(Excertos da Entrevista com o Professor F. A. von der Heydte)
“Pergunta: O que o Sr. acha do fato de o combate ao terrorismo na República Federal acontecer exclusivamente no âmbito da lei criminal convencional? A teoria prevalente presume que os atos terroristas de uma guerra irregular sejam qualitativamente idênticos às violações diárias "normais" da lei.
Von der Heydte: Esse é o problema que o Estado de direito tem ao combater o inimigo na guerra irregular. Essa é a desgraça do Estado de direito, quando ele é atacado na técnica da guerra irregular. No Estado de direito temos dois tipos de pessoas, o cidadão correto e o criminoso. O terceiro tipo de pessoa, o que conduz uma guerra irregular, sua existência não é levada em conta. Quando o Estado de direito e a guerra irregular se confrontam, isso me lembra uma competição entre um nadador e um não-nadador. Isso não pode dar coisa que preste.
O poder que promove a guerra irregular não conhece quaisquer obrigações, pois nada o submete à obediência da lei civil, da lei internacional e nada há que o submeta à lei da guerra. O Estado de direito é submetido em todos os aspectos. Mais que isso, o poder que promover a guerra irregular pode explorar totalmente as possibilidades jurídicas que lhe são proporcionadas pelo Estado de direito.”
“A guerra irregular é feita de atos individuais. Esses atos individuais se ligam uns aos outros no quadro maior. Mas quem deseje conduzir uma guerra irregular vai querer esconder esse quadro maior. É característico da guerra irregular moderna que quem a conduz se disfarce.
Foi assim no Vietnã. A guerra contra os franceses prosseguiu contra os Estados Unidos sem interrupções. No Ocidente as pessoas faziam vistas grossas a esse fato. O período de calmaria foi ilusório. A "fundação" da "Frente de Libertação Nacional" do Vietnã do Sul foi pura ficção, simulação total para que os americanos não percebessem que já estava tudo no seu devido lugar. Qualquer um conseguiria restabelecer qualquer coisa que já estivesse lá há algum tempo.”
“Sem uma considerável dose de mídia nenhuma guerra irregular conseguiria hoje ser conduzida no Ocidente. Uma imprensa desorientadora e desinformadora é característica essencial da guerra irregular, no Ocidente. Evidentemente que os americanos não perceberam isso na Alemanha do pós-guerra, porque se não teriam imposto as suas leis de imprensa, que previam pelo menos um comunista participando da direção editorial de todo jornal. Esse foi o começo da desinformação, pelo menos na Alemanha Ocidental.”
( A entrevista completa encontra-se nas páginas 15 a 29 do livro A Guerra Irregular Moderna, escrito por Friedrich August Von der Heydte, editora BIBLIEX, Rio de Janeiro, 1990 ).
Fonte: http://www.marxists.org/portugues/marighella/index.htm
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