudêncio Torquato.

Os meios de comunicação são hoje as armas ideológicas ou ideocráticas mais eficazes. A oligarquia patrocina seus ideólogos ou ideocratas para que promovam pelo menos quatro instrumentos básicos de controle, dominação ou manipulação. 1) As ideologias ou ideocracias (que vendem pretensas soluções, felicidade, sonho e utopia); 2) As diferenças (sejam regionais, econômicas, sociais, religiosas, raciais, etc); 3) A violência e sua evolução radical: o terrorismo. 4) As legislações ou regras “globais”. A mídia colabora para a difusão e consolidação destas quatro frentes de controle, dominação e manipulação.

Benjamim Disraeli, ex-Primeiro-Ministro inglês, cometeu a sinceridade de ressaltar, certa feita, que “o mundo é governado por indivíduos muito diferentes do que pensam os que não estão nos bastidores”. O sábio Disraeli quis dizer que, no mundo globalizado, a realidade do Poder é exercida por poucos que detêm a “tecnologia” e os meios necessários para operá-lo. Há mil anos, bem antes até do advento do Capitalismo, o poder real se concentra nas mãos de uma Oligarquia Financeira que acumulou, ao longo dos séculos, conhecimentos e recursos materiais para exercer o poder.

Os Estados Nacionais são manipulados e dominados pela minoria que detém o poder real mundial: a Oligarquia Financeira Transnacional. A Oligarquia Financeira Transnacional que governa realmente o mundo forma uma parceria com a classe política para garantir seu controle e domínio sobre as nações sem soberania, autodeterminação e independência. Nossos políticos profissionais são marionetes do Poder Mundial. Como agentes conscientes – ou raramente inconscientes -, eles servem àqueles que exercem o Governo Real do Mundo. E compram toda e qualquer idéia por eles vendida.

Os controladores são defensores históricos do chamado “socialismo Fabiano”. Trata-se de um socialismo utópico, de perfil elitista. O movimento tomou emprestado o nome de “Fábio”. Foi ele o general romano que enfrentou Aníbal e o conteve sem enfrentá-lo, aguardando o momento oportuno para a batalha. Os socialistas fabianos propõem a expansão das idéias socialistas através de uma paciente e progressiva instilação da ideologia socialista entre os círculos intelectuais e de poder. Tanto que o símbolo do socialismo Fabiano é uma “tartaruga”.

Aos controladores capitalistas interessa defender a tese de que o mundo caminha hoje para um Estado de Bem-Estar Socialista, ou social democrata evoluído, no qual serão recompensados os “escravos obedientes” e exterminados (ou anulados) os não-conformistas com a Nova Ordem Mundial (New Economic Order). Eles tentam vender a idéia de que a soberania supranacional de uma elite intelectual, juntamente com os principais banqueiros, é melhor que o “velho” anseio de autodeterminação nacional dos séculos passados. Patriotismo é coisa inútil, conforme tal visão de mundo.

Os socialistas fabianos patrocinam as aventuras do Foro de São Paulo (balaio de gato que junta partidos de esquerda com grupos narcoguerrilheiros na América Latina e Caribe, fundado, em 1990, pelo PT. Quem não leu ainda, veja o que está no site da nossa Presidência da República: http://www.info.planalto.gov.br/download/discursos/pr812a.doc

Os controladores da economia mundial não jogam para perder. Recorde como os grupos de poder mundial se comportaram na última eleição presidencial brasileira, na qual Lula da Silva foi reeleito. Na eleição presidencial de 2006, os interesses dos controladores ficaram bem amarrados nos apoios de grandes grupos de poder internacionais aos principais candidatos. O Centro Tricontinental (sediado na Bélgica) jogou suas fichas em Lula e no time do Foro de São Paulo. Saiu vencedor. A Comissão Trilateral (também européia) apostou em Heloísa Helena. E o norte-americano CFR (Council on Foreign Relations), que opera o Diálogo Interamericano, fechou com Geraldo Alckmin. Ou seja, qualquer um que vencesse, estaria fechado com o esquema de poder mundial.

Dependendo do andar da carruagem mundial, o próximo candidato favorito a presidente do Brasil será o tucano Aécio Neves. O mineiro já foi eleito pelo grande capital inglês. Nada custa recordar. O tucano participou, no dia 16 de maio de 2004, de uma mega-festa na mansão inglesa dos Rotschild. O evento fechadíssimo era em homenagem ao empresário Mário Garnero, do grupo Brasilinvest - um banco de negócios que lidera cerca de US$ 3 bilhões de investimentos ao redor do mundo. Aécio Neves foi um dos coroados a ter o privilégio de entrar na famosa “Spencer House”, uma construção do século XVIII que pertence a Lorde Jacob Rothschild, usada apenas em ocasiões especiais. No encontro, o neto de Tancredo foi apresentado como “o futuro Presidente do Brasil”.

O Lord Rothschild considera Garnero “um de seus quatro filhos”. Aécio Neves presenciou o Lord erguendo taças de cristal para homenagear Garnero e ninguém menos que o ex-presidente dos EUA George Bush (pai do presidente dos EUA), no Great Room do andar superior da mansão histórica. O denominado banqueiro “controlador do mundo” opera com os políticos de diferentes tendências ideológicas da maneira que melhor lhe convém aos negócios. Há quem afirme que ele é um dos sustentáculos secretos do cubano Fidel Castro – que os EUA nunca conseguiram derrubar do poder e que fundou, junto com Lula, em 1990, o Foro de São Paulo, para “unir as esquerdas” no continente.

Pelo visto, as cúpulas das chamadas “esquerdas” são manobradas de forma idêntica às chamadas “direitas”, em nome de interesses maiores dos “negócios” mundiais. Neste processo, as ideologias são simples instrumentos de dominação. Um exemplo para deixar quem pensa o contrário com as barbas de molho. O principal acionista do jornal . “Libération” (símbolo da esquerda francesa, fundado por Jean Paul Sartre) é o banqueiro Edouard Rothschild.

Ano passado, em entrevista ao jornal britânico “The Independent”, Rothschild defendeu que “o Libération precisa de um novo começo, sob uma nova direção, a fim de reconquistar seu apelo junto aos jovens. Por isso, precisa ficar mais voltado para a esquerda, a fim de refletir as opiniões antiglobalização da maioria dos jovens franceses”. A Oligarquia que controla o capitalismo (e patrocina os “socialismos”), em grupos de poder já citados “pratrasmente” (como diria Mestre Odorico).

O Poder Real Mundial emprega quatro forças para exercer seu poder nas sociedades subdesenvolvidas. 1) Os Agentes de Influência: que são a Mídia, as ONGs, os Movimentos Populares e os Sindicatos; 2) O Partido Político no Poder (força motriz); 3) As Forças de Sustentação (o Governo Formal, através dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, englobando também o Ministério Público, a Máquina de Arrecadação, as Forças Policiais e as Forças Armadas). 4) As Forças Subterrâneas, promotoras de ações táticas criminosas.

O “quarto elemento” é formado pelas máfias que exploram diferentes negócios, pelas facções criminosas, por grupos paramilitares e por agentes terroristas preparados para ações de guerrilha urbana ou rural, com fins pretensamente “revolucionários”. O chamado quarto elemento parece a face mais visível do crime organizado. Mas é fundamental sempre destacar. Sem a presença da máquina do Estado, o crime não se organiza.

Quando essas quatro forças formam uma aliança sistêmica com o aparelho do Estado forma-se o Governo do Crime Organizado. A regra é clara e simples. Governo do Crime Organizado é a associação, para fins delitivos, entre as classes política e empresarial, membros dos três poderes (Executivo, legislativo e Judiciário) e agentes marginais de toda espécie, com a finalidade de usurpar o poder estatal, praticando o roubo, a corrupção, a violência e o terror. O crime organizado é um dos fatores de contenção das potencialidades de uma Nação. Além de coagir e acuar a sociedade, o crime serve como instrumento de controle, dominação e manipulação.

O Governo do Crime Organizado pratica sua ideocracia contra as expressões do poder político, econômico, jurídico, militar, científico-tecnológico, cultural e psicossocial do Estado. Em nosso caso específico, os Governadores Reais do Brasil têm pelo menos dois objetivos bem definidos, para justificar seu controle. O primeiro é a exploração econômica da nação e dos recursos naturais do seu território. O segundo é a contenção das potencialidades sócio-econômicas, políticas e militares da Nação, na medida exata de seus interesses transnacionais.

Alguém duvida que somos governados pela ideocracia do Crime Organizado e suas “ideologias fora do lugar” (que conflitam com a realidade brasileira)? Em seu conceito de “Ideologia zero”, o professor Mtnos Kalil destaca que “a função básica da ideologia é distorcer a verdade em benefício dos donos do Poder e seus servidores”. A petista Marilena Chauí nos ensina que a ideologia é um mascaramento da realidade social que permite a legitimação da exploração e da dominação. “Por intermédio a ideologia, tomamos o falso por verdadeiro, o injusto por justo”.

O filósofo e jornalista Olavo de Carvalho nos ensina que toda ideologia é uma profecia auto-realizável. A ideologia visa a criar as próprias condições sociais e psicológicas que lhe darão retroativamente uma aparência de veracidade. Olavo lembra que, no fundo, a ambição dos ideólogos-fundadores é transcender a distinção de aparência e realidade, fazendo com que a realidade copie tão bem a aparência que se torne indiscernível dela. Desta forma, a aparência se transforma na realidade efetivamente.

No fundo, os ideólogos são uns cínicos que são vítimas do próprio cinismo teórico. Em geral os fundadores de uma ideologia sabem que ela é objetivamente falsa. Não deveriam acreditar nela. Mas acreditam... Olavo de Carvalho avalia que os ideólogos e seguidores não defendem a ideologia apenas porque crêem que ela descreve acuradamente a realidade. Esperam que, se um número suficiente de pessoas acreditar no que dizem, a conduta delas se tornará mais previsível e manipulável na direção ideológica desejada.

Olavo destaca que todo ideólogo – inclusive o fundador da ideologia – é por excelência um manipulador. Por isso mesmo, está sujeito a ser manipulado por seus adversários ideológicos. Sabendo de antemão como um ideólogo interpretará (ou fingirá interpretar) o curso dos acontecimentos, seus adversários ideológicos, podem alimentá-lo de informações pré-selecionadas para induzi-lo a conclusões que sejam as mais interessantes para eles, não necessariamente para o ideólogo. Toda ideologia é assim um canal de desinformação. Mas um sinal com mão dupla, no qual o desinformante está sujeito a ser ele próprio desinformado.

Olavo de Carvalho explica que a desinformação ideológica acontece quando o ideólogo, no afã de persuadir os outros, se deixa ele próprio persuadir pela sua ideologia. Neste processo, o ideólogo esquece de que a ideologia era apenas um instrumento de ação, na origem, e passa a tomá-la como critério de explicação da realidade. Olavo só adverte que, na crítica à ideologia, não se caia no pragmatismo supra-ideológico de achar que nada presta e que todas as idéias só servem para os fins negativos da própria ideologia. Muita gente boa incorre neste erro que acaba servindo de negação do processo político.

Voltando à vaca gelada, os ideocratas são os promotores dos chamados “pensamentos únicos” ou “unificantes”. Junto com tantas outras utopias, cumprem a função tática de padronizar o raciocínio das pessoas para controlá-las, dominá-las ou manipulá-las. São “pensamentos únicos” ou “unificantes”: a Globalização ou neoliberalismo; os Socialismos ou comunismo; os Neonazismos ou fascismos; os Fundamentalismos religiosos e os dogmas radicais de toda espécie. Os “ismos” só servem para criar divisões e conflitos artificiais que facilitam as estratégias de controle, manipulação e dominação das sociedades – sobretudo as mais subdesenvolvidas e ignorantes.

Tantas reflexões não foram feitas apenas para encher lingüiça ou confundir o tico e o teco neural de nossos pacientes leitores. Retornemos aos pratrasmentes deste despretensioso artigo, para que possamos chegar sãos e salvos aos finalmentes. Voltemos aos demais problemas que nos obrigaram a tanta teorização prática. Sem a apresentação dos mecanismos e dos conceitos corretos qualquer explicação séria fica sem nexo. Fica parecendo “teoria da conspiração”, quando, na verdade, somos vítimas da conspiração em prática. As informações a seguir são completamente objetivas, claras e comprovadas.

A mídia só dá a notícia pela metade. Belo exemplo de parcialidade ignorante foi a cobertura do caso Juan Carlos versus Chávez. A briga foi uma legítima “batalha de Itararé” (aquela que ficou famosa, justamente porque não houve). A mais recente lenha na fogueira foi lançada, burramente, pelo secretário de Relações Internacionais do PT. O radical Valter Pomar resolveu plantar, no site do partido do chefão Lula da Silva, mais uma defesa ao seu companheiro e comandante militar do Foro de São Paulo, Hugo Chávez. Pomar chutou o saco do Rei espanhol: "Para quem não lembra, a República espanhola foi esmagada por um levante fascista, que restaurou a monarquia. Depois da morte de Franco, Juan Carlos foi coroado e jogou um papel no mínimo controverso no processo de redemocratização".

Antes de se na analisar qualquer crítica, é preciso recuperar o diálogo original do incidente entre o Rei Juan Carlos, Hugo Chávez e o primeiro-ministro espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, na recente Cúpula Ibero-Americana, no Chile. Muita gente emitiu opiniões (contra e a favor do Chávez ou do Rei) sem assistir a todo o contexto do incidente. A constatação básica é que tanto o venezuelano quanto o espanhol foram, no mínimo, mal educados. Chávez, por interromper o discurso de Zapatero. O Rei, por interromper a ambos, dedo em riste, para mandar Chávez se calar. As cenas podem ser revistas, sem edição, no vídeo: http://stage6.divx.com/user/paul8848/videos/

O premiê espanhol discursava: “Somos antípodas em posições ideológicas. Não concordo com as idéias de Asnar. Mas o ex-presidente Asnar foi eleito pelo povo espanhol. Exijo este respeito por uma razão"(...) (Chávez continuava falando fora do microfone, sem ser ouvido com precisão). A insistência do venezuelano em não deixar o atual presidente espanhol Zapatero falar levou o monarca espanhol, primeiro, a apontar o dedo para Chávez. Depois, Juan Carlos perdeu a linha e inteveio, abruptamente, gerando o grande factóide político: “Por que não te calas” (gritou o Réu Juan Carlos I). Hugo Chávez nem ouviu o ataque do Rei. A presidente chilena Michelle Bachelet interveio, pedindo que não houvesse interrupções e que o premiê espanhol prosseguisse.

Zapatero continuou a bronca em Chávez – que foi muito mais séria (mas teve bem menos repercussão) que o “cala boca” do rei espanhol. Detonou Zapatero: “Presidente Hugo Chávez, creio que há uma essência e um princípio no diálogo que, para respeitar e ser respeitado, não podemos cair na desqualificação. Se pode discordar radicalmente das idéias, denunciar as idéias e os comportamentos, sem cair na desqualificação. Nunca. O que quero expressar é que uma boa forma poder trabalhar em favor de nossos povos é que nos respeitemos e aos representantes democráticos. E peço, presidente Bachelet, que essa seja uma norma de conduta em um fórum que representa os cidadãos: que nos respeitemos a todos.

O cala a boca é mero jogo de cena. Hugo Chávez é o principal aliado dos ingleses que comandam a Oligarquia Financeira Transnacional. O Rei espanhol joga no mesmo time. Literalmente para “inglês ver”, Chávez visitou a capital britânica entre 14 e 16 de maio de 2006, para encontros com o prefeito de Londres, Ken Livingstone, líderes sindicais e um grupo de deputados trabalhistas da oposição. Mas o embaixador venezuelano na Inglaterra, Alfredo Toro Hardy, explicou que o motivo da visita de Chávez "foi para agradecer os diferentes setores da sociedade britânica que apoiaram o governo da Venezuela".

Em meio a tanta conversa, os controladores ingleses encomendaram a Hugo Chávez a criação de um banco de fomento continental. Quem controlaria o banco? Os inglesesm - por debaixo dos panos! O que pode justificar e explicar que Hugo Chávez tenha assinado, na capital do Reino Unido, no dia 15 de maio do ano passado, um até agora nada esclarecido “Tratado dos Povos das Américas com Londres”? Elementar, meu caro Watson... Nem precisa perguntar...

A vinda ao Brasil, no mês de setembro, dos dirigentes da City de Londres foi fundamental para convencer o governo brasileiro a apoiar a proposta de criação do Banco do Sul. Afinal, os banqueiros ingleses são os verdadeiros pais do projeto de criar uma instituição multilateral para financiar projetos na América Latina e Caribe. Hugo Chávez foi um mero “laranja” da proposta que foi aprovada na reunião dos ministros de Estado de Economia e Finanças de sete países sul-americanos, no último dia 8 de outubro, no Palácio do Itamaraty, no Rio de Janeiro. A proposta de criação do banco consta do obscuro plano do Acordo Multilateral de Investimentos defendido pelos europeus.

Em tese, o objetivo do Banco do Sul será financiar projetos que contribuam para o desenvolvimento, o aumento de infra-estrutura, a correção de assimetrias, a promoção de empregos, o aumento da liquidez e a reativação de um círculo virtuoso de crescimento econômico na região. Mas, na prática, o banco será mais um mecanismo de falsa promoção do desenvolvimento dos países atrasados usando empréstimos externos. Os banqueiros internacionais serão os aplicadores do dinheiro que os países colocarão no Banco do Sul. O mesmo dinheiro que os subdesenvolvidos vão tomar emprestado para tocar seus projetos.

Enfim, é preciso que fique claro que os novos “libertadores” socialistas das Américas, com ilusório verniz progressista e fantasia esquerdista, agem sob ordens dos controladores da tradicional nobreza econômica européia. Eis o motivo pelo qual são tão raivosos contra os Estados Unidos da América os presidentes da Venezuela, Bolívia e Equador. Os três fazem coro com Fidel Castro, outro mantido vivo no poder eterno pela turma que se junta na City de Londres para controlar o sistema Capitalista (seja na forma tradicional, nas Sociais Democracias, nos Capitalismos de Estado ou nos arremedos de socialismo).

Os bastidores do capitalismo assistem a uma guerra pouco percebida, na disputa pela hegemonia do poder mundial, entre a nobreza econômica européia (escorada na City de Londres) e o núcleo monolítico do poder dos Estados Unidos da América. A grande imprensa mundial não trata dessa guerra assimétrica. O tradicional poder colonial inglês quer dar o troco nos norte-americanos pela independência de 1776. Para azar dos EUA, o republicano George Bush e muitos democratas jogam contra o próprio time...

Osama Bin Laden é factóide. Os ataques terroristas contra as Torres gêmeas do World Trade Center e o Pentágono, junto com os recentes problemas no sistema de crédito, são balas atiradas pelo mesmo adversário que deseja neutralizar o poderio norte-americano. E nós, brasileiros desinformados, somos levados ideologicamente a acreditar que os EUA são os exploradores econômicos do Brasil. Não são. A História precisa ser mais bem contada. Quem sempre explorou o Brasil foi o grande capital inglês.

Essas são apenas algumas das verdades objetivas que a mídia amestrada esconde da opinião pública brasileira. Quando teremos sabedoria social suficiente para romper com a ordem neocolonial que só nos explora e nos ilude? Até quando aceitaremos abrir mão de um projeto de Nação para o longo prazo? Quando iremos nos convencer que o Brasil precisa ser “reinventado” com Democracia, Independência, Soberania, Autodeterminação e Patriotismo (a consciência objetiva do amor ao Brasil)? Até quando seremos escravos dos “ismos” ou reféns das idéias, ideologias ou ideocracias fora do lugar?

A Nação brasileira necessita de medidas imediatas e concomitantes, de ordem política, militar, econômica, fiscal e constitucional, para um renascimento institucional. A plena manifestação da Vontade Nacional, o controle social do poder do Estado e o investimento na inteligência social dos brasileiros, com soberania, autodeterminação e independência, são as soluções básicas e imediatas.

A grande missão é entregar o Brasil a si mesmo, ao seu povo. O País nunca foi nosso. Temos de fazer cumprir nossos Objetivos Nacionais Permanentes: Progresso, Soberania, Paz Social, Integração Nacional, Integridade do Patrimônio Nacional e Democracia. Eles consistem na preservação da Segurança da Nação e dos Valores da Pátria. Aplicados em conjunto, são a expressão da Vontade Nacional. Hoje, carecemos de tal expressão.

Os Objetivos Nacionais Permanentes dependem da afirmação e da defesa do interesse do País, da preservação da integridade do território nacional, da projeção internacional do Estado brasileiro, da consolidação de seu potencial econômico e militar e do desenvolvimento integral da Nação, sobretudo em termos de cidadania. Tudo isso é essencial para fazer do Brasil uma sociedade mais justa, mais humana e feliz.

O Brasil é um País potencialmente rico e com tudo para ser uma poderosa Nação. Mas é mantido artificialmente na miséria por poderes globais que o controlam de fora para dentro. Historicamente, somos uma plataforma de transferência de recursos naturais e financeiros para o exterior.

Temos o desafio histórico de mudar nossa realidade a nosso favor. Precisamos entregar a Nação a si mesma. O Brasil tem de adotar uma visão estratégica de longo prazo. Precisamos de uma política de Estado com a visão democrática. No máximo, atualmente, temos uma política de governo que é renovada de quatro em quatro anos. Não temos um projeto de Nação para longo prazo.

Daí devemos formular duas questões chaves: Como o modelo de Estado pode e deve ser redesenhado no Brasil, com autodeterminação, soberania e independência, a fim de atender aos reais interesses nacionais e às verdadeiras necessidades dos brasileiros? Como e por que precisamos manifestar, na prática, nossa Vontade Nacional, para que sejamos uma Nação desenvolvida de verdade, em justo e perfeito equilíbrio com o resto do mundo?

Não temos mais opção. O dilema é machadiano. Ou matamos o governo do crime organizado, ou ele nos enterra.

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