Material essencial

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Marta Suplicy consegue as 27 assinaturas para tirar PLC 122 da gaveta

JULIO SEVERO
4 de fevereiro de 2011

Vice-presidente do Senado, petista consegue apoio para desarquivar PLC 122

O primeiro ato da Senadora Marta Suplicy no Senado foi conseguir as 27 assinaturas necessárias para desengavetar o PLC 122, projeto de lei que quando aprovado tornará crime OPINIÕES E atos homofóbicos e discriminatórios contra homossexuais no Brasil. O PLC 122 foi arquivado no dia 02 de janeiro pelo regimento do Senado, que obriga o aquivamento de todo projeto de lei que já tramite por oito anos sem ter sido votado em plenário.

O PLC 122 encontra forte resistência dos setores evangélicos do Senado e Câmara dos Deputados. Além das 27 assinaturas, é necessário que o PLC 122 ganhe nova relatoria, já que Fatima Cleide, que era a relatora do Projeto de Lei, não foi reeleita.
Marta vai assumir essa função. Estes atos eram promessa de Marta.
Toda rápida, Marta Suplicy já conseguiu o número mínimo necessário de assinaturas para desarquivar o projeto. Ela teria 30 dias, segundo o regimento da casa, mas conseguiu todas as assinaturas em apenas um dia. Na noite desta quinta-feira, 3, ela apresentou as assinaturas para a Mesa diretora e pediu seu desarquivamento.

Próximo passo

Eleita vice-presidente da casa, Marta disse que a discussão sobre essa lei será feita "sem pressa e com amplo espaço para o contraditório. Marta, que mal assumiu seu cargo no Senado já anunciou que estaria disposta a assumir a relatoria do PLC 122, justificou a importância do texto. Segundo ela, a questão é "proteger uma parcela da população que vive sob ameaça".

Uma vez desarquivado, o projeto volta para a Comissão de Direitos Humanos do Senado, onde tramitava antes de ir para a gaveta. Caso aprovado, ele segue para a Comissão de Constituição e Justiça antes de ser submetido à votação em plenário.
Fonte: Site homossexual MixBrasil
Nota de Julio Severo: As palavras em vermelho são adições baseadas nas próprias ameaças dos PLC 122 e dos ativistas gays, que entendem que até mesmo a expressão de opiniões contrárias ao homossesxualismo deve ser enquadrada como “crime”.
Artigos relacionados:

7.349 quilômetros em defesa do Brasil, Terra de Santa Cruz!

IPCO
4, fevereiro, 2011


"Para sempre mais cristãos atrevimentos"!, como diria Camões. É o que desejam os jovens que tiveram a alegria e a honra de participar da Caravana Terra de Santa Cruz, por 7 estados do Nordeste. Mas a luta em defesa do Brasil e da Civilização Cristã não termina por aqui. Acompanhe os próximos passos em ipco.org.br

A
cabo de ver a quilometragem. Cada um dos 5 veículos da Caravana Terra de Santa Cruz percorreu 7.349Km, para mobilizar a população em defesa da família, contra o aborto e o PNDH-3.
Graças a Deus, nossa meta não somente foi atingida, mas superada. Tínhamos anunciado a ousada meta de 6.000Km, e graças a sua oração e sua ajuda conseguimos atingir 7.349Km. Isso sem contar o percurso dos caravanistas para suas cidades de origem, e sem contar também os 2.700Km percorridos por uma das kombis, para levar conforto espiritual aos flagelados das enchentes do estado do Rio de Janeiro.
Sim, mais uma batalha foi ganha. Mais uma região do Brasil está alerta com relação ao Programa Nacional de Direitos Humanos. Em todos os 7 estados nordestinos que percorremos, o mesmo fenômeno se observou: o geral do público desconhece o PNDH; e quando conhece, é contra!
Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia disseram NÃO ao aborto, ao “casamento” homossexual, ao enfraquecimento da propriedade particular, à legalização da prostituição, ao ensino socialista, à sovietização do Brasil, e aos 500 outros pontos do PNDH-3.
Por que então ainda há políticos que querem impor o PNDH em nossa Pátria? Por que não auscultam antes os anseios da opinião pública? Por que implantar uma verdadeira perseguição religiosa, que atingirá a maioria da população?
Mais uma vez, agradecemos a todos os que contribuíram para o sucesso da Caravana Terra de Santa Cruz, e convidamos a que não baixem a guarda, acompanhando os próximos passos deste luta pelo site ipco.org.br.

DEMOCRACIA OU CABRESTOCRACIA?

VIVERDENOVO
QUINTA-FEIRA, 3 DE FEVEREIRO DE 2011

Por Arlindo Montenegro

Pense aí na cor verde. Imagine as variações de percepção que cada pessoa terá diante da proposição: verde escuro, verde oliva, verde bandeira, verde garrafa, verde claro... Assim cada pessoa percebe o discurso da outra parte, associando-o a uma experiência, a uma emoção. Na verdade é assim que funcionam todas as percepções abstratas.

Diante do concreto a verdade única é percebida com significados diferentes, associados à experiência, informação cultural e expectativas individuais. O Deus de cada um, os deuses dos outros e até os "extra terrestres" que contam com muitos crentes, confortam, conformam, disciplinam as buscas e escolhas atuando como presença ética, moral, do modo como as religiões têm fundamentado a evolução das civilizações.

Estão por aí, os sapientes de tudo e detentores de todas as verdades atuais e futuras, com ares de "escolhidos",que se regem, se guiam pelas oscilações das bolsas de valores, o preço do ouro, do petróleo e comodities de mercado futuro. São frios, calculistas e refratários às emoções características dos humanos comuns. São os psicopatas que parecem estar no governo, em cada país, na atualidade.

Criaram e tentam impor novos conceitos de democracia, invertendo o entendimento tradicional desta utopia, que encerra os melhores aspectos da construção de sociedades civilizadas. Que resumem a prática das liberdades, no convivio respeitoso de todas as crenças e percepções do Deus de cada um, desarmado de preconceitos e facilitando a evolução natural e as trocas materiais necessárias, guardados os códigos e costumes culturais de cada um em seu espaço.

Hindus, maometanos, budistas e mais tarde as tribos judaicas, berço do cristianismo, conhecem e aspiram construir a utopia democrática. Hoje se pode perceber que isto é impossível, quando o estado interfere e dita o que pensar, como fazer, como rezar, disseminando preconceitos, racismo e divisões ideológicas, comportamentos exaustivos para o equilíbrio da família e do indivíduo. O resultado é a pobreza mental e material, dependente de uma casta ideológica ou religiosa, que depende dos tesouros de banqueiros.

A liberdade de pensamento e expressão é fundamental para o aprendizado da liberdade. O aprendizado desde o berço sobre o funcionamento deste complexo físico e mental, que assegura o encontro de cada um com suas possibilidades naturais, é essencial e tem sido desprezado, desvirtuado pelos sistemas educacionais, impostos pelo estado e pelas religiões desviadas de seus fundamentos, privilegiando os currais de apoio ao poder.

Esta liberdade essencial, - sem limites mentais, sem imposições religiosas ou ideológicas, mas reforçando as buscas e convicções religiosas e ideológicas que verdadeiramente afirmem o indivíduo, comprovando a evolução da ordem social – tem sido a liberdade-motor das conquistas democráticas, afirmando a maturidade e a civilização de cada grupo de crentes ou descrentes em seu estagio de evolução na direção do transcendente.

Assegurar esta liberdade seria o princípio retor desejável de toda ação governamental, no marco do estado de direito universal e da distribuição de justiça, assegurando e fortalecendo a família, a Pátria-território como propriedade inalienável para uso fruto dos nacionais.

O patrimônio intelectual da humanidade já tem reunido o suficiente para escolher formas úteis de organização do estado. Há uma linha de conduta exposta, demonstrando que algumas "raças", "tribos", "grupos secretos" se consideram superiores, apenas porque manobram há milênios a administração das economias produzidas pelo trabalho, em suas versões diferentes nas eras históricas.

Democracia é o convívio de cada pessoa, de cada grupo com o outro, cada nação com a outra, sem imposições de força humana ou divina. Sem a opressão de estado ditatorial, sem opressão ideológica, sem opressão religiosa obrigando e limitando as escolhas individuais, estas sim limitadas pela responsabilidade-dever de respeito ao semelhante, limitadas pelo contrato social e este, sucinto, claro, alicerçado em valores culturais e consuetudinários. Estado de direito sem cabresto.

É importante educar para pensar. Para isto é necessário exercitar e desenvolver as habilidades, desde a infância, para lidar o cérebro, conhecer a máquina física e a fantástica capacidade que cada um possui. Ensinar o mundo como é e o significado da liberdade criativa. Melhor e mais produtivo, melhor e mais racional que desviar a atenção infanto juvenil para as questões de evolução e escolhas naturalmente privativas.

Estamos na encruzilhada: de um lado o domínio de tantas e tão aceleradas mudanças e o volume de informações sedutoras e já provadas como limitantes e desastrosas. De outro lado a construção da utopia democrática que cada dia, temos sido incapazes de processar, refletir e decidir.

Estamos abrindo mão de liberdades essenciais, quase sem perceber. Cada um sente a insatisfação "não sabendo" o porque. E muito se resume em buscar as respostas para as velhas perguntas: o que sou eu? Porque estou aqui? O que quero fazer para marcar minha passagem nesta vida?

Inversão psicótica: dois artigos de Olavo de Carvalho.


Inversão psicótica
Cabeça de Uspiano - 1
Olavo de Carvalho
Diário do Comércio, 18 de junho de 2009

Os exemplos da inversão psicótica de sujeito e objeto são tão abundantes na produção escrita da intelectualidade revolucionária, que a única dificuldade para encontrá-los é o embarras de choix. O caso que vou comentar aqui é interessante porque ilustra esse mecanismo em dois níveis ao mesmo tempo: na reação de um professor de filosofia aos acontecimentos imediatos e na sua análise de transformações sociais mais duráveis e profundas.

Quando os alunos da USP, pela milésima vez, ocuparam o prédio da instituição, depredando o que podiam e intimidando seus colegas e professores para que interrompessem as aulas e aderissem ao quebra-quebra – ações que a profª. Olgária Matos, muito significativamente, definiu como “manifestação pacífica” –, outro professor da Faculdade de Filosofia, Vladimir Safatle, protestou contra a intervenção policial que pôs fim ao ataque, rotulando-a de “brutalidade securitária”. Se com isso ele não provou nada em favor dos manifestantes, ao menos demonstrou não saber distinguir, na escolha do seu vocabulário, entre a segurança pública e a indústria de seguros. Depois dessa performance literária quase presidencial, ele ainda se julgou habilitado a avaliar o desempenho intelectual dos estudantes, jurando que não eram simples arruaceiros, mas alunos aplicados, empenhados em altas tarefas científicas. Tendo examinado alguns trabalhos acadêmicos do referido, concluí que ele tem toda a razão ao qualificar de bons alunos os depredadores, pois correspondem às expectativas do mestre.

A título de amostra, examinemos o estudo “Certas Metamorfoses da Sedução: Destruição e Reconfiguração do Corpo na Publicidade Mundial dos Anos 90”, reproduzido no site do autor, http://www.geocities.com/vladimirsafatle/, entre outras efusões do seu – como direi? – intelecto. Sem exigir-lhe cobardemente uma filosofia, coisa que nenhum membro do seu departamento jamais teve e que é totalmente dispensável para ali ser havido como filósofo, vejamos como o professor se sai na numa área bem mais modesta do conhecimento, a sociologia da publicidade,

Ele começa por observar que, no período mencionado, a imagem do corpo humano nos anúncios publicitários mudou muito. Em vez do corpo como imagem estável e positiva da pessoa, apareciam agora duas novidades: de um lado, o corpo como entidade fluida e mutável, sujeita a toda sorte de alterações (piercings, pinturas extravagantes e até mutilações); de outro, o corpo como imagem da sua própria destruição – pessoas desalinhadas, mulheres pálidas com roupas de luto, homens com aparência de doentes, de cocainômanos, de aidéticos, de moribundos e até de cadáveres. Para dizer isso, ele leva mais de dez páginas, naquele estilo posado, tipicamente uspiano, com razoável dose de erros de gramática e farto uso de uma terminologia forçada que deve lhe parecer muito científica. E olhem que Safatle é uma das criaturas mais inteligentes que já passaram por aquela subseção do Instituto Butantã. Mas o interessante vem quando ele passa a explicar as causas do fenômeno. Para ele, a destruição do corpo na publicidade reflete um astuto mecanismo da lógica do mercado que, vendo esgotado o potencial das imagens estereotipadas de beleza e integridade corporal usuais nos anos 60, decidiu incorporar os elementos de rebelião e inconformismo, de modo a neutralizá-los mediante “rupturas internas controladas” e colocá-los a serviço de “novos processos de mercantilização da negatividade”.

Para chegar a essa conclusão, ele confessa que usou métodos lacanianos de investigação, segundo os quais a imagem corporal de cada um é construída por introjeção de padrões estereotipados vindos do exterior, da maldita sociedade. “Isto significa fundamentalmente que a experiência de produzir uma imagem corporal é alienação de si no sentido de submissão da referência-a-si à referência-a-outro...” (frase maravilhosa na qual eu mesmo, fazendo-me de co-autor, tive de colocar a crase para que se tornasse inteligível). “Não há – prossegue Safatle – nada de próprio na imagem do corpo. Lacan dirá que o corpo próprio, na verdade, é corpo do Outro.” Quando a repetição das imagens corporais positivas “transformou a publicidade em alvo maior da crítica à ideologia da sociedade de massa,... esta crítica foi logo assumida pela própria publicidade. Tratava-se de uma publicidade que ridicularizava a própria publicidade e certos aspectos da cultura de consumo...”.

Os dois elementos em jogo são aí a cultura de massas do “capitalismo tardio”, com sua estereotipagem positiva das imagens corporais, e a crítica cultural que se volta contra esses estereótipos com um radicalismo que, seguindo o exemplo de Lacan, não hesita em destruir a própria noção de corpo pessoal, acusada de ser uma camuflagem da dominação psíquica imposta pelo Outro ao infeliz morador do corpo. Dessa oposição resulta, segundo Safatle, a síntese que nos anos 90 absorve e instrumentaliza a destruição do corpo, transformando o que era inicialmente crítica cultural em “novos processos de mercantilização”.

Essa análise pode funcionar como exemplo daquilo que, na USP, passa como alta manifestação de inteligência e até como “trabalho científico”. Mas os conceitos lacanianos usados na análise já são, por si, exemplos claros de inversão psicótica. Dizer que a imagem do eu se forma por introjeção de padrões exteriores e que isto configura uma “alienação” é obviamente autocontraditório. Se a imagem do eu não existe antes da introjeção, não há nada que esta possa “alienar”. Ou a introjeção dos padrões exteriores é a própria origem da imagem, ou é a sua alienação: as duas coisas ao mesmo tempo ela não pode ser de maneira alguma, a não ser na hipótese de que exista um eu substancial metafísico anterior à sua própria construção como auto-imagem – hipótese que todo materialista como Lacan e Safatle tem de rejeitar in limine.

Partindo do princípio de que a imagem corporal é alienação, a única coisa decente que resta a fazer é destruí-la, evidentemente. Pode-se fazer isso com piercings, mutilações, ou com ataques lacanianos à sociedade malvada que impingiu ao sujeito aquilo que, no seu isolamento de menino-lobo, ele não poderia adquirir de maneira alguma: um eu. Mas destruir para quê? Para que da destruição da imagem estereotipada pudesse surgir um “verdadeiro eu”, seria preciso que este existisse antes e independentemente da introjeção, com o que voltamos à hipótese metafísica lacanianamente inaceitável. Mas, se a destruição não visa a desenterrar da massa dos estereótipos um impossível “eu autêntico”, então é claro que a destruição só tem como objetivo a própria destruição – um mecanismo que Hegel já previra com muita antecedência (v.http://www.olavodecarvalho.org/semana/081114dc.html). No legado da escola de Frankfurt, mais ainda quando enfeitado de lacanismo, a destruição é, com efeito, a única ocupação decente a que, no inferno geral do “capitalismo tardio”, se podem entregar as pessoas boas e inteligentes como o prof. Vladimir Safatle e seus aplicados alunos da USP. O que o professor não suporta é que tão boas intenções tenham sido maquiavelicamente absorvidas e instrumentalizadas pelo “capitalismo tardio” e transformadas em meios de incentivar o consumo, aumentar a produção e espalhar riquezas. Isso é mesmo um insulto intolerável.

[Continua abaixo]

A culpa dos outros
Cabeça de uspiano - 2
Olavo de Carvalho
Diário do Comércio, 23 de junho de 2009

Deixando de lado agora a referência lacaniana e examinando a contribuição pessoal do prof. Safatle ao entendimento dessas pérfidas astúcias do “capitalismo tardio”, observo, desde logo, que não é metodologicamente admissível atribuir ações de transformação social a entidades genéricas abstratas sem ter na mínima conta os agentes individuais e grupais concretos envolvidos no processo. O autor da transformação assinalada pelo prof. Safatle não é “o capitalismo tardio”, mas sim a classe publicitária. Foram publicitários – e não uma assembléia de acionistas, muito menos o “espírito do capitalismo”, diretamente ou em ectoplasma – que escolheram as novas imagens de gente com cara chupada, olheiras e barba por fazer que se substituíram aos saudáveis papais e mamães e às beldades esfuziantes dos anos 60. Para saber por que um grupo social fez isto ou aquilo, é preciso investigar suas idéias e crenças dominantes. Por que os publicitários mudaram assim o teor das imagens? Que tipo de idéias esses profissionais adquiriram nas faculdades de comunicações? Teriam sido suas mentalidades moldadas segundo a lógica dos “novos processos de mercantilização” ou segundo os cânones da crítica cultural, da destruição lacaniana do corpo? Emergiram eles dos bancos escolares imbuídos da “lógica do lucro” ou do ódio revolucionário à sociedade, à cultura, a tudo quanto existe? O prof. Safatle deveria conhecer melhor seus próprios alunos. Se há uma coisa óbvia neste mundo é que poucas classes odeiam o capitalismo tanto quanto o proletariado elegante da indústria cultural. Então, das duas uma: ou esses infelizes foram obrigados por astutos patrões a abdicar da pureza da sua crítica e a transformá-la em instrumento de dominação capitalista, ou, ao contrário, a mudança assinalada pelo prof. Safatle reflete exatamente o oposto do que ele diz – em vez da malícia capitalista que instrumentaliza a destruição, é a destruição que se apodera dos instrumentos da cultura de massas para impor-se como padrão dominante a toda sociedade.

Aqui observa-se o mesmo fenômeno de delírio autoprojetivo que já assinalei em Pierre Bourdieu (v.http://www.olavodecarvalho.org/semana/090204dc.html ehttp://www.olavodecarvalho.org/semana/090212dc.html): para que os capitalistas dominassem hegemonicamente a crítica cultural ao ponto de poder neutralizá-la por uma estratégia como a sugerida pelo prof. Safatle, seria preciso que, em cima da classe dos revoltados produtores culturais, houvesse uma outra classe intelectual mais esperta ainda que, a serviço do capitalismo, escravizasse sutilmente essas pobres vítimas, obrigando-as a trabalhar pelo contrário do que desejam, fomentando a economia em vez da destruição. Para isso, seria necessário que esta classe de super-intelectuais tomasse a totalidade da crítica cultural como objeto de análise, produzindo uma bibliografia científica pelo menos tão vasta quanto ela mesma, acrescida de complexos planos estratégicos para o seu aproveitamento inverso. Em vão o prof. Safatle procurará na bibliografia acadêmica ou em qualquer outra parte do universo os sinais de estudos dessa natureza. Essa coisa simplesmente não existe. O que existe, sim, é uma biblioteca mastodôntica de “estudos culturais” com ataques furibundos à cultura do capitalismo – e, evidentemente, aos estereótipos mercantis de beleza corporal. Então, das duas uma: ou o gênio maligno do capitalismo produziu toda essa estratégia e a colocou em ação de maneira totalmente imaterial e invisível, por meios telepáticos, sem precisar de estudos, de análises, de planejamentos estratégicos ou de qualquer outro recurso usual nas ações sociais, ou então o fenômeno de mercantilização da revolta tal como o prof. Safatle o descreve simplesmente não aconteceu.

O que aconteceu, em vez disso, foi que milhares ou milhões de estudantes universitários intoxicados de crítica cultural, de frankfurtismo e de lacanismo saíram da faculdade, ocuparam os postos altos e baixos da indústria publicitária e aí injetaram sua ideologia da destruição. O próprio prof. Safatle, embora não seja profissionalmente um homem de publicidade, é um estudioso da área e portanto faz parte dessa classe. Ele mesmo foi um dos agentes do processo. Não é a imagem do corpo que é sempre dos outros: é a culpa pelas ações dos intelectuais enragés.
A pretensa análise que o prof. Safatle faz das transformações da publicidade é um exemplo claro de paralaxe cognitiva – deslocamento entre o eixo da construção teórica e o eixo da experiência real – levada ao extremo da inversão total de sujeito e objeto, na qual uma classe agente e militante atribui suas próprias ações mais óbvias à autoria da entidade genérica e abstrata que ela imagina combater: o “capitalismo tardio”.

Como é exatamente a prática reiterada e obsessiva dessa inversão que o prof. Safatle ensina a seus alunos na USP, não espanta que, quando eles se põem a quebrar tudo e a atemorizar seus colegas, ele os veja como empenhados na mais alta e nobre das ocupações humanas, sem declarar – já que está escrevendo para um público de fora do grêmio – que essa ocupação é simplesmente... a destruição. Quem quer que tente impedi-los de entregar-se a essa mimosa atividade é um agente da opressão capitalista, com o agravante de nem mesmo praticá-la com a astúcia maquiavélica dos instrumentalizadores da crítica cultural, mas sim com abominável “brutalidade securitária”, porca miséria. Com exceções que desconheço se existem, o que os professores de filosofia e ciências humanas fazem na USP é simplesmente moldar as cabeças dos alunos segundo o padrão da sua própria alienação da realidade, do próprio divórcio entre suas pomposas construções verbais e sua existência concreta de sujeitos agentes. Isso não é de maneira alguma uma atividade respeitável: é uma sem-vergonhice patética.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

A relação PT-Farc: Provas reunidas.

Parabéns ao blog do ERNANI GARCIA. O Material abaixo veio de lá, com um adendo meu.

A relação PT-Farc - provas reunidas                                                                                                                            

O Verdadeiro Che Guevara: A Real Face do Monstro, Assassino e Terrorista

Parabéns ao blog O VERDADEIRO CHE GUEVARA. Tirei o material abaixo de lá.

O Verdadeiro Che Guevara - A Real Face Do Monstro Assassino Terrorist A                                                                                                                           

O caráter essencialmente esquerdista do conservadorismo moderno

DEXTRA
SEXTA-FEIRA, 4 DE FEVEREIRO DE 2011

Glenn Beck e Sarah Palin: Conservadores. Mesmo?
(Foto)


DEXTRA: Atendendo a pedidos, estamos pondo novamente no ar este ensaio (aliás, brilhante) do Lawrence Auster.

Lawrence Auster: View of the Right, 20 de julho de 2002
Tradução, foto e link*: Dextra

Como podemos ver pela recente manifestação de desprezo por parte de Peggy Noonan em relação a qualquer idéia não-ideológica de nacionalidade, como não sendo melhor do que "lama", a convicção do conservador médio americano de que os Estados Unidos não são nada além da encarnação de idéias universalistas não se desvanece com o tempo, como se poderia esperar, mas torna-se cada vez mais dogmática e inegociável. Ao adotarem com tamanho fervor o proposicionalismo, o conservadorismo moderno mais uma vez revela o seu caráter essencialmente liberal/esquerdista.
Como já se apontou muitas vezes, o conservadorismo moderno consiste, em larga medida, em queixas a respeito das consequências de premissas esquerdistas que os próprios conservadores adotam. Assim, eles se queixam da correção política, embora se recusem a ver que o politicamente correto é uma consequência lógica da crença na igualdade não-discriminatória, que os próprios conservadores apoiam. Assim, eles se queixam dos muçulmanos anti-ocidentais entre nós, embora se recusem a questionar a política de imigração que trouxe estes muçulmanos para cá. Assim, eles criticam este ou aquele excesso da feminização das Forças Armadas, embora se abstenham de atacar a própria idéia de se permitir a presença de mulheres nas Forças Armadas. Na verdade, os conservadores apoiaram cada estágio desta loucura, da admissão de mulheres nas academias militares, nos anos 70; até o aumento do número de mulheres nas Forças Armadas, durante a administração Reagan, nos anos 80; o posicionamento de mulheres a bordo de navios da Marinha; e a indicação de mulheres para unidades muito próximas às de combate. Hoje, um conservador, no que toca a questão das mulheres nas Forças Armadas, é alguém que, depois de ter cedido em todos os estágios da feminização das Forças Armadas até o momento, se opõe ao posicionamento de mulheres diretamente em posições de combate.
Este é o padrão dos conservadores americanos. Eles aceitam todas as inovações esquerdistas até o presente momento e só se opõe à próxima iniciativa que a esquerda está tentando implementar. Mas assim que aquela reforma ou inovação cultural acontece, os conservadores a aceitam como um fato, põe de lado como um "extremista" qualquer um que persista em em atacá-la (ou seja, qualquer um que realmente tem princípios não-esquerdistas) e se retiram para a posição recuada seguinte. Sim, eles preferem impostos mais baixos a mais altos; sim, eles antipatizam com a ação afirmativa; sim, eles preferem uma defesa nacional mais forte a uma mais fraca e um presidente moralmente decente a um canalha traidor. Mas na maioria das questões fundamentais relacionadas à sobrevivência de nossa cultura, os conservadores aceitam as obras -- e os princípios subjacentes -- da esquerda.
Eu estou definindo a esquerda de forma ampla, como uma ideologia ou sentimento que deriva, de uma forma ou de outra, das idéias da Revolução Francesa: liberdade, igualdade, fraternidade e a idéia jacobina do estado oni-includente (nacional ou global), governando uma sociedade de indivíduos desenraizados, com todas as associações intermediárias, lealdades e fontes de autoridade social que se encontram entre o individuo e o estado -- tais como a comunidade local, a igreja, as culturas distintas, chegando por fim (no globalismo) a nações e raças inteiras -- eliminadas, de modo a dar origem a uma única ordem mundial homogênea.
Este padrão, em linhas gerais jacobino, pode tomar várias formas, algumas totalitárias, outras (inicialmente) livres, mas todas elas -- já que todas procuram impor uma única idéia igualitária ou racionalista qualquer ao mundo e assim destruir as distinções culturais existentes -- conducentes ao fim da liberdade cultural, política e individual. A esquerda marxista tradicional busca reduzir o mundo a uma única ordem homogênea, baseada na igualdade econômica. A esquerda multiculturalista busca uma ordem social baseada na "diversidade", querendo dizer, com isto, uma sociedade na qual há muitas culturas "iguais" e nenhuma cultura dominante, e na qual este padrão multicultural é imposto a todas as instituições. Os conservadores econômicos buscam uma ordem racionalizada mundial, baseada na liberdade econômica capitalista, na qual todas as nações e culturas particulares desaparecerão uma a uma. Os neoconservadores moralistas (um grupo que vai se tornando menos relevante, à medida em que cada vez mais aqueles entre seus membros cedem à cultura nihilista dominante da "boemia burguesa”) buscam uma ordem mundial baseada nos valores familiares, no capitalismo democrático e no multiracialismo, na qual culturas e povos distintos terão desaparecido. (Os neoconservadores morais imaginam que a sociedade pode manter um consenso moral na ausência de qualquer identidade etno-cultural, história e lealdade compartilhadas, simplesmente com base em uma adesão compartilhada a "idéias" -- uma fórmula mais jacobina do que qualquer outra que já houve.) Até mesmo os mais destacados conservadores cristãos, do Papa João Paulo II a grupos evangélicos como a Christian Coalition e os Promise Keepers [Guardiões da Promessa], fizeram das fronteiras abertas e do amalgamento racial cruzadas morais suas.
Então, os vários tipos de conservadores têm ideologias que podem ser descritas, de diferentes formas, como neo-jacobinas. Os conservadores de hoje são a asa direita da mesma revolução da qual a esquerda é a asa esquerda. A revolução precisa de ambas.

A falta de fundamentalismo islâmico

MISES BRASIL
sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

por Fernando Ulrich



ulrich1.jpgO mundo assiste atentamente enquanto milhares de egípcios tomam as ruas da capital exigindo amplas reformas e, principalmente, que Hosni Mubarak renuncie a seu posto de quase 30 anos na presidência do país.  Entusiasmados pela recente destituição do poder do ditador tunisiano, mas, acima de tudo, cansados de um governo opressivo e corrupto, de condições econômicas precárias e de pouca perspectiva de um futuro melhor, cidadãos egípcios parecem ter atingido o limite da tolerância.

Para entender a causa dos recentes protestos observados na cidade do Cairo, não é essencial ser um estudioso geopolítico.  O domínio dos fundamentos de economia e teoria monetária já servirá de base para entender boa parte das causas principais por trás do ambiente político instável visível em boa parte do Oriente Médio.

Logicamente, um bom conhecimento dos fatos históricos, bem como de política internacional, ajudarão na compreensão dos recentes eventos em específico e da situação política em geral, em grande parte do mundo.

Situação política no Oriente Médio

O Egito tem sido, nas últimas décadas, conjuntamente com Israel, um dos maiores recebedores de ajuda econômica e militar dos Estados Unidos, o chamado foreign aid.  A lógica da política externa americana empregada é simples: já que o apoio incondicional ao estado de Israel é inegociável, uma das formas mais fáceis de garantir um ambiente menos hostil ao estado judeu é subornando e apoiando militarmente governos ilegítimos. A inda que possivelmente tais líderes não aprovem o estado de Israel, a ajuda externa assegura "aliados estratégicos" no Oriente Médio a tolerar os excessos do governo israelita, contanto que a permanência destes no poder seja, em contrapartida, apoiada política, econômica e militarmente pelos EUA.[1]

No Oriente Médio, somente o Egito e a Jordânia reconhecem e possuem relações diplomáticas com o estado de Israel.  A Arábia Saudita, apesar de sua posição anti-Israel, adota uma política de "boa vizinhança", logicamente abençoada pela presença militar americana na península arábica.  Esta é a situação da maioria dos países nesta região, alguns em maior ou menor medida, onde os EUA mantêm — quando não instituem um "fantoche" seu — déspotas que governam com mão de ferro uma população majoritariamente muçulmana.  Em tais países, a opressão é visível, a dissidência é calada, o mercantilismo é louvado e a democracia é inexistente.  Adicione na receita reservas de petróleo e gás e obtemos regimes autocráticos com nocivo poderio econômico.

Desgraçadamente, as ações dos Estados Unidos no Oriente Médio falam muito mais alto do que as belas palavras e promessas de seus presidentes.  Na visão do mundo islâmico, democracia, liberdade e prosperidade são termos vazios e sem sentido quando proferidos por autoridades americanas.  A realidade nunca esteve tão distante do discurso.

Esta é a situação na maioria das ditaduras ou monarquias, xerifados etc. no Oriente Médio, líderes subservientes aos interesses dos EUA e lamentavelmente alheios aos interesses de seus cidadãos.

Situação econômica no Oriente Médio

Apesar de as questões políticas serem de extrema importância e somarem-se ao sofrimento de um povo oprimido, a situação econômica é o fator definitivo e determinante, capaz de unir e motivar um povo a revoltar-se e a lutar por mudanças drásticas e imediatas.

Poucas pessoas têm aspirações políticas.  Algumas não dariam a vida por liberdade de expressão; mas certamente todas lutariam pela própria sobrevivência.  Nem todas almejam riqueza material.  Mas ninguém consegue viver sem poder alimentar a si e a própria família.

A inflação estimada no Egito em 2009 foi de 11,9%, e de 12,8% em 2010.  Ademais, o nível de desempregados se encontra na faixa dos 10%.  Analisando outros países muçulmanos, o quadro verificado se torna uma tendência.  Na Tunísia, estima-se que 14% da população esteja desocupada.  Já na Arábia Saudita, este índice encontra-se em aproximadamente 11%.  E a lista segue com 13,4% na Jordânia, e Irã com 14,6% de cidadãos sem um emprego.[2]

Grande parte dos muçulmanos acaba, infelizmente, culpando a influência perniciosa dos EUA tanto por sua situação política quanto econômica.  No entanto, esta é consequência das políticas adotadas por seus próprios governos.  Concentrar-se a repudiar o imperialismo americano não trará prosperidade.  É necessário repudiar as prejudiciais políticas socialistas que abundam nestas nações.

Recentemente, a revista inglesa The Economist publicou um artigo sobre a mudança gradual no estado sírio, de uma economia centralmente planejada a uma orientada ao livre mercado.  O artigo enfoca justamente as políticas que levarão a Síria a deixar de ser uma economia socialista planejada e transformar-se em uma de "mercado social"[?], o que significa reduzir vastos subsídios que vão desde eletricidade e combustível até água, alimentos e transporte.

Políticas econômicas ruins não são uma imposição imperialista americana; são escolhas do próprio governo, democrático ou não.  Em última instância, é a liberdade econômica que definirá a derrocada de qualquer regime de governo, seja no Oriente Médio ou em qualquer lugar do mundo.  O barril de pólvora desta região está repleto de falta de liberdade política, da prejudicial política externa americana, de opressão, de corrupção, de desemprego e de inflação.  Alguém terá de ceder.

Padrão-ouro: limite aos governos

O atual arranjo monetário mundial permite que países inclinados a uma alta dose de intervenção estatal ponham em prática seus planos ambiciosos sem necessidade de muita cautela.  Em outras palavras, governos socialistas, social-democratas e afins gozam de financiamento quase ilimitado devido ao sistema monetário vigente: moedas fiduciárias com banca de reserva fracionária.  É este sistema que possibilita as aspirações de qualquer governo — sejam elas bem intencionadas ou não, sejam seus governantes genuinamente benevolentes ou não.

O padrão-ouro impõe limites.  Simples assim.

O padrão-ouro com 100% de reservas impõe ainda mais limites.

Para os suspeitos usuais, este é seu maior defeito.  Para qualquer defensor da liberdade individual, sua mais sagrada qualidade.

Entretanto, os limites não são impostos ao desenvolvimento econômico, mas sim à expansão governamental.  Desenvolvimento econômico se obtém através do livre mercado.  Expansão governamental se obtém através da supressão do mesmo.

Governos são limitados por sua capacidade de taxar seus cidadãos e endividar-se.  Impostos em demasia inviabilizarão que a economia se desenvolva, expropriando recursos da iniciativa privada.  Alto endividamento priva o setor privado da poupança necessária à acumulação de capital e do consequente crescimento econômico que ela gera.

Um indivíduo, uma família ou uma empresa não podem gastar mais do que ganham, endividando-se indefinidamente.  Cedo ou tarde chegará o inevitável dia de ou declarar falência ou reestruturar a dívida, retornando a uma atividade sustentável — isto é, viver com os seus próprios meios.

Por mais que teoria macroeconômica mainstream não o reconheça, governos também são regidos pela mesma regra, do império Romano ao governo dos EUA, sem exceção.  Seja qual for a justificativa — estado do bem estar, justiça social, guerras ou obras faraônicas —, tal restrição foi sempre um incômodo à expansão dos governos e suas ambições.

O primeiro passo foi monopolizar a emissão, ou cunhagem, de moeda.  Tal monopólio permitiu aos governos falsificarem moeda diluindo a quantidade de ouro ou prata contida nelas, mas mantendo a denominação inalterada, e logo criando leis de curso forçado que obrigavam os cidadãos a aceitarem essa moeda adulterada.  Logo, com a evolução da atividade dos depósitos bancários, vieram os substitutos de dinheiro, como certificados de depósitos e notas de banco.  Em pouco tempo, o sistema bancário passava a utilizar um coeficiente de reservas abaixo do necessário para honrar 100% dos depósitos à vista.  E assim nascia o sistema de reservas fracionárias.

A instabilidade e a insolvência de tal sistema levaram governos a conceder privilégios ao setor bancário, em que os bancos eram eximidos de sua obrigação contratual de resgatar em espécie seus certificados ou notas emitidas.  Crise após crise, e o instável sistema bancário clamava cada vez mais por uma entidade que pudesse salvá-los em momentos de apuros, um banco dos bancos.

Surgia então a figura do banco central, uma entidade capaz de orquestrar a expansão de depósitos do sistema bancário (inflação) e de ser prestador de última instância.  O objetivo último era impedir que crises bancárias se formassem.

Desde os primórdios, o fraudulento sistema monetário em que vivemos contou com a anuência dos governos, pois a expansão monetária em larga escala acabava por acomodar os crescentes gastos públicos, seja por meio de impressão direta de dinheiro por bancos públicos e/ou banco central, ou via compra de títulos soberanos pelo sistema bancário.  Em ambos os casos, o resultado em nada se difere: possibilita a expansão governamental.

A disciplina imposta pelo padrão-ouro com 100% de reservas consiste no fato de que, neste sistema, não se pode mascarar e/ou manipular o nível de poupança disponível para investimentos e/ou financiamento do gasto público.  Tampouco é possível criar moedas de ouro do nada para honrar compromissos correntes.  Exatamente o oposto é verdadeiro para o sistema de moeda fiduciária com reservas fracionárias.  No sistema monetário moderno, basta apertar alguns botões para magicamente criar a quantidade de dinheiro necessária a satisfazer as extravagâncias públicas, haja poupança ou não.  O emaranhado de dívida em que vivemos é conseqüência direta da criação ex nihilo de dinheiro.

Nos dias atuais, o dinheiro, o setor bancário e o governo formam uma simbiose tão harmônica e obscura, que nem mesmo especialistas da área financeira e econômica sabem o conceito real de dinheiro e sua fundamental função na sociedade.  Até mesmo o atual governador do Banco Central da Inglaterra, Mervyn King, admite que "de todas as várias formas de organizar o sistema bancário, a pior é a que temos hoje".[3]

Um sistema monetário de livre mercado amparado pelos princípios tradicionais do direito evidencia a impossibilidade de sonhos socialistas.  A inflação mascara temporariamente esta verdade.  Durante este tempo, redistribui-se riqueza daqueles que produzem aos parasitas que tudo sugam.

O sistema monetário Islâmico

Infelizmente, egípcios e tunisianos, bem como outras nações do Oriente Médio, correm o risco de seus novos governos não serem islâmicos o suficiente.  Provavelmente serão islâmicos para condenar a decadência moral do Ocidente, para protestar contra o apoio incondicional dos Estados Unidos a Israel e para repudiar a cultura imperialista e consumista americana.  Mas não serão islâmicos o suficiente para adotar um sistema monetário lastreado em ouro com 100% de reservas, seguindo os preceitos de seu código legal, a shariah.

Sim, o Islã condena o uso de reservas fracionárias.[4]

Qualquer empresário sabe que precisa honrar seus compromissos, pagar suas contas, devolver seus empréstimos, produzir e entregar seus produtos.  Senão estará em apuros. Um banco não.  Um banco é legalmente permitido a operar fora da lei.  Confuso?  Pois esta é a realidade de nosso sistema bancário.  O que para qualquer empresa constitui fraude e crime é perfeitamente permitido a uma instituição bancária.  A perversidade deste sistema, bem como sua faceta fraudulenta, foi desde cedo identificada pelo Islã.

Em um excelente discurso de 1998, no qual urgia pela volta da moeda de ouro dinar[5], Dean Ahmad[6] lembra que "muçulmanos não podem ignorar o fato de que o ouro é o nosso dinheiro.  Mesmo que finjamos que não seja, continuamos a usá-lo para o cálculo do nisâb[7]. Ao invés de lutar contra a vontade de Alá, proponho que o aceitemos".

Naquele ano, a então recente crise financeira asiática ainda preocupava o mundo. Dean Ahmad oportunamente recorda que "não foram os especuladores os causadores da crise na Malásia, mas sim a política monetária harâm[8] que fez do ringgit uma moeda não confiável".  Dean Ahmad segue:
Desde os tempos de Maomé, o ouro e a prata serviam a função de dinheiro, e assim continuou por mais de 400 anos.  O ouro é a commodity monetária natural que Alá nos forneceu para uma política monetária imparcial e livre de manipulações arbitrárias e de interesses próprios de bancos centrais e políticos. 
A dificuldade em torno do ajuste da oferta monetária é natural e controlada por Deus.  Moedas flexíveis (papel, etc.) são todas muito sujeitas a manipulações de governos interessados em financiar déficits ou de banqueiros buscando um incremento de sua receita de juros através das reservas fracionárias. 
A base para seguir nossa herança islâmica em tais questões é tanto moral quanto utilitarista.  As dificuldades de se encontrar uma política monetária eficaz e segura são obviadas no Islã pelo regime monetário do dinar.

Uma proposta de reforma

Egípcios e tunisianos têm uma oportunidade única.  Democracia per se não é capaz de limitar a expansão de um governo e trazer prosperidade.  Ouro per se tampouco garante esta.  No entanto, a disciplina que ele impõe aos governos faz do metal uma via muito mais fiável no caminho da prosperidade.  Ademais, impede o avanço desordenado e prejudicial de um sistema bancário inerentemente instável.

Curiosamente, na questão monetária, há, nos dias de hoje, uma total falta de fundamentalismo islâmico.  Muçulmanos precisam seguir os ensinamentos de seu profeta e as tradições de sua história.  O povo deve exigir que seus governos abdiquem deste fraudulento sistema monetário e abracem de fato os preceitos do Islã.

Se democracia é o pior sistema à exceção de todos os outros, que pelo menos seus efeitos sejam limitados por um regime monetário condizente com a natureza humana, isto é, de livre mercado.

__________________________________

Notas

[1]
 A opinião do autor com relação à política externa americana (e de qualquer país) é aquela defendida pelo congressista Ron Paul, baseada nas idéias de Thomas Jefferson: "Paz, comércio e amizade honesta com todas as nações, sem nos entrelaçarmos em alianças com nenhuma".  Assim como Ron Paul, consideramos a visão de Michael Scheuer extremamente acurada, no sentido de que a política externa dos EUA traz consequências não intencionadas, o chamado blowback.  Discordo dos autores que consideram o petróleo como o ponto chave da região.  A questão crucial é o apoio incondicional garantido ao estado de Israel, o que no longo prazo é prejudicial tanto para a segurança americana quanto para este estado a que se pretende proteger.

[2]
 Outros países islâmicos apresentam uma situação ainda mais precária.  No entanto, isso implicaria analisar fatores que estão fora do escopo deste artigo.  Dentre estes: Palestina, a qual sofre uma brutal opressão exercida pelo estado de Israel; Afeganistão, Iraque e Paquistão, países ainda envolvidos em uma guerra sem fim.  Até certo ponto poderíamos incluir o Irã, por sofrer sanções econômicas que certamente prejudicam o seu desenvolvimento, mas que considero não ser fundamental para a atual situação econômica iraniana.

[3]
 Discurso de Mervyn King no Buttonwood Gathering, Nova York, 25 de Outubro de 2010: "Of all the many ways of organising banking, the worst is the one we have today".

[4]
 Ayub, Muhammad, Understanding Islamic Finance, 2007, John Wiley & Sons Ltd: Chichester,England.

[5]
 Tanto o ouro dinar quanto a prata dirham são moedas antigas do mundo Islâmico.  Entretanto, há um movimento crescente visando reintroduzir tais moedas em circulação com o intuito de obter um sistema monetário lastreado em um dinheiro commodity.  Na Malásia, os estados de Kelantan e Perak já ou introduziram ou anunciaram a intenção de introduzir estas moedas no mercado.

[6]
 Discurso proferido por Imad-ad-Dean Ahmad na American Muslim Social Scientists em Chicago, no dia 30 de Outubro de 1998.  Dean Ahmad é um estudioso palestino-americano e presidente doMinaret of Freedom Institute, um think-tank libertário muçulmano. http://www.minaret.org/OLD/MONETARY.HTM

[7]
 Zakat, um dos pilares do Islã, é uma contribuição aos pobres e/ou necessitados. O Zakat é obrigatório quando a riqueza de uma pessoa ultrapassa certo valor, chamado nisâb, o qual foi estipulado em 20 dinars de ouro (90,8g de ouro) ou 200 dirhams de prata (594g de prata).  De acordo com o Islã, o Zakat deve ser pago com dinheiro honesto ou algo material, e não com "uma promessa de pagamento" — daí o uso de ouro e prata.  A lei Islâmica não permite o uso de uma "promessa de pagamento" como meio de troca.  É interessante lembrar que, assim como o dólar, a libra etc., tanto dinar ou dirham são usados como nomes de papel-moeda.  Dinar é utilizado no Bahrain, na Jordânia, no Kuwait e na Tunísia, enquanto o dirham foi adotado como nome para a o dinheiro emitido no Marrocos e nos Emirados Árabes.  No entanto, hoje em dia são apenas nomes, e não apresentam nenhuma semelhança com as moedas de ouro dinar e prata dirham.

[8]
 Harâm é o termo arábico utilizado para designar algo ilegal, proibido, não permitido ou banido.  É o oposto de Halal.


Fernando Ulrich formado em administração de empresas pela PUC-RS, concluiu em julho de 2010 o programa de mestrado em economia austríaca comandado por Jesús Huerta de Soto em Madri, Espanha.  Atualmente trabalha no mercado financeiro. Mande-lhe um e-mail.

Russian mob trading arms for cocaine with Colombia rebels. Huge smuggling ring — an MSNBC.com exclusive.

MSNBC

Nota: matéria do ano 2000

By Sue Lackey with Michael Moran

msnbc.com

Editor's note: In spite of widespread denials from Colombian officials throughout the summer of 2000, events in Peru later confirmed MSNBC.com's story, ultimately bringing down the government of Peruvian President Fujimori. Here is the original story:

WASHINGTON, April 9, 2000 — Russian crime syndicates and military officers are supplying sophisticated weapons to Colombian rebels in return for huge shipments of cocaine, U.S. intelligence officials told MSNBC.com. A senior intelligence official described the smuggling ring as “literally an industry” that threatens to overwhelm the Colombian government and turn the U.S.-backed fight against the Colombia cocaine cartels into a losing proposition.

The Clinton administration is trying to escalate the long-running war on Colombia’s cocaine cartels, and a $1.7 billion aid package to the South American nation is under consideration in Congress. U.S. intelligence officials, all of whom spoke to MSNBC.com on condition of anonymity, said the scope of the Russia-to-Colombia smuggling ring took them by surprise and remains unknown to all but a few high-ranking figures in the American government.

In short, an alliance of corrupt Russian military figures, organized crime bosses, diplomats and revolutionaries has been moving regular shipments of up to 40,000 kilograms of cocaine to the former Soviet Union in return for large shipments of deadly weaponry.

The intelligence officials said the smuggling ring works like this:

Russian-built IL-76 cargo planes take off from various airstrips in Russia and Ukraine laden with anti-aircraft missiles, small arms and ammunition.

The planes, roughly the size of Boeing 707s and a mainstay of the modern cargo industry, stop in Amman, Jordan, to refuel. There, they bypass normal Jordanian customs with the help of corrupt foreign diplomats and bribed local officials.

After crossing the Atlantic, the cargo jets use remote landing strips or parachute air-drops to deliver their cargo to the Revolutionary Armed Forces of Colombia, or FARC. The guerrilla group is challenging the authority of the U.S.-backed Colombian government, and its guerrillas provide security to Colombia’s cocaine cartels.

The planes return loaded with up to 40,000 kilograms of cocaine. Some of this is distributed as payment for the arms to the diplomatic middlemen in Amman. The rest is flown back to the former Soviet Union for sale there, in Europe and in the Persian Gulf.

CORRUPT DIPLOMATS

Officials close to the investigation cited intelligence intercepts that show the IL-76 cargo planes use Royal Jordanian Airlines cargo facilities in Amman, where airline officials are bribed to ignore false cargo manifests. While in Amman, the planes are cleared for transit under diplomatic cover originating from a Spanish-speaking embassy in Amman, according to U.S. intelligence officials. The officials refused to specify which embassy was involved. The officials noted there are two Spanish speaking embassies in Amman - Spain and Chile. A third, that of Portuguese-speaking Brazil, often conducts business in Spanish.

InsertArt(891846)“They’re using diplomatic authority to get that stuff in,” said a senior U.S. intelligence official close to the investigation. “If they’re not using a [diplomatic] pouch, they’re using diplomatic authority to clear the shipment. This is a big operation. There are a lot of people involved - it’s literally an industry.”

The Spanish-speaking embassy official in Jordan, whom the intelligence officials would not identify by name, has the power to clear diplomatic shipments and may also be able to authorize embassy funds when additional money is needed to move the shipments through Amman. Still, while the embassy contact may have a high rank, intelligence sources said they do not think the scheme is operating with the knowledge of the country involved or Jordan’s government.

REBELS AND CARTELS

Once the plane has refueled in Amman, officials said, it then proceeds from Jordan to various landing strips throughout South America, where shipments are coordinated by a renegade Peruvian military officer.

A senior U.S. intelligence source has identified by name three men alleged to be directly involved in those shipments. Luiz Fernando Da Costa, working under the alias Fernandinho Beira-Mar, is one of Brazil’s most wanted narco-traffickers. For the past four years, Da Costa has used the town of Pedro Juan Caballero in Paraguay as his base of operations. According to U.S. intelligence, Da Costa runs arms received from Fuad Jamil, a Lebanese businessman operating in the same Paraguayan town. The official said Jamil uses a legitimate import company as a front.

While most of the weaponry goes directly to FARC, a smaller amount is parceled off to other guerrilla groups. Among them is Hezbollah, the Iranian-backed movement best known for its guerrilla activities in southern Lebanon. U.S. intelligence officials say the group has set down roots among the Arab immigrant communities of Paraguay, Ecuador, Venezuela and Brazil and frequently uses legitimate business operations to cover illegal arms transfers.

Within Colombia, arms deliveries to rebel guerrillas are coordinated through the town of Barranco Minas, the headquarters for the FARC’s 16th Front. The 16th Front is lead by Tomas Medina Caracas, who operates the arms ring under the alias Negro Acacio.

PAYING OFF THE SMUGGLERS

The FARC rebels, who control the distribution of the arms, pay the smugglers with cocaine. The drug is then loaded onto the planes for the return journey through Amman. Hundreds of thousands of kilos of cocaine have been smuggled over the last two years.

Colombian government troops carry an injured guerrilla from the Revolutionary Armed Forces of Colombia (FARC).

According to drug enforcement officials, cocaine can bring more than $50,000 per kilo in Europe. The involvement of Russian organized crime in its smuggling is well established, and the most common gateway is Spain, where European drug enforcement officials say the bulk of Colombian cocaine and heroin enters the continent. Intelligence officials confirmed that because of Spain’s pivotal role in the European drug trade, their suspicions in Amman focus on Spain’s embassy.

Some of the cocaine is delivered under diplomatic cover to intermediaries in Jordan, where it finds its way onto the streets. The majority of the cocaine shipment continues on to Russia and Ukraine, where it feeds the growing appetite for the drug, or is sold in other lucrative markets in Europe and the Persian Gulf.

A POWERFUL UNDERGROUND ALLIANCE

The smuggling ring brings together two powerful and destabilizing forces that have become key targets of U.S. foreign policy: the deep-seated corruption of the former Soviet states and Colombia’s spiral toward drug-induced anarchy. For Russia and Ukraine, billions of dollars in International Monetary Fund, World Bank and direct aid is at stake. Scandals over the alleged misuse of such loans already have sparked investigations in the U.S. Congress.

For Colombia’s backers in the United States and advocates of increased U.S. aid, the revelations are particularly ill-timed. Congress is considering a $1.7 billion drug-interdiction aid package for Colombia, including sophisticated Blackhawk helicopters. Among the weapons being supplied to FARC, intelligence officials said, are rocket-propelled grenade launchers (RPGs) and Russian SA-model shoulder-mounted anti-aircraft weapons similar to the U.S. Stinger missiles.

As U.S. soldiers learned in Somalia, both RPGs and missile launchers can bring down a Blackhawk helicopter, even in the untrained hands of rebel armies.

”[The guerrillas] get the RPG to explode in the vicinity of the tail rotor, which gives the helicopter its horizontal stability,” said a U.S. Army official. “All that has to happen is for the tail rotor to become a bit unbalanced or for a hydraulic line to be cut, and that helicopter is coming down. It takes good aim and cases full of RPGs, but it’s been done many times.”

WELL-ESTABLISHED NETWORK

U.S. intelligence officials say the arms-for-drugs ring has been operational for two years. MSNBC.com first broke the story of large arms shipments to FARC rebels last October, and it was that shipment that drew the attention of U.S. intelligence agencies to what they eventually concluded was a major trafficking ring. That single drop last October was said by U.S. intelligence officials to have delivered $50 million worth of AK-47s deep inside FARC-held territory. U.S. authorities ultimately apprehended one of the traffickers, the officials said.

Since that time, the intelligence officials said, arms traffickers have refined their operation. While the IL-76 is designed to drop large loads by parachute, that method requires favorable weather and specially trained flight crews. After repeated problems with air drops, traffickers seek to avoid detection by using a variety of existing runways where they can bribe officials to allow the cargo in. The IL-76 also is capable of landing at rough, remote landing strips.

The size of the cargo is staggering; the IL-76 is used to transport troops, arms and tanks for the Russian military. In one hour, a trained ground crew can unload, refuel and reload a plane bearing 90,000 pounds of cargo, U.S. military officials say. That’s equivalent to 5,400 rifles and 360,000 rounds of ammunition, along with shoulder-held missiles and RPGs.

RUSSIA, FROM RED TO GRAY

The scale of the smuggling underscores the enormous challenge that law enforcement authorities face in the former Soviet Union, where Soviet-era intelligence operatives in many cases made a seamless transition from Cold War spying or military intelligence into organized crime. “The source of the weapons [smuggled into Colombia] is both organized crime and military,” a U.S. intelligence official said. “There is a tremendous gray area between the two in Russia and the Ukraine.”

After the fall of the Berlin Wall, many KGB and other Soviet security agents appropriated bank accounts, companies and contacts used for covert operations, and turned them instead into conduits for their own organized crime activities, including arms and drug trafficking.

MSNBC 2000